Capítulo 10 - Alexia

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Por incrível que pareça naquela noite tinha dormido bem. Havia acordado uma hora antes do despertador. Não estava com sono. Aproveitei pra revisar a matéria. Não conseguia me concentrar muito bem. Eu tinha facilidade pra pegar matéria. Pra aprender. Minhas notas não podiam abaixar senão minha mãe ia perceber. Estava me forçando ao máximo. Pelo menos era matemática. Tiraria duvidas com o Flavão mais tarde, se houvesse. Acabei de fazer os exercícios. Tomei banho. Coloquei meu uniforme. Fui pra escola. Tudo normal. Todas as meninas estavam juntas. Sentei do lado da Carol, em frente à Sarah e a Isabella que estavam sentados do lado da outra. Não pude parar de reparar os olhares delas sobre mim. Fingi não me importar e continuei falando com a Carol sobre o último episódio de Pretty Little Liars. Eu gostava do mundo das séries e como tudo dava certo no final. A vida real era bem pior. Por isso eu gostava de dar umas fugidas da realidade com filmes, séries, músicas. Era a minha rota de fuga. Agora, depois do par doce de olhos verdes. O sinal tocou. Subimos pra sala. Sentei de novo do lado da Carol. A Isabella atrás de mim. A Nicole do lado da Isabella. A Sarah do lado da Carol. Mais ou menos como sempre fazíamos. Guerras. Leis. Tabela periódica. Descemos para o intervalo. A Isabella tentou falar comigo. Não dei ouvidos. Levantei da mesa e fui pra fila da cantina comprar um lanche. Meu estômago estava doendo. Não tinha tomado café e por ser metade comedora de carne humana, meu organismo pedia mais comida que das demais pessoas. Depois que terminei de comer o sinal tocou. Subi pra sala. As meninas já estavam todas ali. Fui sentar na minha mesa. O Flavão já estava dentro da sala.

-Oi Alexia! -disse o professor
-Oi! -falei dando um sorriso sincero-
-Sente-se. -Sentei-me e vir-me-ei pra Carol.

-O tempo agora não era do -ela não me deixou terminar-
-Thiago? Era. Eles trocaram.
-tendi... -Me virei para o professor que estava pedindo o silêncio da turma.

-Turminha... Por favor... Só um idiota falando.

Não consegui conter o sorriso. Ele conseguia me fazer rir. Mesmo assim não era o Miguel. Não fazia meu coração acelerar como se quisesse sair pela minha boca. Também não deixava minhas pernas bambas. Ouvi um sussurro atrás de mim.

-Se quiser ser forte, ache seu ponto fraco, por quem lutaria. Por quem largaria tudo.

Olhei pra trás e já sabia de quem era a voz. Sarah. A garota estava me dando dicas de como ser mais forte? O que será que ela tava pretendendo comigo?

Flavão começou a passar os exercícios e eu viajei na matéria. De novo. Não podia continuar desfocada assim. Tinha de me concentrar nas coisas. Nas pessoas. Além do Miguel. Além de lobos. Vampiros.

-Me encontra lá embaixo na hora da saída. -sussurrei. Como a Isabella não estava prestando atenção, não ativara sua audição apurada e não conseguira ouvir. A Sarah balançou a cabeça em sinal positivo. Tive um pressentimento. Tudo ia mudar a partir dali.


Cheguei ao banheiro que era onde eu sabia que podia encontrar a Sarah. Ficamos ali por algum tempo até ele ficar vazio. Havia pouquíssimas pessoas na escola. Olhei pra Sarah e ela entendeu. Abrimos as portas dos banheiros uma a uma até nos certificarmos de que não tinha ninguém mesmo ali. Uma intrusa ou intruso.

-Então... O que você quer? -eu ainda estava arisca.
-Eu sei de tudo.
-E o que vai fazer garota? Eu posso te matar. -Ela deu uma gargalhada horripilante. Arrepiou-me. Fiquei com medo por um instante.

-Você não poderia me matar nem se quisesse ou tivesse coragem, o que cai em nós, você não tem.
-É o que? -dei um passo em sua direção com um olhar desafiador, mas ela pareceu não temer em nada
-Me encontra no auditório daqui a pouco. Preciso falar com uma pessoa antes. -Eu não sabia quem era. Algo me dizia que eu tinha que ir. Ainda tinha aquele pressentimento estranho. Olhei-me no espelho. Falei meu nome. Não parecia mais fazer sentido pra mim. Eu já não era a menina de dias atrás e estava mudando cada vez mais. Talvez agora tivesse coragem de matar. Mataria por uma pessoa, e sabia quem.


Cheguei no auditório. Estava escuro. Pressionei meus olhos. Ativei a minha visão noturna. Precisava dela. Quando abri meus olhos podia ver perfeitamente. Tinha uma menina ali. Não parecia ser Sarah. Pressionei mais meus olhos. Era Isabella. Ela vinha andando em minha direção.

-Você não pode confiar nela. -ela falou.
-Eu confio em quem eu quiser. -debati
-Não nela.
-Não é ela que mata pessoas aqui.
-Você vem comigo agora. -Ela segurou meu braço. Sarah entrou na sala e viu a cena.

-Me solta sua louca. -falei
-O que esta acontecendo aqui? -Sarah falou com uma cara de raiva

-Essa louca que está me segurando. -usei minha força para soltar-me da Isabella, mas não deu certo. Ela era muito forte.
-Solta ela agora. -Sarah gritou
-Eu não sou sua cachorrinha pra te obedecer garota, fica na sua.
-Eu estou mandando poha. Solta ela. -o olhar de ambas era completamente desafiador, como se ambas se odiassem.
-Eu faço o que eu quiser. -Eu vi os olhos da Isabella se acenderem. Ela tinha me soltado e ido com toda sua raiva sobrenatural pra cima de Sarah. Temi pela vida da garota. Ia intervir.
-Fique. -Ela me disse. Fiquei parada. Não ia intervir. Parecia que a Sarah sabia mesmo o que estava fazendo. Ela levantou as mãos em direção à cabeça da Isabella. Fechou seus olhos e pouco tempo depois pude ver a loba cair no chão grunhindo de dor.
-É tão fácil fritar seu cérebro garota.
-Você me paga. -Isabella falou gemendo de dor.
-Vou esperar sentada. -A Sarah levantou seus braços e jogou o corpo da Isabella longe. Ela estava desacordada.
-O que você é? -falei boquiaberta.
-Uma bruxa. E posso te ajudar.

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Destinadas (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora