Capítulo 22 - Alexia

280 9 0
                                    


Cheguei à escola um pouco mais tarde que o horário normal. Pude sentir a falta de Nicole e Caroline. Ambas haviam faltado. O sinal já havia tocado e segui direto para a sala de aula. Sarah estava sentada na última carteira da Sala com cara de sono, como se tivesse tido toda sua energia consumida. Seu cabelo estava opaco e suas olheiras sobressaltavam em sua pele pálida.

-Que houve com você? -Ela cochichou algo, mas não entendi.

-Oi?

Ela pegou um papel e ao me passar observei um desenho mal feito de uma cruz com um colar em cima. Assenti com a cabeça. Não sabia que a magia podia consumi-la tanto assim.

-Você está bem?

Ela fitou a Isabella por alguns instantes e virou-se pra mim após notar que a lobinha tinha percebido.

-Vou ficar.

Notei a expressão no rosto de Isabella, sabia que ela tinha ouvido. Sarah mantinha um sorriso malicioso apesar de sua face cansada e por um momento, eu desejei sumir de tudo aquilo. O professor entrou na sala. Pude notar que ele também tinha uma cara cansada, era como se todos tivessem sido consumidos.

-Boa tarde professor. -Nathan era o aluno mais puxa saco da turma e sempre cumprimentava os professores.
-Bom dia. -respondeu Flavão.

Há umas semanas atrás eu ficaria feliz de tê-lo ali na turma, mas agora, meus sentimentos não conseguiam funcionar. Não sentia nada.

-Sarah, aconteceu alguma coisa?
-Nada.

O tom de voz dos dois era notável, como se um não suportasse o outro, eu conseguia entender o motivo, mas não conseguia odiá-lo também.

-Abrindo os cadernos galera, vamos lá.

Flavão virou-se pro quadro enquanto a Sarah fazia um sinal de faca cortando o pescoço. Sorri e fiz um gesto negativo utilizando a cabeça.

-Você quer ver?
-O que?
-Mágica.

Realmente não entendi o que ela queria dizer. Ela não podia fazer magia na frente de todos, seriamos pegas, então fiquei tranquila. Pude ver os dedos de Sarah se movendo lentamente. O estojo do Flavão caiu no chão e mais rápido do que qualquer um pudesse acompanhar o estojo voltou de volta, como se nada tivesse acontecido. Em fração de segundos. Ninguém percebeu, mas minha visão vampírica permitiu seguir o movimento, rápido até para mim.

-Foi você?
-Que derrubou sim. Que colocou de volta? Nem pensar.
-Ele é um bruxo?
-Mutante.
-Isso existe?

Estávamos cochichando, mas podíamos ver a concentração de Isabella para escutar a conversa. Sarah se aproximou de mim, pegou minha caneta e escreveu em meu caderno: "Você é uma vampira loba, acorda." Mutantes existiam e eram tão reais como vampiros.

O dia passou rápido e sem que percebêssemos estávamos no último tempo. Miguel entrou na sala. Não me importei pela primeira vez. Meu coração não bateu mais rápido. Minhas pernas não tremeram. O tempo não parou. Era clichê, mas acontecia.

-Então little girl, você ainda quer ele?
-Por vingança? Quero.
-Você sabe que consegue né?
-Como?
-Me encontra lá embaixo na hora da saída.
-Ta bom. -Sarah levantou o braço.

-Algum problema Sarah? -falou o professor
-Posso ir à enfermaria? Não estou me sentindo bem.

Era mentira, eu sabia que era mentira, mas ela estava tramando algo e eu não iria interferir.

-Claro, vai lá.

Dei um sorriso e o Miguel notou, me encarou por uns instantes e eu o encarei de volta. A turma percebeu e ele parou com o gesto. Ele se virou e anotou a matéria enquanto eu usava meu celular. Recebi uma mensagem de Isabella: "Não vai na dela que você vai se fuder", ignorei-a, ela não era mais nada pra mim. Levantei o braço e ganhei um suspiro do professor ao perceber que eu também queria sair.

Destinadas (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora