Aquilo soava estranho, mas nitidamente estimulante. Mesmo que fosse alguém fingindo ser o meu pai, aquilo atraía a minha atenção. Razões? Meu passado, é claro. Tuhien era sempre o orgulho dele, e ele nunca me contou nada sobre minha mãe. Ele colocou as esperanças em mim uma vez. Mas, ele viu que eu não era tão habilidoso quanto Tuhien era na mesma idade. Então ele me maltratou, como se quisesse minha morte. Talvez o que impediu meu pai de me matar era a imagem de nossa família. Éramos um Clã forte, um dos mais renomados de toda Coban. A família era composta por usuários de Magia, e era isso que a tornava tão popular. Mesmo quando crianças, já conseguíamos brincar com o fogo. Porém, ouvi falar que do mesmo jeito em que sua personalidade interfere no seu tipo de magia, seu tipo de magia pode interferir na sua personalidade. Uma Magia que todos nós tínhamos em comum junto com uma parcela de personalidade: ira, loucura. Quanto mais poder os membros de meu Clã tinham, mais insanos eles ficavam. A Ordem, por sua vez, entendeu isso como um risco. Ela iria executar o meu Clã inteiro, a menos que eles permanecessem fiéis à Ela. Meu pai, meu irmão e meu primo foram os únicos que juraram lealdade à Ordem e se juntaram ao Reino do Fogo. O resto deles foram mortos.
Um fato interessante é que minha mãe nunca foi mencionada nesses contos, o que me faz acreditar que ela não era parte do nosso Clã. E, o que faz acreditar que meu pai não tenha lutado contra à Ordem foi ela. Talvez ele era diferente...
Talvez minha mãe tinha sido a salvação dele...
Mas, eu não me importo mais. O que me manteve vivo foi o orgulho estúpido de meu pai. Restaram poucos de nós, se estivéssemos morrendo, aparentaríamos fracos. Esse sentimento egoísta dele criou meu ódio, desde pequeno.
Quando me dei conta, eu estava tentando acertar Zakun com meus punhos, envoltos de magma. Apesar do esforço inconsciente, não acertei nenhum golpe. A fúria é um grande mal da minha família, e isso está no meu sangue.
Recuei e pensei em alguma estratégia. Como eu poderia derrotá-lo? Precisava ganhar tempo, entender seu estilo de combate, sua Magia. Mas tudo parecia tão confuso. Ele era... forte demais.
Fiz chover fogo do céu, iluminando a noite. Uma fraqueza de um Imperador é ver seu Reino em chamas. E estávamos na floresta. Gostaria de saber qual seria a reação dele com isso.
Quando as pequenas bolas de fogo estavam prestes a encostar no topo das árvores e incendiá-las, elas apagaram.
"Você está lutando contra seu pai, Tyran, o Dragão. A batalha contra Zakun, O Imperador da Floresta, não acontece hoje." ele disse, num tom bem sério.
Em um piscar, ele estava do meu lado. Fez um golpe lento, talvez de propósito. Consegui me esquivar e pensei numa solução. Eu teria que lutar imaginando que ele era realmente meu pai. O que meus novos poderes podem ajudar com tal coisa? Magia Vulcânica... magma, fumaça... o que mais? Eu tinha uma sugestão, mas não sei se funcionaria.
Ele se aproximava, executando golpes mais rápidos, enquanto eu tentava me acostumar com eles. Para ganhar tempo, fiz uma nova de fogo. Com o calor à minha volta, ele foi forçado a recuar e eu aproveitei esse momento para tentar meu golpe novo. Me ajoelhei e coloquei minhas mãos no chão. Transferia minha Magia Desperta para elas. Eu conseguia sentir a conversão de energia para Magia. Eu finalmente conseguia perceber. O cansaço aumentava, assim como a Magia ficava mais forte.
"Hah!" ele soltou, animado "Finalmente pensou nisso. Estava com medo de que não pensaria."
"Não deveria me subestimar, Zakun. Posso ser um novato, mas sou um bom novato."
O chão ao meu redor tremia e Zakun foi perdendo o equilíbrio. Minha visão enfraquecia enquanto eu forçava minha Magia. Ele finalmente caiu no chão e, aproveitando seu descuido, eu abri uma fenda por baixo dele. Ou foi o que eu tentei, mas eu perdi muita energia por ter feito aquilo tudo. Ele rapidamente se recuperou e investiu contra mim. Como única opção, coloquei novamente minha mão em magma e o golpeei. Ele havia parado, antes de continuar investindo. Tentei parar o meu golpe, pois vi que ele havia se distraído com algo. Minha mão penetrou em sua barriga e ele cuspiu sangue em meu rosto.
Rapidamente apaguei minha magma e o deitei.
"Você está louco?! Nunca imaginei que acertaria esse golpe!" eu gritava enquanto ele estava deitado.
"Quieto. Estou tentando falar com alguém." ele dizia, como se ignorasse a dor.
"Mas que merda! Não vem se achar o foda depois de quase morrer na minha frente!"
"Cale-se!" ele gritou "Alguém precisa falar comigo."
Como ele pode ignorar isso? Qualquer um estaria quase morto agora...
"Não se preocupe com isso. Eu não me distrairia à toa. Mas, temo que teremos que parar nosso treino para outra coisa." ele disse, me deixando preocupado com o que seria essa tal coisa.

VOCÊ ESTÁ LENDO
O Feiticeiro
FantasyTendor, um rapaz impaciente, egocêntrico, porém com um grande senso de justiça, busca o poder pela Magia. Ele herdou de sua família a Manipulação de Chamas, e é a única coisa que ele considera boa que veio dela. Seu ódio se espalha pelo seu pai e ir...