Não existe uma única pessoa que nunca tenha passado por alguma destas situações: o balconista de uma loja que responde com agressividade a uma pergunta simples; um tio bêbado que não para de importunar os outros durante a festa de família; um colega de trabalho que vive provocando todo mundo com piadas grosseiras...
Todos nós somos permanentemente expostos a agressões verbais, críticas destrutivas, provocações, comentários maldosos e assim por diante. É claro, sempre podemos contra-atacar, mas o agressor costuma responder de forma ainda mais violenta. É natural que tenhamos reações instintivas do tipo olho por olho, dente por dente. Somos testemunhas de uma troca contínua de provocações desagradáveis, ruidosas e desnecessárias. No final, todos os envolvidos saem perdendo, vivendo momentos de estresse e cultivando desejos de vingança. As agressões verbais costumam ser muito mais incômodas para pessoas que não conseguem reagir prontamente, que ficam mudas e chocadas diante desse tipo de atitude. Em geral, elas não encontram a resposta certa até que tudo tenha passado e então são tomadas pela ira e pela frustração de terem ficado caladas. O sonho delas é aprender a replicar e surpreender o agressor com uma resposta espirituosa.
Minha experiência como especialista em técnicas de comunicação me ensinou que os comentários mal-intencionados e as indiretas podem deixar feridas profundas que levam anos para cicatrizar. Em meus seminários e consultas, as pessoas revelam seus sentimentos e perguntam as mesmas coisas: O que fazer diante da violência verbal? Como me defender de uma crítica injusta do meu chefe? O que devo responder a um cliente que me ofende por telefone? Como reagir às constantes provocações de um colega de trabalho? Devo pagar na mesma moeda? Ficar calado? Existe alguma saída?
Sim, existe saída. Ao longo dos anos, desenvolvi uma técnica de autodefesa oral, uma espécie de judô verbal, de aikido retórico, para todos aqueles que desejam aprender a responder a uma agressão de forma inteligente. Como primeiro passo, me dediquei a estudar as técnicas básicas das artes marciais, e o aikido chamou minha atenção, pois sua técnica tem como único objetivo fazer frente ao ataque e restabelecer a paz. André Protin aponta em seu livro Aikido: "O aikido não pressupõe o ataque. Sua base é tão defensiva, tão pouco combativa, que não ensina estratégias ofensivas. Ele substitui força por sensibilidade, brutalidade por elegância."
Decidi adotar este critério para a autodefesa oral e, assim, descobri diversos recursos que podem ser usados como réplica, sem que nenhum seja ofensivo ou humilhante. Deixei de lado as respostas hostis principalmente porque queria me concentrar em estratégias baseadas na seguinte premissa: enfrentar o ataque e sugerir ao agressor uma conversa sensata.
Mas o que fazer quando o agressor não reage à nossa tática e continua atacando? As réplicas sugeridas neste livro são adaptáveis a situações diversas e intercambiáveis. Se uma resposta curta não for suficiente para frear o ataque, você pode recorrer a um provérbio fora de contexto seguido de um elogio e ainda restarão várias outras possibilidades de defesa.
O primeiro capítulo aborda a atitude básica da autodefesa – saber se impor – e o segundo, a necessidade de resistir às provocações. O terceiro capítulo oferece uma série de réplicas curiosas. O quarto ensina a encarar as ofensas e a saber responder ao agressor. Já que a teoria não é suficiente para tratar um assunto como esse, no final do livro apresento diversos exercícios para que você possa praticar as estratégias aprendidas.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Como Se Defender de Ataques Verbais
HumorManeiras inteligentes de se proteger de palavras agressivas.