zero

220 18 2
                                    


O carro preto da assistência social parou em frente à uma casa de tijolos à vista. A senhorinha baixinha e rechonchuda chamada Claire Mason, que já era uma velha conhecida de Sage, saiu do carro carregando alguns papéis. Uma mulher loira e alta estava parada na porta da casa, carregando um bebê. Um homem de cabelos castanhos cumprimentou a sra. Mason e assinou os papéis. Alguns minutos depois, abriram a porta do carro e Sage saiu.

- Querida, esses são Elliot e Lucy Dearing. - Ela apontou para o casal e deu uma leve batidinha no ombro da mais nova. - Eles serão a sua família por enquanto.

Sage suspirou ao ouvir o "por enquanto". A garota já havia passado por aquela situação um milhão de vezes. Ela trocava mais de família do que de roupa.

- Bem-vinda, Sage. - Lucy disse, enquanto ela e Elliot subiam as escadas de pedra. Os dois abraçaram a garota meio desajeitadamente e o homem pegou a mala que Sage havia largado no chão.

- Eu vou levar isso aqui para o seu quarto enquanto você come alguma coisa com a Lucy. Depois você pode descansar para estar bem para o primeiro dia de aula.

Elliot subiu as escadas e Sage seguiu Lucy em silêncio. Era sempre assim. O primeiro dia dela em uma nova família era muito silencioso e constrangedor. Ela detestava aquela sensação, porque lembrava-a do dia em que sua mãe colocou-a para adoção.

A sra. Gray chorava enquanto assinava os papéis que Claire Mason tinha consigo, mas ao mesmo tempo parecia aliviada. E a casa toda estava tão silenciosa. Parecia que a mãe de Sage tinha vergonha de falar com ela, assim como ela tinha quando chegava em uma nova família.

- Eu não sei se você gosta, mas eu tenho biscoitos.- Lucy ofereceu, colocando uma tigela sobre a mesa.

Sage timidamente tirou um da tigela. Ela agradeceu e deu uma mordida.

De repente, o bebê começou a chorar e Lucy pediu com licença, saindo com a criança. Sage terminou de comer o biscoito. Ela não estava com fome, mas queria parecer educada para uma boa primeira impressão, porque assim teria menos chances de ser manda embora sem segundas decisões quando eles percebessem o quão louca era ela.

A garota pegou mais alguns biscoitos e depois subiu para o seu quarto. Era bem simples, nem muito grande, nem muito pequeno. As paredes eram brancas e havia uma cama queen size encostada na parede, com cabeceira de metal decorada. Um sofá ficava acoplado à janela e havia uma escrivaninha ao lado de uma cômoda e de um espelho de corpo inteiro. A mala de Sage estava em cima da cama. Ela a abriu e começou a guardar suas coisas na cômoda e no armário embutido na parede.

Guardar as suas roupas não deveria ter sido um processo tão demorado, já que ela não tinha muitas, porém, acabou levando mais tempo do que Sage queria. Quando ela finalmente acabou, olhou para a janela e percebeu que já estava escuro. De repente, ela ouviu passos e virou-se. Lucy estava encostada na porta, segurando o bebê no colo.

- Sage, querida... - Ela começou. - Eu sei que é o seu primeiro dia aqui e que você precisa descansar, mas... Você poderia fazer um favor para mim?

- Posso, claro. O que seria? - A garota respondeu, colocando sua mala em um espaço livre do armário.

- Eu esqueci de comprar fraldas para o Thomas quando fui ao mercado e o Elliot está ocupado resolvendo alguns casos do trabalho. Você poderia ir à uma farmácia para mim e comprar?

- Sem problemas. - Sage sorriu timidamente.

- Certo. Você sabe dirigir? - Ela assentiu. - Aqui está a chave do carro e aqui está o endereço da farmárcia. Você pode usar o GPS.

- Tudo bem. - Sage pegou a chave e vestiu a sua jaqueta, acompanhando Lucy enquanto ela descia as escadas.

Ela entrou no Mazda prateado da família e começou a seguir as direções do GPS.

- Vire à direita em 5 metros. - A voz mecânica disse. Sage fez o que foi dito.

As ruas estavam molhadas devido à chuva que caíra há pouco.

- Você chegou ao seu destino. - O GPS repetiu. Sage olhou ao redor. Não havia nada além de prédios velhos e um beco escuro. Ela encostou na calçada, logo atrás de um carro com uma das portas abertas. A garota saiu do próprio carro para pedir informações, mas, ao chegar mais perto, percebeu que a pessoa dentro do veículo não parecia acordada. Ou viva. Um nó se formou em sua garganta.

- Por favor, não esteja morto. Por favor, não esteja morto. - Ela repetiu.

Porém, quando finalmente abriu os olhos e analisou os cortes profundos no peito do homem, o inevitável aconteceu. Sage gritou. 

heartache → isaac lahey Onde histórias criam vida. Descubra agora