Dúvidas

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Kylle




Kylle Thompson atravessou o hall de entrada de casa com a correspondência em mãos, jogou-se no sofá sem dar muita atenção a nova mobília e se perguntou quando sua mãe iria parar com aquilo, quando pararia de trocar os moveis? Até semana passada eram sofás de couro preto, agora de camurça branco?

Vasculhou as correspondências uma a uma em busca de seu nome e parou numa, vendo uma sobrancelha se erguer, uma correspondência no nome da mulher com quem fora casado há cinco anos, a mulher que havia destruído os seus sonhos, a mulher que sumira após o divórcio.

Primeiro quis rasgar a correspondência, mas ao perceber que seu sobrenome estava depois do dela, se sentiu intrigado e curioso. Por que Linda Carter ainda carregava seu sobrenome depois do dela?

Era do hospital!

Hospital?

Até onde lembrava, seu advogado dissera que Linda mudara para bem longe, para Connieville, sua terra natal no Texas. Kylle jogou as demais correspondências, um tanto confuso, estaria Linda de novo na cidade?

A hipótese fez seu coração se contrair.

Nada de emoções fortes Kylle, seu médico o mataria por isso.

Ultimamente, Kylle vivia com problemas cardíacos, aquilo se devera aos anos exaustivos no escritório. Ele não culpava ninguém além de Linda Carter por aquilo. Há cinco anos vivia para trabalhar e trabalhava para viver, porque quando voltava para a casa, lembrava dela. E, lembrar dela trazia grande dor para ele.

Analisou a correspondência calmamente.

Abrir ou não abrir?

Não era dele, mas levando em consideração que estava em seu nome e que Linda não estava ali, nem saberia que ele abriria a correspondência. Kylle não resistiu, abriu-a rapidamente.

Sentiu-se curioso demais, se não abrisse agora, sabia que uma hora abriria apenas para saber por que as correspondências da ex vinham para sua casa ainda.

Analisou o papel e leu o laudo.

Deus! Um laudo!

Kylle leu pacientemente o papel impresso, onde dizia claramente que Linda estava 100% curada de um câncer. Um câncer? Lin tivera um câncer?

Passou as mãos na cabeça, sentindo que tremiam, Lin com câncer? Curada pelo menos, mas quando fora que ela tivera câncer?

Olhou a data da correspondência, cinco anos atrás, exatamente dois meses após a data do divórcio deles.

Kylle ouviu os passos do sapato fino e dobrou a correspondência rapidamente, guardando-a no bolso do terno, se Lívia sonhasse que ele estava abrindo algo referente ao nome de Linda, surtaria e passaria o dia todo falando em sua cabeça.

—O jantar será servido em meia hora, bebê—informou sua mãe, como sempre, em seu conjunto impecável e de um tom de verde claro.

—Eu só vou tomar um banho e já desço mamãe, chegaram algumas correspondências.

Kylle levantou e pegou a maleta, depois de um beijo rápido na testa da senhora, subiu para o quarto. O quarto onde, durante quatro anos, vivera com Linda.

Sempre Sua (DEGUSTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora