luke ♢ muke [c]

forever

O carro parou na porta da garagem e ambos ficaram em silêncio.

Fora uma longa viagem até ali.

Luke desceu do carro expirando e sem conseguir acreditar que estava exatamente ali depois de tantos anos.

A rua continuava a mesma, mas as casas tinham mudado. Segundos andares foram feitos e as cercas brancas arrancadas. A casa dos Hopkins tinha duas garagens e portas de vidro. Era um loja de conveniências agora. Luke observou tudo e assentiu com a cabeça para si mesmo. Tudo mudou.

A casa de sua mãe era a mesma, mas de certa forma diferente. O telhado onde Luke se escondeu de todos, o gramado onde aprendeu a andar de bicicleta, a varanda onde olhava os outros garotos jogarem futebol. Tudo era o mesmo, e ele conseguia ver o garoto com roupas femininas fazer todas essas coisas, até mesmo perseguir os carros que passavam.

"Tudo bem, querido?" Perguntou Michael dentro do carro, tirando o cinto e descendo do veículo. O homem deu a volta no carro e abraçou o marido por trás.

"I'ts okay" sorriu Luke, ainda relembrando da velha vizinhança. "É tão estranho voltar aqui depois de tudo"

"Imagino" sussurrou Michael o beijando no pescoço. "Poderiamos ter ficado em casa espe-"

"É aniversário da minha mãe" falou Luke se afastando, e indo abrir a porta de trás do Ford. "Não podia fazer essa desfeita. Ela ainda está triste porque passamos o Natal com a sua mãe em Londres"

Luke abriu a porta e sorriu.

"Nicky só dorme" reclamou Brian com um bico nos lábios. "Eu quero brincar"

"Você ainda está de castigo" disse Michael, indo pegar as bolsas dos meninos no porta malas.

Brian olhou para Luke com seus grandes olhos verdes e sorriu para o pai. Ele sempre saia dos castigos com Luke.

"Seu tio 'tá la dentro te esperando" sussurrou Luke piscando um dos olhos. Brian desceu do carro correndo e sequer se deu o trabalho de fechar a porta. Luke colocou uma fralda de pano no ombro e pegou o bebê com cuidado para não acorda-lo.

"Para de mimar esse garoto" reclamou Michael, do mesmo jeitinho que Brian fazia. Luke riu, caminhando com o filho nos braços.

A porta da frente abriu e Brian pulou nos braços do tio, que já estava com alguns cabelos brancos. Michael, que estava nos seus 39 anos, já estava começando a perder cabelo e estava desesperado, mesmo sabendo que Luke o amaria até careca.

Luke seguiu na frente com Nico, enquanto Michael carregava as bolsas dos meninos atrás.

"Cadê a mamãe?" Perguntou ao irmão, subindo os degraus da varanda com cuidado. Um cheiro nostálgico atingiu suas narinas.

"Fazendo biscoitos para os netos" sorriu Jack, cumprimentando o cunhado com um aberto de mão rápido.

Luke entrou calado, parecia que uma bola de pelos do Michael estava em sua garganta. Ah, maltido gato. Quando o felino partiu dessa para a melhor Luke chorou como um louco, mas aquilo fora ben antes de Brian nascer.

Os olhos azuis vagaram pela sala de estar e o cômodo era o mesma, assim como os portas retratos e todas as decorações de cerâmica e os tapetes. Brian correu até o sofá de veludo e ligou a tevê sem permissão.

Luke contou mentalmente até dez, sabendo o que o marido iria falar para o filho.

"Ei, não pode mexer sem permissão" disse Michael em um sussurro de repreensão. "Você está de castigo, lembra?"