capitulo 1

670 17 2
                                    

Francesca deitou,olhou o quarto sombreado. As mãos doíam um pouco. Abriu e fechou-as,uma,duas,três vezes. Quase sorriu com a dor nas mãos. Sentiu uma lágrima escorrer antes de prevalecer a satisfação. Toda a carga emocional do estrupo de uma traição trouxe o prólogo do seu livro. Ela digitou-o com um impulso frenético momentos antes de deitar. A escrita sempre foi uma descarga de qualquer conturbação. Curava feridas novas como a traição que comprovou naquele tarde. Curava feridas velhas como...Suspirou.

Estava a sós no apartamento. Olivia,sua amiga irmã, mãe algumas vezes, muitas vezes filha e ouvidos,olhos e abraços nas horas vagas e ocupadas, estava fora da cidade. Encolheu-se na cama como uma criança. Sentiu as lágrimas quentes ensoparem o rosto, o travesseiro, o pescoço. Lembrou-se das inúmeras noites da infância em que chorou daquele jeito. Quantas?dezenas?centenas? Elas não foram contabilizadas por sua infantilidade.

Francesca naquela noite,chorava com a cara no travesseiro . Sentia-se como a menina que tinha de enfrentar os seus medos sem ajuda de qualquer herói. Lembrou-se da infância , a menina que foi, apenas isso.

Lembrou que tinha medo do escuro e dos monstros que viviam escondidos, na sombra de seu armário. Lembrou ue cresceu em uma cidade pequena : Rutland em Vermont.
16597.

Este era o número tottal, não de prédios comerciais ou de casas familiares, e sim de pessoas . Lembrou que não importava com quantos dividia às ruas daa cidade , pois no inverno , a poucos quilômetros de distância , ela tinha um enorme playground natural - killington, a estação de esqui repleta de toda a diversão que se podia criar com a neve e o frio e as montanhas. Recordou que desde muito cedo a sua mãe, que também esquiava , a levava para deslizar no branco ao encontro da adrenalina , fez isso durante dezessete invernos, quase todos os fins de semana.

Afogada nas lembranças, permitiu-se chorar. Quando menina fazia isso até dormir. Fazia isso sozinha, como estava, encolhendo seu corpo. Com uma dor travada na boca , soube que outro homem a fazia amargar com gosto escuro. Sentiu medo da vida, das pessoas, das emoções que se avolumavam em seu interior. Assustou-se com o tumulto das emoções.

ENTRE O AMOR E O SILÊNCIOOnde histórias criam vida. Descubra agora