Em algum lugar de São Paulo capital. 2019
Em um lugar devastado e sem vida, que antes em seu estado comum era um bom bairro da cidade, agora só restava o pó e lembranças do que um dia mesmo em seus picos de trânsito e estresse cotidiano deixava saudade para os que ainda sobreviviam.
Três homens caminhavam por aquelas ruas cheias de carros enferrujados pelo tempo que ficaram ali, abandonados desde que tudo se deu início.
A fome e a sede os puxavam mais perto da morte. A cada metro percorrido se tornava mais difícil a caminhada que já durava três dias a procura de suplementos. A fraqueza era visível em seus rostos sofridos. Eram os últimos sobreviventes de um grupo que procuravam um novo local para se estabelecerem, a terra era infértil e era raro ver animais vivos para consumo. Por tanto a tarefa de achar um local com recursos e segurança era uma tarefa quase que impossível.
O sol do meio dia parecia estar mais forte do que nunca aquele dia de extremo calor e vento parado. Eles já eram acostumados, mas não sabiam o terrível odor que exalavam de seus corpos. Talvez pelo fato de tudo ao redor cheirar a decomposição.
- Vamos logo! por enquanto tivemos sorte em não encontrar nenhum daqueles demônios - dizia de forma rude um rapaz jovem de vinte e seis anos que parecia liderar o pequeno grupo - devemos encontrar um lugar para ficar antes do anoitecer. Não temos nenhuma munição. Se dermos de frente com muitos vamos morrer certamente. Ainda mais com vocês...
- O que quer dizer seu falastrão?! - Se irritou um idoso membro do grupo pela arrogância imposta pelo jovem - lembre se que salvei a sua família no começo desta merda toda! - parou até mesmo de andar devido a raiva que tomou conta de si.
- Serio mesmo? Eu acho que preferia ter morrido no acampamento - entrou no meio da discussão um garoto de quinze anos de idade - não aguento mais essas discussões.
- Não estão curtindo andar comigo podem cair fora, sei sobreviver sozinho - respondeu o jovem deixando um mal-estar no ambiente.
- Sabe nada! - Se exaltou o idoso lhe dando um tapa na cara - é um moleque mimado que faltou apanhar da mãe para aprender bons modos.
O jovem puxou o facão que carregava em sua cintura para intimidar o velho que parecia mais cansado que nunca. Os dois ali começaram a travar uma contenda bem ao meio de um cruzamento. Talvez um dos mais movimentados da cidade antes do vírus mortal.
- Parem com isto. Vão chamar a atenção dos mortos! - Tentava alertar o garoto sobre o perigo - veja, ali à frente, já vejo a movimentação de alguns.
- Ótimo, conseguiram! estão contentes? Agora temos que correr mesmo - disse o jovem guardando sua arma afiada e ignorando o velho como se nada tivesse acontecido.
Aquele bairro era um dos maiores centros de diversão noturna da cidade. Boates, bares, restaurantes eram predominantes. A esperança era encontrar comida enlatada nestes estabelecimentos.
Por sorte aqueles corpos andantes e carniceiros em uma soma de dez a quinze eram bem avariados e por conta disto estavam lentos, assim tiveram a chance de despista-los facilmente por um beco que dava acesso a outra rua.
- Vejam aquele prédio - apontou com o dedo o idoso para um restaurante - parece que tem portas fortes. Se entramos talvez possamos achar algo e dependendo podemos até descansar um pouco - dizia muito cansado ofegante com a mão sobre o peito.
Por mais que o jovem quisesse encontrar qualquer motivo para poder discordar, não tinha ideia melhor, logo foi seguindo o velho que já tinha o garoto como seguidor.
Andaram ao redor do restaurante que tinha em sua faixada uma bonita pintura que lembrava a bandeira da Itália e um letreiro grande a cima da porta de entrada " casa de comida italiana La Madre di oro"
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Made In Hell - A Fuga
HorrorJá se dizia que o maior monstro da humanidade era o próprio homem. Mas quando um terrível vírus mortal que transforma os seres humanos infectados em predadores canibais sedentos por sangue e carne, violentos e incansáveis. A frase passa a fazer muit...