5- Fuga.

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Próximo a ao Hyde Park,27 de dezembro de 2012. 03h24 a.m.

Marinna.

Os quilômetros pareciam ainda mais compridos quando a estrada era de terra batida, a placa de "entrada proibida" só conseguia ser vista por quem já estivesse visitado o local.


As lagrimas já haviam se esgotado, e o medo praticamente já havia virado rotina. Até aonde aquilo iria? Eu não sei, mas estava louca para que acabasse logo, e de forma mais pacífica possível.


Logo, todos já haviam se estabilizado do lado de fora da velha espécie de casa de campo. O lugar - por mais velho que estivesse - se mantinha conservado, a pintura gasta dava amostra da madeira totalmente no lugar. O chão coberto por folhagens deu espaço para o rangido, assim que Zack pisou na suposta varanda.


Ao lado de dentro, os típicos beliches dividiam o espaço com teias de aranha e com o cheiro inconfundível de mofo.

- Nós não estamos fugindo, estamos? - A voz de Lizzie surgiu, fazendo com que todos nós nos entre olhássemos, da mesma forma que os pais de uma criança reagiriam se ela perguntasse sobre a fada do dente.

Ninguém respondeu. Na verdade, acho que ninguém sabia ao certo o que estávamos fazendo. Mas a justiça não conspirava ao nosso favor. Nós sabíamos que éramos suspeitos com o crime de Anna, e sabíamos que a morte da velha em Gloucestershire só pioraria tudo. No fundo, acho que todos nós temos um bocado de culpa.



Francis.

Gloucestershire, 27 de dezembro de 2012. 10h20 a.m.

A morte da senhora de meia idade em Gloucestershire, me levou até lá, na esperança de ocupar minha cabeça com algo que não fosse Anna.

- Espero que o senhor tenha no mínimo uma desculpa plausível, para não ser acusado por assassinato. - O velho não me olhava nos olhos, o que de fato me deixava irritado.

- Eu não matei ninguém. Por que eu faria isso com Candice? Eu a amava. - O sentimento parecia verdadeiro, mas eu ainda não estava convencido.

- Conte-nos o que você sabe. Eu espero que não me esconda nada, absolutamente nada. - Ele fez menção para falar e eu me recostei para trás.

-O dia foi tranqüilo, acordamos as quinze pras seis, e deixamos a recepção aberta para caso de que alguém precisasse de estadia.

- Alguém já estava hospedado aqui? - O interrompi.

- Não, o movimento era fraco, recebemos apenas três casais de hospedes no dia de ontem.

- Eles eram suspeitos? - O interrompi novamente.

- Não, eles só pareciam nervosos. Eles foram aos seus devidos quartos, e uns quarenta minutos depois uma garota chegou a recepção pedindo toalhas, eu não sei direito, mas parece que elas tiveram uma discussão.

- Elas se conheciam? Era algo pessoal? Nos conte mais sobre esse suposto desentendimento.

- Eu acho que não, elas só brigaram pelas toalhas. Não foi bem uma briga, foi mais pra uma troca de ofensas. - Ele calou, provavelmente aguardando alguma pergunta ou coisa do tipo.

- Prossiga.

- Eu apenas pedi a ela que entregasse as toalhas a moça, e ela me obedeceu. Eles almoçaram em nossa cozinha, e depois ficaram todos em um quarto só. A noite saíram para jantar, e depois cada um seguiu para seu quarto, sem mistério. - O sotaque caipira dava uma certa arrogância para tudo o que ele falava.

- Eu posso ver os registros das câmeras dos quartos?

- Você acha que isso aqui é um hotel cinco estrelas? Nós não temos como pagar um aparelho de segurança tão sofisticado assim. - Revirei os olhos.

- quando eles partiram?

- Eu não sei direito, talvez de madrugada, ou quando o sol apontou, eu não sei explicar direito.

- Havia alguém hospedado na porta em que Candice foi encontrada?

- Sim, um dos casais estavam naquele quarto. - As coisas estavam começando esquentar.

- Tudo bem. O senhor pode me mostrar os registros do aluguel dos quartos?

- Claro.

Ele levantou-se e pegou uma espécie de caderno/planilha com folhas esbugalhadas e velhas, abrindo-as na mais recente usada. Ele virou o trambolho de capa dura e marrom para meu campo de visão, e pude ler os nomes de quem eu menos imaginava ali.


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