II - DEIXANDO O CORPO

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As pessoas costumam me fazer as mesmas perguntas várias vezes. Como é morrer? Existe mesmo vida após a morte? Se existe, para onde vamos? E como é esse lugar? A morte é o grande desconhecido. No decorrer da vida, nossas crenças religiosas e culturais nos fazem desenvolver tantas idéias pré-concebidas sobre a morte que, quando o fim se aproxima, não temos um entendimento verdadeiro sobre esse grande acontecimento. Ainda que a experiência de morte de cada pessoa seja específica, posso dizer, com base em minha comunicação com os espíritos, que há uma incrível semelhança nessa transição.
• Independentemente da forma de morte - homicídio, doença, acidente, suicídio ou
velhice -, existe um fator constante que se repete. Ninguém sente dor ao morrer. Nunca me canso de repetir isso para as pessoas. Na verdade, é a ausência de dor que confunde muitos dos que acabaram de morrer, porque eles não percebem que se foram.
• Ninguém fica sozinho na hora da morte. Quando saímos do corpo, nossos entes queridos que já faleceram vêm nos receber. Talvez tenham se passado vários anos desde que os vimos pela última vez, mas os laços afetivos que nos uniam na Terra continuam muito presentes do outro lado.
• Na hora da morte, muitos têm a sensação de estarem cercados por uma luz brilhante e de serem puxados através de um túnel. As pessoas descrevem essa luz como sendo
Deus ou um ser que tudo sabe. Algumas sentem que a luz é pura paz, alegria e amor. Em vez da luz, alguns espíritos falam de gloriosas cores celestiais, diferentes de tudo o que já viram.
• Há uma imediata sensação de não existirem mais os limites do corpo físico. A vida anterior simplesmente desaparece, e é substituída pela consciência de uma "renovação" de vida.
• Finalmente, quando estamos às portas da morte, parece haver uma imediata alteração de tempo-espaço. Os espíritos habitam uma dimensão atemporal, etérea e transparente. O tempo na Terra continua a passar, mas para o espírito tudo acontece no agora.
Ausência de dor
Por que escapamos da dor no momento final? Será que nosso espírito sente que o fim se aproxima e é capaz de desligar os receptores de dor pouco antes de morrermos? Aparentemente o Universo nos equipou com uma espécie de válvula para desligar a dor no cérebro, e ela começa a funcionar quando estamos a ponto de abandonar nosso corpo. Tudo se apaga, e a pessoa perde a consciência e a memória. Quando pergunto aos espíritos sobre a violência de um acidente, sobre o choque de uma bala entrando no corpo ou sobre a dor de um ataque cardíaco, eles freqüentemente respondem que não se lembram do impacto. Em vez disso, recordam-se imediatamente de seus entes queridos. De um jeito ou de outro,
cada um deles diz: "Eu gostaria que (meu marido, minha esposa, minha mãe, pai, filha, irmã, irmão, filho) soubesse que ainda estou vivo." Foi o caso de um jovem espírito do sexo masculino que apareceu em um dos meus workshops em Nova York.
- Aqui está um rapaz de 17 ou 18 anos que se identifica como Sam e que diz ter estado em um acidente de automóvel - eu falei. Uma mulher chamada Debbie levantou-se da cadeira, gritando.
- Ai, meu Deus, é Sam. É o meu Sam!
- Ele está pedindo que você não chore. Ele está vivo e bem. Debbie soluçou, concordando com um aceno de cabeça.
- Ele quer que você e toda a platéia saibam que, apesar de seu corpo ter sido arremessado através da janela dianteira, ele não se lembra disso e não sentiu dor alguma. Depois do acidente, ele viu o próprio corpo estendido perto de uma árvore, e só então percebeu o que havia acontecido. Ele diz que está com Alfred. Alfred o ajudou. Debbie continuou chorando.
- Alfred é meu pai. Eu sabia que ele estaria lá para receber meu filho.
- Ele está me dizendo que apagou antes do impacto e que depois viu o avô. Achou que estava sonhando, mas o avô lhe disse que ele sofrera um acidente. Seu pai pediu a Sam que olhasse o próprio corpo. Então me aconteceu algo estranho.
- Sam está me mostrando seu corpo. Estou vendo sua perna esquerda em uma posição estranha. Você sabe se a perna dele quebrou ou foi arrancada do corpo?
- Sei, sim - respondeu Debbie. - A perna foi quebrada em sete lugares diferentes.
- Seu filho quer que eu lhe diga que quando olhou para o próprio corpo, sentiu que aquele não era mais ele. Não estava conectado ao corpo. Sentiu como se estivesse fora, e como se não precisasse mais do corpo. Ele também sabe que você colocou pedras no local do acidente para celebrar a vida dele. Ele adorou esse gesto, e quer que você saiba disso. Debbie parecia chocada.
- Fiz isso esta semana. Posso perguntar uma coisa? Sam pode me ouvir?
- Sim, ele consegue ouvir todos os seus pensamentos o tempo todo. Ele sabe quando você está pensando nele.
A sessão continuou com mais detalhes sobre o falecimento de Sam. Então, o pai de Debbie falou.
- Alfred está dizendo que você não precisa se preocupar. Ele está cuidando de tudo. Debbie parecia extremamente agradecida e satisfeita.
Experiência de quase morte
Aqueles que tocaram a morte e voltaram para contar o que aconteceu também
descrevem experiências muito semelhantes. Apesar de serem originários de diferentes contextos, de professarem crenças religiosas diversas, e de variarem em idade, todos
relatam versões da mesma história.
• Uma sensação de flutuar sobre o próprio corpo e de ver a área em torno.
• Sensações agradáveis de calma e paz envolvente.
• Atravessar um túnel ou uma passagem estreita de luz.
• Ser saudado por parentes falecidos.
• Encontros com um anjo, com seres de luz ou com figuras religiosas.
• Fazer uma revisão da própria vida.
• Alcançar uma fronteira ou barreira que não pode ser atravessada.
• Finalmente, a sensação de estar se movendo rapidamente de volta ao próprio corpo, freqüentemente com grande relutância.
Apesar de a situação de cada pessoa ser diferente, todas concordam que suas vidas foram profundamente transformadas pela experiência de quase morte. A maioria passa a entender seu propósito na vida, e muitas compartilham percepções profundas sobre as lições que aprenderam. Na verdade, todas afirmam categoricamente que a experiência de quase morte as fez viver de uma forma totalmente diversa. Em um de meus workshops, uma mulher me disse que sempre teve medo de tentar coisas novas. Ao ter um ataque cardíaco aos 60 anos, passou pelo túnel em direção à luz e foi recebida por seu sobrinho, que havia cometido suicídio porque tinha esquizofrenia.
- Ele parecia tão calmo e feliz. Fazia muito tempo que eu não o via em paz.
O sobrinho lhe disse que ela deveria tentar viver com mais espontaneidade e em seguida desapareceu.
- Aquela experiência me transformou. Se meu sobrinho, que sofreu tanto, veio me dizer para aproveitar a vida em sua plenitude, decidi que faria exatamente isso. Esse também foi o modo de lhe manifestar minha gratidão. Desde então, tenho viajado mais e hospedo amigos em minha casa, duas coisas que eu tinha medo de fazer. Minha vida é mais agradável porque vi a morte e decidi que queria viver.
Minha experiência de quase morte
Depois de ouvir tantas experiências de quase morte, comecei a ficar particularmente curioso. Queria saber se os relatos sobre o pós-vida eram semelhantes aos que eu havia recebido do mundo espiritual. Em 10 de dezembro de 2006, tive minha resposta.
Estávamos em plena época de festas de fim de ano. Enquanto as pessoas se agitavam febrilmente nos shoppings da cidade, eu estava sentado no deque de minha casa, observando a vista panorâmica do azul brilhante do oceano Pacífico diante de mim. Eu me sentia abençoado por estar vivo. O toque estridente do telefone interrompeu minhas divagações. Era meu empresário, Andrew Lear, chamando-me para um encontro em Los Angeles com o diretor de uma estação de rádio, para conversar sobre um programa próprio. Não tive alternativa senão sair correndo, lutando contra o trânsito pesado da hora de almoço. Quando finalmente cheguei ao meu destino, estava morrendo de fome. Parei no primeiro shopping, en-trei na primeira lanchonete que encontrei e engoli um sanduíche. A reunião foi bem, apesar de eu estar sentindo um certo mal-estar no estômago.
Entusiasmado, concordei em criar um piloto para um programa ao vivo que demonstraria como eu falava com os mortos. A reunião estava acabando quando recebi um telefonema de minha amiga Victoria Recano me convidando para jantar. Aceitei, feliz. A refeição foi mais do que agradável. Ambos estávamos com vontade de comer carne, por isso pedimos pratos idênticos, acompanhados por um delicioso vinho tinto. Depois do
jantar, resolvi passar a noite em meu apartamento na cidade. Acordei de madrugada com uma dor intensa no estômago e quase não tive tempo de
chegar ao banheiro. Nas horas seguintes, entrei e saí do banheiro até ficar cansado demais para me mexer. Às 6 horas, decidi voltar para casa, achando que me sentiria melhor em
minha própria cama. Com toda a força que pude reunir, peguei novamente a estrada. Achei que meu pesadelo acabaria assim que alcançasse a segurança de meu lar. Mas, na metade
do caminho, o tráfego na rodovia ficou completamente parado. Várias horas e uma dezena de paradas em banheiros depois, saí da rodovia e finalmente cheguei ao meu destino. Ao falar com minha médica em Los Angeles, ela diagnosticou uma intoxicação alimentar
provavelmente causada pelo sanduíche. O mal-estar foi aumentando e o desespero, também. A médica receitou um remédio e recomendou que eu tomasse bastante líquido. Por volta das 23 horas, mais fraco do que nunca, decidi ir ao hospital. Consegui me
levantar do sofá e caminhar até o banheiro. A última coisa de que me lembro é da pia. De repente, senti como se estivesse flutuando fora de meu corpo. Eu me sentia conectado ao corpo, mas não dentro dele. Em um primeiro momento, vi a parte de cima da minha cabeça, e em seguida meu corpo no chão do banheiro. Fui invadido por um fluxo de emoções e pensamentos e achei que estava morrendo. A sensação mais vívida foi de um intenso bem-estar. Não havia mais dor nem vômito. Antes que eu me desse conta, uma luz brilhante e dourada pareceu preencher o espaço ao meu redor. Ouvi alguém me dizendo:
- Morrer é fácil. Viver é difícil.
Imediatamente percebi a presença de minha prima Pat, já falecida. Ela fora minha prima preferida na infância, e costumávamos passar horas falando sobre vida após a morte e sobre reencarnação. De certo modo, ela foi a primeira pessoa com quem conversei sobre assuntos espirituais e sobre minha descrença no catolicismo. Pat morreu aos 19 anos, me deixando arrasado. Eu nunca a vira como espírito até aquele momento. Ela me olhou
fixamente com olhos que pareciam sorrir. Usava uma blusa verde-azulada e parecia muito bonita e jovem.
- Não se preocupe, tudo acabará logo - Pat sussurrou.
- Quer dizer acabar de verdade? - Perguntei a ela, mentalmente.
Pat desapareceu, e percebi a presença de meu pai. Ele estava em pé ao longe, usando um suéter marrom. Também parecia muito mais jovem. De repente, ouvi um som cortando o ar e a voz de Brian, meu querido amigo.
- James, acorde. Você está bem?
Abri os olhos e olhei em volta. Sentia-me calmo, mas sem palavras para me expressar. Só me ocorreu dizer:
- Morrer é fácil. Viver é difícil.
Brian ligou para a emergência, que veio depressa. Quando chegamos ao pronto-socorro, eu alternara entre o estado consciente e inconsciente várias vezes. Informaram que eu tinha perdido mais de dois litros de fluidos e que precisava de uma transfusão de sangue, pois
estava com uma hemorragia interna.
Fiquei profundamente feliz por estar vivo, porque tinha consciência de todo o trabalho ainda a ser feito. Mas a experiência de quase morte sedimentou ainda mais minha crença na comunicação espiritual. Passar por isso me mostrou que eu não tinha mais nada a temer.
Coma
Freqüentemente me perguntam se as pessoas em coma são capazes de nos escutar. Quando um indivíduo parece não responder fisicamente ou quando se encontra em estado vegetativo, talvez não esteja completamente inconsciente em relação ao que acontece à sua
volta. Acredito que existam vários graus de coma, mas a consciência sempre sabe o que está acontecendo. Há muitos níveis de consciência: (1) consciência desperta; (2) consciência automática, que mantém nosso sangue fluindo, nossas células se dividindo e assim por diante; e (3) consciência superior, que ocorre nos momentos de relaxamento profundo, meditação, prece, sonhos e devaneios. Acredito que minha comunicação com os espíritos faça parte da consciência superior. A consciência não se limita ao corpo; faz parte da mente, e esta, por sua vez, faz parte da alma. No momento da morte, a alma, que é eterna e contém experiências de inúmeras vidas, segue. Meu pai passou suas duas últimas semanas de vida em coma, na cama de um hospital, ligado a máquinas, respiradores e sondas intravenosas. Era uma situação que ele jamais teria escolhido. Em sua última noite, os médicos telefonaram avisando que papai es-tava morrendo. Chegamos ao hospital e entramos no seu quarto um a um para nos despedir. Durante as duas semanas finais, eu havia percebido a presença dos pais dele e da minha
mãe, todos já mortos, ao lado dele. Naquela última noite, minha mãe parecia bastante impaciente e ficava dizendo:
- Façam logo as suas despedidas. Queremos que ele venha conosco!
Meu irmão e minhas irmãs estavam em pé perto de mim, observando meu pai em seus momentos finais. Eu me aproximei da cama, me inclinei e sussurrei em seu ouvido:
- É hora de o senhor ir para casa. Vá em direção à luz brilhante que está vendo.
Ouvi quando ele me respondeu, cerca de meio metro acima da cama, como se estivesse assistindo a tudo aquilo. Eu sabia que meu pai devia estar completamente consciente do que
acontecia, pois já sabia que era hora de partir. Ele falou comigo por telepatia, em um tom muito claro e firme, e me pediu para atender seu último desejo.
- Eu só não quero que meus filhos briguem depois que eu tiver ido embora.
Dei um beijo em sua cabeça e prometi:
- Não vamos brigar, papai. Tenha uma boa viagem para casa. Cinco minutos depois de nosso adeus, papai morreu. Os médicos pareceram surpresos,
pois acreditavam que ele viveria mais um dia ou dois. Virei-me para o médico e disse:
- Ele queria partir. A família inteira estava esperando por ele. O médico sorriu, deu meia-volta e saiu do quarto.
Espíritos vão ao seu próprio enterro
Depois que os mortos abandonam o corpo físico e percebem que não estão mais conectados a ele, passam para a membrana que existe entre a Terra e a dimensão mais próxima. Nesse ponto, decidem se querem permanecer perto da Terra como espíritos terrenos ou se querem fazer a travessia para a luz. Durante essa brecha de oportunidade, os espíritos com freqüência vão a seu próprio enterro para ver os preparativos, quem aparece e assim por diante. Já ouvi muitos comentários esquisitos de espíritos quando estão no próprio funeral: Por que é que colocaram esse vestido em mim? Quem escolheu essas flores para o meu caixão? Eu queria estar em um caixão mais bonito. Ouvi com freqüência espíritos dizendo que não gostam de caixão aberto. Muitos causam distúrbios em seus próprios funerais, para que seus parentes "entendam a mensagem". E também há aqueles que não se importam com os detalhes do funeral e ficam muito surpresos ao presenciar toda a agitação ao redor do evento. Quando meu pai morreu, meus irmãos e eu vasculhamos o sótão de sua casa em busca de fotos antigas para espalhar pelo local do velório. Ele deve ter ficado muito impressionado porque, quando eu estava conversando com um velho amigo dele depois do serviço fúnebre, senti uma corrente de ar frio atrás de mim. Era meu pai. Ele sussurrou no meu ouvido:
- Onde achou todas essas fotos velhas? Eu nem me lembrava delas. - Depois, acrescentou:
- Obrigado por ter colocado minha dentadura. Fiquei com uma boa aparência. Também é comum os espíritos irem à própria autópsia. Não mais atrelados ao corpo físico, eles querem ver como morreram e o que causou sua morte. Para nós, essas idéias podem parecer mórbidas, porque ainda estamos mentalmente conectados ao nosso corpo. Os mortos vêem o próprio corpo como um casaco velho e puído do qual não precisam mais. Inúmeras vezes vi um espírito dizer para alguém que amava:
- Por que você vai até a sepultura e fica olhando para ela? Eu não estou lá dentro. Minha prima Ruth, minha irmã Lynn, minha tia Cassie e eu conversamos durante anos sobre a vida depois da morte, porque o meu trabalho as deixava fascinadas. Freqüentemente compartilhávamos recordações de nossos parentes mortos. Venho de uma
grande família irlandesa pelo lado materno e passei grande parte da infância indo a funerais. Ver corpos em caixões era bastante comum para mim. Tia Cassie ficava obcecada com parentes que já haviam falecido, sempre lembrando do aniversário de
falecimento, guardando os obituários e os sermões dos funerais colados em um caderno. Ela costumava me dizer:
- Se existe vida após a morte, eu com certeza vou dar sustos enormes em vocês! Tia Cassie faleceu com quase 90 anos. Sentou-se na poltrona da sala de estar e morreu. Todos os sobrinhos e sobrinhas foram ao seu enterro. Foi um velório como nunca se viu
igual. Conversando com minha irmã Lynn e com minha prima Ruth, brinquei:
- Sabem, tia Cassie vai ter que aparecer por aqui. De repente, nós três sentimos um calafrio e nos entreolhamos, atônitos. Vi tia Cassie de pé ao lado de minha mãe. Usava um vestido branco estampado de verde, apontava para nós e ria. Parecia espantosamente jovem e bastante diferente do corpo rígido dentro do caixão. Ouvi quando me perguntou:
- Você acha que eu ia perder meu próprio enterro? Compartilhei minha visão com Ly nn e Ruth. Minha prima comentou:
- Você é tão esquisito!
Demos risadas e ficamos felizes porque tia Cassie finalmente estava de volta ao lar, com a família de que tanto sentia saudade e com a qual queria estar.
O que acontece com os espíritos depois do enterro? Isso depende de diversos fatores. A morte foi conseqüência de uma doença prolongada? A pessoa tinha fortes crenças religiosas? Sentia medo de morrer? Morreu em um acidente ou foi assassinada? Que idade tinha? Como a consciência não acaba com a morte, levamos nossa mentalidade e nossos
pensamentos para o outro lado. Assim como acontece durante a vida, quando passamos para outras dimensões continuamos a criar experiências por meio de nossos pensamentos.
Entrando na luz
Os que acabaram de morrer com freqüência são atraídos para uma luz branca e brilhante. O que é exatamente essa luz e por que a maioria a percebe no momento da morte? Quando todas as cores se juntam, elas formam o branco. Acredito que essa luz branca está em um extremo do espectro dimensional e funde todas as cores do espectro
luminoso. Quando eu era criança, vi essa luz branca e achei que era a mão de Deus. Foi uma sensação de alegria e de amor incondicional. As pessoas que tiveram experiências de quase
morte descrevem uma sensação semelhante. Elas são atraídas para a luz brilhante e sentem uma paz plena enquanto avançam em sua direção. Assim como eu, alguns consideram que
a luz é Deus, enquanto outros, que não têm uma crença definida, a chamam de "lar". Não preciso dizer que a luz branca é de fato uma passagem ou um portal, e que quando ela é atravessada, entramos nas dimensões espirituais e chegamos em casa - ao lar. Nunca ouvi um espírito dizer que desejava voltar à Terra e viver de novo. Os espíritos com os quais me comunico geralmente adoram estar na luz e não desejariam que as coisas fossem diferentes. Seus maiores arrependimentos estão ligados ao fato de não terem percebido a verdade sobre a vida enquanto estavam na Terra. Comentam freqüentemente que, se
soubessem, teriam vivido de modo muito diferente.
Trovão Azul
Acho fascinante ouvir diversos espíritos discorrendo sobre suas experiências no outro lado. Eles parecem experimentar uma sensação enorme de liberdade. Quando percebem que faleceram, imediatamente procuram seus entes queridos para dizer-lhes que continuam
vivos e que não há motivo para ficarem tristes. Além disso, entram em um mundo perfeitamente adequado ao seu nível de compreensão espiritual. Há alguns anos, uma amiga querida pediu para eu atender Candy, uma jovem que estava a ponto de ter um colapso nervoso.
- Você é a última alternativa para ela, James.
Concordei em vê-la.
Quando chegou para nosso encontro, eu a conduzi até minha sala de estar. Candy tinha cabelos compridos e loiros que emolduravam as belas maçãs salientes de seu rosto e seus olhos verdes. Como parecia ansiosa, ofereci-lhe um copo d'água.
- Respire fundo e relaxe. Você está segura aqui. Quando ela se acalmou, expliquei como o processo da comunicação com os espíritos funciona e iniciei uma breve meditação para remover qualquer nervosismo. No meio da meditação, vi dois homens em pé ao lado dela, um mais jovem, outro mais velho.
- Há um senhor mais velho atrás de você. Sinto que é uma figura paterna. Ele está mencionando alguma coisa sobre ser da Escócia, e tem um leve sotaque escocês. Está com um cachorro labrador chamado Sharkey. Candy pareceu chocada e olhou para mim, tentando desesperadamente entender como eu podia saber essas coisas.
Começou então a chorar.
- Sim... é meu pai, Alex. Ele era escocês e tinha muito orgulho de sua ascendência. Sharkey era o cachorro da família, que ele amava mais do que a nós, seus filhos.
- Ele está pedindo para você dizer a sua mãe que ele a ama.
Candy respondeu com os olhos cheios de lágrimas:
- Mamãe sente muita saudade de papai.
Mesmo com essa conexão incrível, eu ainda sentia que faltava algo.
- Há um jovem junto do seu pai que fica repetindo alguma coisa sobre Trovão Azul. Seu pai quer que você saiba que ele ajudou esse rapaz a fazer a travessia. Candy ficou perplexa e chorou mais ainda.
- O rapaz está dizendo que se chama David - continuei. - Está vestido de branco e me mostrando um casamento em algum lugar tropical, como o Havaí.
Então compreendi. Olhei para Candy e disse:
- Ele é seu noivo, não é?
- É, sim.
- Eu sinto que David lamenta muito por ter exagerado com o Trovão Azul. Isso faz sentido para você?
Candy concordou com a cabeça.
Então, com minha visão mental, enxerguei um carro com o número "64" rodopiando e em chamas.
Candy ficou chocada com essa revelação.
- David era piloto de corrida profissional. Nós íamos nos casar no Havaí e depois dar a volta ao mundo durante a lua-de-mel. David insistiu em participar de uma última corrida antes da viagem. Ele foi bem até a última volta, quando perdeu o controle do carro, o

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