Dois Para O Mundo

Cap.9

-Vamos acordar crianças!
minha mãe disse dando beijos no Igor e me abraçando.

-Já vamos?
-Sim. Nem precisa se arrumar, só entra no carro, temos que ir bem rápido porque estamos atrasados.
-Atrasados pra que?
-Temos o dia programado, se atrasar um minuto já desanda.
-Você e sua mania de planejar.
-Como se você não fosse igual! - ela riu- agora vamos agitar crianças!!.

Fui para o banheiro e lavei o rosto, escovei os dentes. Fiz um coque alto e estava ótimo.

Coloquei um short preto e uma regata branca.

Peguei Igor no colo e entrei no carro com ele. O coitado mal sentou e já dormiu.

-- Está tudo aqui crianças?
-Sim mãe.
- Então vamos.

Coloquei os fones e fiquei observando a cidade. Lugar maravilhoso que mal vejo a hora de morar por aqui.

Começou a chover e eu acabei dormindo.

- Atena, chegamos.
-Ah, oi, já?
-Você dormiu a viagem toda

Olhei para o lado e até Igor já tinha saído do carro.

Levantei e entrei no meu prédio.

Cheguei em casa e fui direto pro banho.

Lavei o cabelo e deixei a água escorrer por todo o corpo. Instantâneamente lembrei que hoje Enzo viria me explicar o que aconteceu. A tensão novamente tomou conta dos meus ombros e eu não conseguia relaxar.

Saí do banho e coloquei um roupão.

Fiz um coque no cabelo ainda molhado e sentei na cama pra poder guardar a roupa da mala.

Tudo terminado, eram 18:20.

Abri as janelas e vi que já estava bem escuro por conta do temporal que estava caindo.

Que dor de cabeça! Do nada comecei a sentir um mal estar terrível.

Sequei o cabelo e fiquei me admirando no espelho, feliz por não ter problemas com a aparência.
Coloquei uma calça moletom cinza, uma regata branca e meias nos pés porque estava muito frio.

Estava me ajeitando pra deitar quando o telefone toca.

-Alô?
-Amor trás um guarda-chuva porque eu tô preso aqui no carro, esqueci o meu.
-Tô descendo.

Peguei dois guarda-chuvas e desci.

Ele abriu a porta do carro com sacolas na mão e subimos.

Ele cumprimentou meus pais e entrou  no quarto comigo.

-Trouxe café e as rosquinhas recheadas que você tanto ama.
-Obrigada.

Sentamos na cama e começamos a comer, tomar o café e conversar sobre coisas aleatórias. Percebi que ele estava me enrolando.

-Enzo, vamos direto ao assunto.

-Tá bom. Quer que eu seja direto?
-Por favor.
-Vou pra São Paulo com meus pais na semana que vem.
-E o que tem de errado nisso? -contestei- você vai voltar, não é?
-Infelizmente não. Meu pai conseguiu uma boa oferta de emprego lá e ele decidiu que a empresa dele vai lucrar muito mais.
-Mas você não é a empresa dele e pode vir me visitar. Não precisa fazer esse suspense.
-Não vou poder. Eu gastaria muito e esse ano o que eu quero provar para o meu pai é que eu já sou independente. Eu também fiquei triste por ter que interromper os  inúmeros planos que temos mas é preciso. - Ele disse abaixando a cabeça-

-E como nós vamos ficar? - eu disse já deixando uma lágrima escapar.
-Vamos ter que terminar, Atena. Eu não aceito ir morar em outra cidade e te prender a mim. Não quero ter alguém pela metade.
-Mas quem disse que o que a gente tem vai mudar? Acho que o que a gente tem vai além da distância das cidades. Se querer continuar o namoro é me prender, é isso que eu estou fazendo.
-Mas eu não quero fazer isso. Eu já estou decidido.
-E você decidiu assim fácil? Onde foi parar tudo que você disse que sentia por mim Enzo? a gente não pode deixar morrer assim. Mal começamos...
-É melhor a gente parar com isso agora, pra evitar sofrimento das duas partes.
-Como se você estivesse sofrendo com isso! Olha aí, todo frio tomando uma decisão séria como se não tivesse sentimentos! - Falei chorando.

-É melhor assim Atena.
-Então você pode por favor ir embora antes que as coisas piorem pra mim? Porque eu estou realmente triste com isso. Esperava muito mais.
- Daqui um tempo você vai me agradecer. Boa noite.

Ele simplesmente levantou e saiu do quarto como se nada tivesse acontecido. Como uma pessoa pode ser tão fria assim?

Deitei na cama, me cobri e acabei dormindo.