Capítulo 1 - Luana

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Capítulo 1 - Luana

Eu desembarquei eufórica. Eu não vinha ao Brasil já fazia algum tempo e mesmo assim a minha última visita havia sido muito rápida. Estive fora por tantos anos que, às vezes, parecia até esquecer o português. Desembarquei no voo das três da tarde no aeroporto internacional e o meu pai já estava lá me esperando com um grande sorriso. Corri para abraçá-lo e ele me disse:

— Estava morrendo de saudades, minha garotinha! - E me deu um beijo na testa.

— Eu também, pai!

— Como foi a viagem? Tudo correu bem? - ele perguntou enquanto pegava a minha bagagem de mão.

— Eu sei bem disso. Como vai Glenda? - ele sorriu discretamente antes de virar para ela e lhe cumprimentar com um aperto de mão.

— Muito melhor agora com os pés no chão, senhor. - Disse ela.

Desta vez eu tinha trazido muita bagagem, pois ficaria de vez por aqui e por isso tinham malas e mais malas minhas para levar para casa. Quando já estávamos no carro, o meu pai me disse:

— Deixei todos da empresa ansiosos com a sua chegada, não consegui falar em outra coisa neste último mês, todos querem te conhecer. Sempre que você vem ao Brasil é tão corrido que nunca tem tempo de ir a gravadora.

— Pode deixar, pai. Eu vou ter dias de sobra para conhecer todo o pessoal de lá. - falei tentando parecer animada, mas eu era bem tímida e não curtia muito pessoas estranhas.

— Você vai gostar do pessoal, são todos muito legais. Tem umas bandas novas, de um pessoal da sua idade que você vai gostar. Você se lembra do Guilherme?

— Guilherme?

— O Gui, o meu afilhado e da sua mãe. Vocês brincavam juntos quando crianças.

Neste instante eu me lembrei do tal Gui, um garoto loirinho, um pouco mais velho do que eu, com dentes de coelho, uma voz irritante e que implicava comigo o tempo todo em que ele ficava na minha casa ou quando eu estava na casa dele. Teve uma vez em que ele rasgou a boneca que eu mais gostava na época só por maldade, neste dia eu fiquei com tanta raiva que voei em cima dele e arranquei uns fios daquele cabelo loiro e sem graça que ele tinha. Lembro da minha mãe, que na época já estava doente, rindo e falando que me daria outra boneca igual, enquanto eu me acabava de chorar, mas, infelizmente, a minha mãe faleceu antes disso. Estava perdida em minhas lembranças quando o meu pai me chamou novamente para a realidade:

— Lembrou-se do Gui, filha?

— Lembrei, pai. Tem anos que não o vejo, mas o que tem ele?

— Ele também estudou fora alguns anos e agora está de volta. Ele está tocando e cantando em uma banda com mais dois amigos. Eles são muito bons, são meninos de ouro.

Lá fui eu novamente me perder em pensamentos. "Como aquele menino idiota, com a voz mais horrenda que eu já ouvi está cantando numa banda e o meu pai ainda diz que eles são bons? Meu pai deve estar com gosto um tanto extravagante para música." E fiquei pensando nisso até chegarmos em casa. Estava boba com o fato de aquele chato estar cantando e cantando bem. Com quantos anos ele está? Dezessete, eu acho. Deve estar o mesmo idiota de sempre." pensei.

Assim que entrei em casa tive intensa nostalgia, era sempre assim quando voltava ao meu antigo lar. O meu quarto continuava intacto e coberto de lembranças da minha mãe, mas era basicamente um cómodo infantil e agora que eu tinha voltado para ficar, eu precisaria muda-lo.

Na manhã seguinte, conversei com o meu pai e com a Glenda sobre a mudança na decoração do quarto e os dois me deram apoio. E eu me vi perdida nas semanas posteriores entre escolhas de tintas, papéis de parede, móveis e decoração. Quando o quarto finalmente ficou pronto, eu me senti satisfeita.

Love Is (NOT) Easy - EM REVISÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora