Capítulo 2 – Luana
Meu pai entrou na sala menos de cinco minutos depois do Guilherme ter saído e eu ainda estava tremendo de raiva. Ele me olhou desconfiado e notou que eu estava nervosa.
— Aconteceu alguma coisa, filha?
— Não, pai. Está tudo bem. – falei tentando dar um sorriso.
— Você está parecendo aborrecida e notei a mesma expressão quando topei com o Guilherme no corredor, mas ele também me disse que não era nada. Vocês se desentenderam? - eu neguei com a cabeça. Se o Guilherme não havia dito nada ao meu pai, eu também não iria falar. Ficaria na minha, mas com certeza aquela conversa não estava terminada. Aquele imbecil iria saber com quem estava lidando. Meu pai estalou os dedos na minha frente: — Filha, acorda! Estou falando, mas você parece estar em outro mundo e esse vinco na sua testinha linda ainda não se desfez. – disse ele passando a ponta dos dedos na minha testa.
— Desculpe, pai. Não aconteceu nada mesmo, só estava distraída. Mas me diga o que vamos fazer agora que eu estou aqui. – falei tentando amenizar a minha expressão e aproveitar a companhia adorável do meu pai.
— Se você diz que está tudo bem e não há nada errado, eu acredito. Na verdade, é uma grande coincidência você estar aqui hoje porque eu marquei uma pequena reunião lá em casa com algumas pessoas importantes da gravadora e um dos assuntos que iremos tratar é sobre a contratação da banda dos meninos, por isso pedi que eles fossem até lá. Não sabia que você viria e queria logo apresentar vocês, então marquei um encontro para se conhecerem. Está tudo bem para você, filha? – perguntou meu pai.
— Claro que sim, pai. – menti descaradamente, mas não daria meu braço a torcer e confessar que não queria o Guilherme na minha casa.
— Ótimo! Você conheceu o Otávio mais cedo e reviu o Guilherme, agora só falta conhecer o Rafael. Vai ser bom para sua adaptação se tiver alguns amigos antes de entrar na escola, não se sentirá tão excluída.
Senti meu estômago se revirar na mesma hora, não podia ser. Eu teria que ver aquela peste todos os dias da semana? Pelas minhas contas, pelo menos ele não seria da minha sala, a não ser que fosse um idiota repetente.
— Eles estudarão comigo, pai? – minha voz saiu quase inaudível.
— Sim, filha. Estudarão na mesma escola, mas não na mesma classe. Eles estão indo para o último ano do ensino médio e você ė uma série abaixo deles. Mas mesmo assim eles poderão ser uma companhia na hora do intervalo. – disse ele carinhoso.
Definitivamente o meu pai estava viajando. Pelo que indicou o nosso encontro, o Guilherme só iria se aproximar para infernizar a minha vida. "Merda, merda, merda! Essa história só está piorando, droga!"
— Pai... Estou certa de que eles terão coisas mais importantes a fazer do que ficar comigo, como por exemplo ficar com as suas namoradas ou com os seus amigos. Eu consigo me virar sozinha, pode ficar tranquilo. - disse, abraçando o meu pai. – Então, quem você quer que eu conheça? Estou curiosa! – queria mudar de assunto e tentar parar de pensar naquele garoto.
— Ah, minha princesa. Quero que você conheça a todos, quero exibi-la e mostrar o quanto a minha garotinha é linda. – disse beijando o meu cabelo.
— Todos, pai? Devem ter umas 1000 pessoas trabalhando aqui! Vou precisar voltar muitas vezes, ou vai querer me apresentar a todos hoje? – disse fingindo espanto.
Caímos na risada e eu o abracei mais uma vez. Era sempre tão fácil estar com meu pai, sempre nos demos maravilhosamente bem. Ele é uma pessoa extremamente gentil e delicada com todos que o cercam, sempre pronto a apoiar e dar carinho a quem quer que seja. Imagino o quanto ele deve ter sofrido com a perda da minha mãe e com a nossa ausência. Mas entendo que ele precisava de um tempo sozinho para curar as feridas. Não foi como o Guilherme insinuou, eu não me afastei do meu pai por minha vontade, porém quando ele quis me trazer de volta eu não pude deixar a Luíza, me apeguei demais a ela e naquele momento mesmo estava sofrendo de saudade da minha irmã.
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Love Is (NOT) Easy - EM REVISÃO
RomanceUma pessoa que faz da sua vida um inferno também pode te levar a conhecer o paraíso? Luana e Guilherme se odiavam desde criança. Quando a Lu volta a morar no Brasil, depois de quase 7 anos estudando fora, eles pensam que só esse sentimento existirá...