Hino ao amor - verso 1

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" Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine."

Harry botou as mãos no rosto, jogando longe a mini bolinha de basquete que brincava. Havia cansado de se distrair. Virou a cerveja enquanto ouvia Lisa, sua vizinha e primeira amiga que fez em Nova Iorque, fazer sua previsão do futuro dele.

"Ela vem pra nossa faculdade, também? Me parece uma daquelas garotas desesperadas por atenção, deve ter uma bolsa cara para cada turno do dia e deve estar nem ligando para casar com alguém que mal conhece" Lisa falou, no colo do namorado.

"Qual é, Liz. Vocês não a conhecem, quem sabe não está passando por algo similar ou pior que o Harry nisso tudo?!" Nick, colega de classe de Harry, era mais compreensível que os amigos.

"Talvez" Harry se limitou a dizer.

Nick explicou seu ponto: Harry estaria em sua zona de conforto, sua cidade desde os 10 anos, seus amigos, sua família. Quem sabe o que Luna deixaria para trás junto com a Califórnia? Harry bem sabia como era deixar a amada S.D. bruscamente para a caótica N.Y., mas o fez quando era uma criança, há 13 anos atrás. Luna havia construído sua vida inteira lá e, simples assim, a deixaria para casar-se com um conhecido da família.

"Por que você tem que ser tão a favor de tudo?" Lisa rolou os olhos, beijando a testa do loiro.

"Porque você é contra tudo. Tenho que trazer equilíbrio para a relação" Nick riu, feliz no seu quarto bagunçado da república que morava.

-

Harry não parava de encarar o contato de Luna em seu celular. Ouvia de fundo do bar Lisa e Nick cantarem N-Sync no karaokê, cena comum no Dino's Bar - já nem tinha mais graça para ele. No começo, filmava todas as apresentações do casal, quase mijava as calças de rir no processo. Faziam aquilo mesmo antes de Lisa e Nick namorarem. Na verdade, na noite em que Harry os apresentou eles cantaram pela primeira vez.

Uma garota sentou ao seu lado e ele nem percebeu. Tomou um gole da garrafa de cerveja, suspirou e abriu o contato de Luna mais uma vez. Deveria falar com ela? A janela do chat já estava aberta e a foto ao lado de seu nome era a única coisa que o fazia visualizar como ela se parecia hoje em dia.

"Namorada?" a garota estava inclinada em sua direção para ver o celular. Intrometida, se o perguntasse.

"Noiva" sequer olhou para a moça ao seu lado, continuou vidrado em seu celular.

"Uhhh" se afastou "não é novo para casar, hm?"

"Harry" respondeu, a olhando "É o que o amor faz com você" riu sarcasticamente, pensando que teria que fazer aquele papel pelo resto de sua vida.

"Não me parece muito feliz. Ela está longe?"

"Califórnia"

"Relacionamento a distância?"

"Não imagina que distância" 

Ela falou que estava bem perto. Que quando precisasse de menos distância poderia procura-la. Deixou seu numero no guardanapo ao lado da garrafa de cerveja dele. Harry finalmente botou o celular no bolso. Não quis saber o nome da garota que o ofereceu companhia. Não a procuraria mais tarde.

Mas sua despedida de solteiro era agora.

Então a segurou quando a mesma fez menção de sair. Não fez muito esforço com palavras, ela estava disposta a ir com ele de qualquer jeito. A convidou para irem para outro lugar e só usou o celular novamente para avisar Nick que teria ido embora, já que o casal estava ocupado demais escolhendo a próxima musica que cantariam.

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