Capítulo 29

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ESTEVAN

Cheguei em casa batendo a porta e joguei-me na primeira cadeira que vi na frente. Passei a mão em meus cabelos encharcados de suor. Levantei e peguei o bilhete deixado em minha porta, o bilhete que me fizera ver a pior cena da minha vida. Depois de tudo que eu havia feito por ela, renunciar a minha família e dar-lhe todo meu amor, como ela pode fazer isso comigo? Enquanto eu lia aquela mensagem centenas de vezes "vá a casa de sua namorada e veja seu verdadeiro caráter", eu lembrava de ver ela só de toalha sozinha em seu quarto com Michael. Fui até a lareira e joguei-o no fogo, enquanto aquele papel queimava ouvi sons de passos atrás de mim. Peguei com calma o canivete que havia no bolso de minha calça e quando o som se aproximou mais girei rapidamente pegando o meliante com um braço e apontando o canivete para o seu pescoço.

-Calma Estevan – falou Marvínia engasgando – sou eu –soltei-a e ela colocou as mãos no joelho tentando recuperar o fôlego.

- O que faz aqui? – falei guardando o canivete no bolso e sentando no sofá.

-Vim ver como você estava – falou inocentemente.

-Bom já viu – falei o mais ríspido possível – pode ir embora.

-Eu sei que você não esta bem – falou se aproximando.

-Estou bem – falei mais calmo, Marvínia não tinha culpa do que havia acontecido – não se preocupe.

-Me preocupo sim – falou com um sorriso – deixe-me pelo menos lhe fazer um chá para...– ela fez uma pausa – acalmar as coisas.

-Tudo bem – concordei e levantei para ir para a cozinha.

-Fique aqui – falou fazendo um gesto para eu me sentar de volta – eu faço e trago aqui para você - Concordei balançando a cabeça.

Observando Marvínia ir até a cozinha, fiquei imaginando como minha vida seria mais fácil se não tivesse me apaixonado por Lianda. Eu me casaria com Marvínia e não teria uma briga constante com a minha família, assumiria o lugar do meu pai, teria filhos. A minha única dúvida era, será que eu seria feliz? Até mesmo antes de conhecer Lianda eu sentia que faltava alguma coisa na minha vida. E agora estou aqui sentado na frente da lareira, com minha ex noiva fazendo chá para mim.

- Está pronto – falou Marvínia trazendo duas xícaras de chá e interrompendo meus pensamentos.

Por alguns minutos ficamos sentados em silêncio perdidos nos pensamentos.

-Então – falou Marvínia rompendo o silêncio – quer me contar o que está acontecendo?

-Desculpe Marvínia – falei dando um gole no chá – não quero falar sobre isso agora.

-Tudo bem – disse parecendo ficar nervosa do nada.

-Está tudo bem com você? – falei desconfiado.

-Está – falou piscando repetidas vezes e gaguejando. Ela estava mentindo, eu conhecia ela muito bem para deduzir isso.

- É mentira – falei colocando a xícara de chá na mesa de centro e olhando fundo nos olhos dela – o que está acontecendo? – depois que disse isso comecei a ficar meio zonzo. Os olhos de Marvínia ficaram cheios de lágrimas.

-Me desculpe – falou aos prantos – eles me obrigaram a fazer isso.

-Obrigaram a fazer o que? – falei assustado – vamos confie em mim, pode me contar – minha tontura foi ficando cada vez pior, minha visão começou a embaçar e eu havia entendido o que Marvínia estava dizendo – o...que...você... fez? – falei sufocando e caindo no chão.

Inimigos de SangueOnde histórias criam vida. Descubra agora