ESTEVAN
Cheguei em casa batendo a porta e joguei-me na primeira cadeira que vi na frente. Passei a mão em meus cabelos encharcados de suor. Levantei e peguei o bilhete deixado em minha porta, o bilhete que me fizera ver a pior cena da minha vida. Depois de tudo que eu havia feito por ela, renunciar a minha família e dar-lhe todo meu amor, como ela pode fazer isso comigo? Enquanto eu lia aquela mensagem centenas de vezes "vá a casa de sua namorada e veja seu verdadeiro caráter", eu lembrava de ver ela só de toalha sozinha em seu quarto com Michael. Fui até a lareira e joguei-o no fogo, enquanto aquele papel queimava ouvi sons de passos atrás de mim. Peguei com calma o canivete que havia no bolso de minha calça e quando o som se aproximou mais girei rapidamente pegando o meliante com um braço e apontando o canivete para o seu pescoço.
-Calma Estevan – falou Marvínia engasgando – sou eu –soltei-a e ela colocou as mãos no joelho tentando recuperar o fôlego.
- O que faz aqui? – falei guardando o canivete no bolso e sentando no sofá.
-Vim ver como você estava – falou inocentemente.
-Bom já viu – falei o mais ríspido possível – pode ir embora.
-Eu sei que você não esta bem – falou se aproximando.
-Estou bem – falei mais calmo, Marvínia não tinha culpa do que havia acontecido – não se preocupe.
-Me preocupo sim – falou com um sorriso – deixe-me pelo menos lhe fazer um chá para...– ela fez uma pausa – acalmar as coisas.
-Tudo bem – concordei e levantei para ir para a cozinha.
-Fique aqui – falou fazendo um gesto para eu me sentar de volta – eu faço e trago aqui para você - Concordei balançando a cabeça.
Observando Marvínia ir até a cozinha, fiquei imaginando como minha vida seria mais fácil se não tivesse me apaixonado por Lianda. Eu me casaria com Marvínia e não teria uma briga constante com a minha família, assumiria o lugar do meu pai, teria filhos. A minha única dúvida era, será que eu seria feliz? Até mesmo antes de conhecer Lianda eu sentia que faltava alguma coisa na minha vida. E agora estou aqui sentado na frente da lareira, com minha ex noiva fazendo chá para mim.
- Está pronto – falou Marvínia trazendo duas xícaras de chá e interrompendo meus pensamentos.
Por alguns minutos ficamos sentados em silêncio perdidos nos pensamentos.
-Então – falou Marvínia rompendo o silêncio – quer me contar o que está acontecendo?
-Desculpe Marvínia – falei dando um gole no chá – não quero falar sobre isso agora.
-Tudo bem – disse parecendo ficar nervosa do nada.
-Está tudo bem com você? – falei desconfiado.
-Está – falou piscando repetidas vezes e gaguejando. Ela estava mentindo, eu conhecia ela muito bem para deduzir isso.
- É mentira – falei colocando a xícara de chá na mesa de centro e olhando fundo nos olhos dela – o que está acontecendo? – depois que disse isso comecei a ficar meio zonzo. Os olhos de Marvínia ficaram cheios de lágrimas.
-Me desculpe – falou aos prantos – eles me obrigaram a fazer isso.
-Obrigaram a fazer o que? – falei assustado – vamos confie em mim, pode me contar – minha tontura foi ficando cada vez pior, minha visão começou a embaçar e eu havia entendido o que Marvínia estava dizendo – o...que...você... fez? – falei sufocando e caindo no chão.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Inimigos de Sangue
VampireEu era feliz. Por que era? Porque vivia em uma bolha onde minha vida era perfeita. Até eu descobrir quem realmente sou... Ai tudo mudou." Lianda pensava que sua vida era de uma adolescente normal, cursando o ensino médio e com muita vida pela frente...