Newt's hell.

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        Newt estava tendo um dia péssimo.

        Sua professora favorita de toda a faculdade havia-o dado nota negativa em um trabalho importantíssimo para a nota do bimestre, e que se não bastasse, ele levara três meses, cinco viagens e dois boquetes para conseguir terminar de fazer o que jurava ser sua obra-prima.

        Bom, talvez os dois boquetes não tenham sido de todo colaborativos com o trabalho, mas Newt se sentia menos puta se pensasse que sim.

       O que importava é que o pobre rapaz estava surtando, ele havia entregado uma coletânea de fotografias com o tema "Viagens significativas" e sua professora havia-o deixado sem nota, dizendo que o tema era inferior demais às capacidades de Newt.

        Que aquela velha se fodesse no inferno! Ele ainda a amava, mas diabos! Ele também precisava de nota.

        Ele precisava de nota e possuía míseros um mês e meio para encontrar um novo tema e entregar novas fotografias. Magnífico, Sra. Louise!

        Para ajudar, seu treino na academia fora desastroso e resultara em vinte minutos à menos na esteira, uma dor muscular infernal por ter aumentado o peso dos halteres e uma dor de cabeça horrível por culpa da nova playlist de mal gosto que o professor decidira colocar. E agora, como se para finalizar tudo de uma forma ainda mais merda e colaborar com o seu mau humor, Newt fora atingido por uma porta em frente ao edifício dos funcionários do condomínio enquanto voltava para casa e caíra de bunda no chão.

        Mas é o que dizem as más línguas, não pense nunca que não há formas de sua vida piorar quando ela já está ruim o suficiente, porque há.

        E uma das formas mais filhas da puta nas quais a vida pode te foder é fazer surgir através da porta que acabou de fazer-lhe cair de bunda no chão, um homem lindo, vestido em uma jaqueta de couro escura, uma calça justa e um cigarro entre os lábios. Um homem lindo, com um cabelo perfeito, a porra de um tronco perfeito e um maxilar perfeito também. Newt podia apostar seu diploma que sua professora não reclamaria de receber uma coletânea de fotos daquele homem.

        Ele não se importaria de tirá-las também.

        O rapaz sentiu as bochechas ferverem em vergonha e apressou-se em se colocar de pé ao que viu o outro caminhar em sua direção com um sorriso típico de quem não valia muita coisa nos lábios. E Newt sempre tivera um fraco por caras que não prestavam. Ele ajeitou o cabelo depressa e então o cheiro do outro lhe invadiu em cheio; o rapaz tinha cheiro de nicotina, perfume importado e hormônios, ou talvez, fossem apenas os hormônios de Newt descontrolados dentro de seu corpo, o cigarro agora estava hospedado entre os dedos longos e ele estava parado à poucos passos de si.

        - Eu sinto muito por isso. - ele declarou galante, observando Newt derreter-se ao som da sua voz e concordar exageradamente rápido com acenos de cabeça - Meu nome é Thomas. - se apresentou, estendendo a mão na direção de Newt, que pegou-a no mesmo instante em um cumprimento desconfortável.

        - Newt. - confessou e o sorriso de Thomas se alargou ainda mais, era bom saber que o garoto do prédio C tinha um nome. Seu pau e seus futuros orgasmos agradeciam verdadeiramente à aquilo, e ao sotaque carregado do rapaz também.

        Thomas tragou o cigarro esquecido em seus dedos e liberou a fumaça na direção oposta de Newt, não sabia a opinião do rapaz sobre tal prática e não pretendia aborrecê-lo.

        - Então, você mora por aqui? - perguntou interessado, como se não vivesse em função de seguir o rapaz através das câmeras de segurança do condomínio quando era designado à vigia do mesmo.

        - Sim. - Newt concordou monossílabo, sempre fora muito tímido no quesito se relacionar com pessoas desconhecidas, e por mais que acreditasse que houvesse perdido grande parte da timidez desde que começara a cursar a faculdade, aquele momento constrangedor provava que ele estava longe de se superar neste quesito, por mais que ele quisesse continuar ali e conversar com o outro rapaz, ele julgava-se incapaz de estabelecer uma conversa sensata com o mesmo, e fora por isso que, sorrindo educadamente Newt despediu-se do outro. - Eu preciso ir para casa, tive um dia realmente exaustivo.

        - Oh, tudo bem - Thomas concordou. - Em qual prédio você mora?

        - C - respondeu envergonhado, notando algum interesse exagerado vindo do outro rapaz.

        - Eu te acompanho até lá, - afirmou o outro sorridente - meu prédio não é muito afastado, de qualquer forma. - deu de ombros.

        - Você é do bloco 3 também? - perguntou interessado, enquanto punha-se a caminhar e era seguido por Thomas. Newt nunca vira o outro rapaz andando próximo à seu prédio, ou muito menos pelo condomínio, mas ele não se atreveria a reclamar da companhia do outro.

        - Quase isso. - declarou com descaso, mesmo que morasse no bloco 1, o que ficava exatamente no lado oposto ao bloco de Newt.

        Eles ficaram alguns minutos em silêncio, Thomas concentrava-se em seu cigarro e Newt tentava não pensar em como o cheiro másculo do moreno fazia-no perder os sentidos levianamente. O silêncio não era de todo desconfortável, mas também estava longe de ser agradável para o menor. Caralho, se fosse para caminhar pelo condomínio em silêncio, Newt poderia muito bem fazê-lo sozinho.

        Okay que ele era tímido, mas Newt sempre foi um adorador da comunicação, e fora por isso que ele decidira quebrar o silêncio entre eles com uma constatação estúpida e clara como um grito de desespero.

        - Eu nunca te vi por aqui. - falou baixinho - Quero dizer, no condomínio.

        - Eu não costumo sair muito de casa. - era mentira, mas ainda assim, Thomas deu de ombros como se aquilo não fosse uma grande coisa.

        - Você me parece o tipo badboy que vive em festas. - ele comentou divertido, rindo baixinho ao ver o outro arquear uma das sobrancelhas em sua direção.

        - Eu pareço o tipo badboy? - perguntou em falsa indignação, tragando o cigarro uma última vez antes de atirá-lo no chão já apagado e assistindo Newt concordar com sua pergunta. - E porque você acha isso?

        - Porque badboys são atraentes. - declarou sincero e sentiu as bochechas ameaçarem explodir em vergonha ao que se dera conta do que acabara de escorregar para fora de seus lábios. - Oh meu deus! Me perdoe, eu não quis dizer isto, eu... - o rapaz foi interrompido por uma gargalhada sincera vinda de Thomas.

        - Está tudo bem... - confessou divertido - Senhor "eu acho badboys atraentes!" - Thomas irritou-o. 

        - Você é insuportável. - Newt rolou os olhos.

        - E atraente. - completou o maior.

        - E agora vai ficar ai se achando! - resmungou fingindo indignação. 

        - Quando alguém como você me diz que sou atraente, eu me sinto no direito de me achar. - retrucou. 

        - Você é ridículo. - declarou diminuindo o ritmo de seus passos ao que eles estavam agora em frente ao hall do prédio C. 

        Newt mordeu o canto de seus lábios e observou Thomas encará-lo sem pudor algum, ele podia ser tímido, mas nunca fizera o tipo recatado quando se tratava de oferecer sexo à alguém. Ainda mais alguém tão bonito quanto Thomas.

        - Você quer entrar? - perguntou tímido e assistiu o sorriso do maior tornar-se malicioso e significativo. 

        - Você acabou de me conhecer, doce. - disse sério - Não deveria me convidar para entrar na sua casa assim, sem me levar para jantar ou dizer o quanto eu sou bonito.

        - Eu disse que você é atraente. - o rapaz deu de ombros e sorriu desafiador. 

        - Eu aceito o número do seu celular. - Thomas concluiu e estendeu seu aparelho já desbloqueado na direção do menor.

        O rapaz sorriu para o moreno e pegou o celular, gravando o seu número ali antes de devolver o aparelho de Thomas e correr para dentro de seu prédio.

BADLANDS //NewtmasOnde histórias criam vida. Descubra agora