As Paredes

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Se não fosse pelos infelizes, pelo que escreveria? Estou sozinho, porém hoje sinto que As paredes querem me devorar. Se eu ao menos fosse uma estrela pra explodir em paz sem incomodar ninguém… ah!, encontrei uma frase do Quintana nessa semana que Passou, onde dizia que morrer não melhora ninguém. Se eu ao menos conseguisse consertar o disco quebrado e coloca-lo pra tocar como outrora, eu estaria bem. Eu estaria um pouco bem, não inteiramente, porque sempre falta alguma coisa pra completar, pra preencher, e eu nunca fui preenchido, mas de qualquer maneira, conseguiria um disfarce, uma mascara que esconderia os meus pensamentos vorazes sobre a rendição. Mas a coragem nunca é suficiente e o medo da ponta afiada é sempre maior. Eu fico acuado entre as paredes brancas. Nunca ouve amor suficiente que transbordasse, nem tampouco as palavras cobrem as marcas das mágoas. Até quando? Pergunto, como que por impulso o silencio se quebrasse e o mesmo viria e responderia. Como um fantasma que ronda na espreita, apenas esperando ser chamado para responder todas as perguntas que não foram tragas as respostas. Se eu ao menos conseguisse por tudo pra fora, me livrar de todo esse entulho depositado dentro de mim. Se eu ao menos conseguisse ouvir um sim ao invés do não. Se eu sentisse ao menos um tapa na cara. Se eu ao menos conseguisse ver o que se esconde por trás do horizonte, talvez, eu conseguiria dizer que eu estaria bem, que as coisas vão mudar para melhor. Chegar a ser otimista outra vez, a acreditar, a criar, bordar sonhos com os dedos como em meio a minha alacridade moldava as nuvens a dava-lhe nomes. Talvez se eu conseguisse pegar nas nuvens, mas o céu limpo é tão bonito. Até quando as paredes vão suportar o entulho que carrego dentro de mim? Eu vejo pessoas passarem, eu vejo em algumas muros tão confiáveis. Eu vejo os seus prédios passarem pelas ruas, mas todos somos tão fáceis de sermos demolidos. Somos tão fáceis de sermos destruídos e sucumbidos por uma bola de demolição, que eu chego a pensar: de quantas maneiras teremos que nos reconstruir? Nos recompor. De pés outra vez para estarmos um pouco bem e sairmos na rua. Ah!, estou só mais uma vez. Eu olho para as paredes, existe uma rachadura que já esta chegando ao teto. Talvez eu devesse chamar alguém pra consertar, pra esconder a marca por algum tempo, mas a rachadura sempre volta. Já consertaram ano passado, mas esse ano, ela está pior. Se eu ao menos soubesse não voltar, mas eu sempre volto. Sempre tem algo que me puxa pra me ferir novamente. As Paredes,essas malditas Paredes.

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