Capítulo 1 - Babi

12 0 0
                                    

Era apenas o inicio da manhã, mas como qualquer interno de medicina lá estava eu rodado nos corredores de um hospital pedido a Deus que aquele maldito plantão acabasse logo. Eu estava em modo standy-by induzido pela junção de 24 horas sem dormir e muita cafeína.

Ainda faltava uma hora para que pudesse finalmente ir pra casa descansar, e pensando nisso e no possível transito infernal que enfrentaria até chegar em casa me dirigir ao refeitório atrás de um café bem forte. Antes de conseguir terminar de tomar meu café escuto alguém me chamar.

"Babi, a Dra. Renata quer você na emergência agora!" disse o Caio, um colega de classe.

"Droga!" sussurrei  e depois agradeci o Caio. Enquanto me dirigia à emergência pensando no que "a ditadora", como eu e minhas amigas a chamávamos em particular, queria comigo. Andava tão distraída segurando meu precioso café e pensando de que maneira "a ditadora" ia ferrar com a minha vida que acabei esbarrando com uma parede de músculos.

"Porra!" falei enquanto por reflexo tentava livrar meu jaleco de um desastroso 'banho' de cafeína. "Merda, merda e merda!" pensei, tentando respirar fundo. Eu com certeza não era uma pessoa boa quando estava com sono.

"Cuidado por onde anda, quatro olhos" escutei, o tom da voz escorria prepotência, e isso me fez levantar a cabeça. Uau! Ele era lindo! Alto, branco e pelo que dava pra vê do seu cabelo era preto, seus traços pareciam esculpidos e tinha um sorriso de lado do tipo molha calcinha que, literalmente, fez algo com a minha calcinha. Graças aos óculos escuro que usava não consegui vê seus olhos, também estava com um boné que lhe dava um ar travesso. De repente lembrei-me de como tinha me chamado e fiquei com uma puta raiva. Quem ele pensa que é? E por que diabo me olhava como se esperasse que eu soubesse quem ele era?

"Ótimo. Acho que entrei em um corredor errado e sai na pré-escola" falei, revirando os olhos e com sarcasmo escorrendo por cada palavra. "Sério? Quatro olhos?" pensei.

"Bom, levando em consideração que você quase me escalpelou, fui generoso" ele disse como se devesse agradecê-lo. Bufei e ia dando as costas para ir embora quando ele segurou meu braço e disse com aquele maldito sorriso "Não vai se desculpar?", dei uma risada forçada e disse "Não! Não vejo motivo." Puxei meu braço e sair pisando duro, de longe ouvi sua risada e, céus, era um som ronco que deixou-me arrepiada.

Quando sair de seu campo visual, respirei fundo tentado me acalmar, estava tremendo e não sabia se era devido à raiva ou nível de cafeína no meu sangue. Ainda teria que enfrentar a fera e não estava de bom humor. Peguei o elevador e rapidamente cheguei há emergência. A Dr. Renata estava lendo alguns prontuários quando cheguei. "A senhora queria falar comigo?" perguntei receosa.

"Sim, há quanto tempo está de plantão?" perguntou curiosa. "Há aproximadamente 24 horas." respondi hesitante sem saber onde ela queria chegar. "Um interno que iria acompanhar a Dra. Joana nas visitas hoje está doente e pensei que você iria querer ocupar a vaga, já que está precisando de algumas horas em G.O.¹. Acha que aguenta?" ela explicou-se.

¹Ginecologia e Obstetrícia

My song (Minha Música)Where stories live. Discover now