You are the ghost in the machine
Flickering
And I don't know what it means
You trouble me
Behind the smoke and the screen
I'm hiding, I'm hiding
But when the secret's out
And the wounded sing
What's lost is found
You trouble me
And it's troubling(Ghost in the Machine — The Fire and the Sea)
Passei alguns minutos pensando no que fazer. Deixá-lo ali? Não. Não parecia correto. Levá-lo a S.H.I.E.L.D? Definitivamente não. Os prisioneiros de lá não recebiam o melhor tratamento do mundo. Loki teve sorte de ter Thor por perto. Loki. Eu gostava dele. E se os agentes não conseguiram prendê-lo acordado, eu não conseguiria prender um homem desacordado. Covardia demais. Só então me lembrei de onde o conhecia. Ele era da H.Y.D.R.A. Ele matou Fury. Automaticamente senti certa simpatia pelo rapaz. O assassino de Nicholas certamente não merecia meu ódio.
Sorri boba, o encarando. O Soldado Invernal. Inconsciente. Na minha frente. Eu nem acreditava na existência dele e estava pagando a língua. Ele é uma história de fantasma, ouvi dizer uma vez. Tantas pessoas querendo sua cabeça enquanto eu o tinha ali, quietinho. Tão perto. Literalmente ao alcance das mãos. Se aquilo era sorte ou azar eu não sabia. Nem queria saber. Acabaria desistindo de ajudar se pensasse muito.
Afastei a máscara preta que encobria parte do seu rosto e notei que ele era bonito. Tinha traços bem marcados e lábios finos, a marca de uma barba bem feita. A arma da H.Y.D.R.A. Me vi curiosa de repente. Por que o chamavam de Soldado Invernal? Em um gesto brusco o suficiente para acordá-lo agarrei sua mão sem luva, buscando sentir sua textura. Parecia normal. Quente. Em nada lembrava o inverno. A pele parecia com a minha, com a exceção de que ele era mais pálido do que eu. A verdade me atingiu como um tapa. Ele era tão humano quanto eu. Não a máquina que eu esperava. Havia sangue por baixo daquele uniforme que o fazia parecer um robô. Havia um homem precisando de ajuda ali.
Quando me tornei uma agente da S.H.I.E.L.D, queria fazer algo certo. Eu já não era uma agente. Mas o desejo de ter algo pelo que viver continuava. Eu não podia deixá-lo ali e fingir que nada aconteceu. O instinto falou mais alto, e disquei o número de Alessa antes de notar. Tocou duas vezes.
— Alex? — Ela chamou sonolenta. Me senti culpada por acordá-la àquela hora. Já passava da meia-noite. Ela costumava me buscar na saída do bar nos dias em que não saíamos juntas. — Dormi um pouco enquanto te esperava... Pode esperar três minutinhos?
— Claro. — Sorri para o nada. — E vou precisar da sua ajuda. — Ouvi um suspiro provavelmente assustado. Alessa era anos mais nova do que eu, quase uma menina. Apesar disso era muito madura para a idade. Sabia tudo sobre mim e nunca se retraiu. — A S.H.I.E.L.D. me mandou um pacote meio pesado, não vou conseguir levantá-lo sozinha.
— Ahn... Tudo bem. Só três minutos, tá? — E desligou.
Notei que o clima estava ficando abafado demais e removi a jaqueta, jogando a peça sobre o corpo do homem. Será que ele sentia calor? Se bem que ele estava todo molhado, então supus que aquilo o aliviasse. Não importava. Pessoas desmaiadas não deviam sentir calor.
Mal comecei a pensar em como era louco ficar agachada no chão de uma rua no Brooklyn à meia-noite ao lado de um procurado e vi o carro de Alessa surgir na esquina. Graças à Deus, pensei me levantando. O que ela diria? E o que eu diria? Não consegui pensar em nada bom o bastante, então só fiquei esperando até ela estacionar na calçada em frente.
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Wintertime Dreams
AcakAlexandria Linton é uma mulher forte. Ex-agente da S.H.I.E.L.D., serviu de cobaia para um teste e se afastou da instituição após um acidente que por pouco não tirou sua vida. Desde então tenta levar uma vida normal, apesar das sequelas deixadas por...