Observei Juliana sair correndo e esfreguei o rosto, completamente frustrado. Tudo o que eu queria era conversar, pedir perdão por ter sido um babaca e fazer de tudo para ter minha namorada de volta.
— Acho que o plano não deu muito certo. — Isabela falou, se apoiando na janela do carro.
Assim que cheguei ao Brasil eu fui procurar por Isabela, eu sabia que ela era a única pessoa que me ajudaria a falar com Juliana, eu não queria aparecer de surpresa, mas foi justamente isso que ela me aconselhou a fazer.
— Definitivamente, não deu certo. — suspirei alto e encostei a cabeça no volante.
— Vocês conseguiram conversar, pelo menos um pouco?
— Não, eu até tentei, mas ela não quis me escutar. Eu não imaginei que tinha a magoado tanto.
— Ela ficou arrasada quando você foi embora. — Isa falou. — Chorava toda noite antes de dormir e quase não falava com ninguém. Até o dia em que ela simplesmente disse que não ia mais chorar por um babaca, ela até tentou voltar a ser aquela menina de sempre, mas aquele brilho no olhar desapareceu.
Eu só esperava que ela pudesse entender o que eu fiz e me perdoar.
• • •
Eu não conseguia dormir, não quando Juliana estava no quarto ao lado, me evitando desde que chegamos.
Quando fui entregar a mala que ela havia deixado no carro, ela apenas gritou para que eu deixasse em frente a porta. Ela ficou trancada naquele quarto a tarde inteira, na hora do jantar ela evitou olhar em minha direção e ainda foi a primeira a se retirar, com a desculpa de estar muito cansada da viagem.
Com sede, me levantei e saí do quarto, senti vontade de bater na porta dela, mas me contive.
Ao entrar na cozinha, encontrei Juliana devorando um enorme pedaço de bolo de chocolate.
— Sem sono? — Perguntei, assustando-a
— Que susto! — ela reclamou, levando a mão ao peito. — Pensei que fosse o Maurício, ele ia me matar se me visse comendo o bolo dele.
Ela falou e eu sorri por não ter sido ignorado.
— Eu não acho que ele vá acordar tão cedo, ele estava tão nervoso com o casamento que sua avó teve que dar um calmante para ele. — contei e meu peito se aqueceu com sua gargalhada.
— Ele está pior que a Isa. Você acredita que ele me levou para ajudá-lo na escolha do bolo porque, segundo ele, Isabela não sabe escolher direito já que só come porcarias lights?— ela comentou rindo.
— Senti sua falta. — soltei e ela parou de rir.
A cozinha ficou em silêncio, nossas olhares estavam conectados e nos olhos de dela eu via mágoa, tristeza e, aquilo que acendeu um brilho de esperança em meu peito, amor.
— Por que você não me contou? — perguntou com a voz baixa.
Eu quis tanto essa conversa, queria me explicar, pedir desculpas, mas eu não conseguia falar. Parecia que tinha um bolo em minha garganta, impedindo que as palavras saíssem.
— Eu... — respirei fundo, esfregando o rosto e me aproximei dela. — Eu não queria te magoar.
— Mas me magoou, querendo ou não. — murmurou desviando o olhar
— Eu sei e não há um dia em que eu não me sinta mal por isso. — nervoso passei as mãos pelo cabelo. — Quando eu recebi a proposta de ir trabalhar em Boston, eu vi a oportunidade da minha vida, bem alí na minha frente. Eu queria correr e dividir aquela alegria com você.
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Apenas Você
Historia CortaJuliana tinha certeza de que havia superado Caio, afinal, já haviam se passado dois anos desde que ele foi embora. Mas quando ele aparece na portaria do seu prédio, disposto a dar uma carona e reconquistá-la, ela percebe que nunca esteve tão enganad...