02| Caio

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Observei Juliana sair correndo e esfreguei o rosto, completamente frustrado. Tudo o que eu queria era conversar, pedir perdão por ter sido um babaca e fazer de tudo para ter minha namorada de volta.

— Acho que o plano não deu muito certo. — Isabela falou, se apoiando na janela do carro.

Assim que cheguei ao Brasil eu fui procurar por Isabela, eu sabia que ela era a única pessoa que me ajudaria a falar com Juliana, eu não queria aparecer de surpresa, mas foi justamente isso que ela me aconselhou a fazer.

— Definitivamente, não deu certo. — suspirei alto e encostei a cabeça no volante.

— Vocês conseguiram conversar, pelo menos um pouco?

— Não, eu até tentei, mas ela não quis me escutar. Eu não imaginei que tinha a magoado tanto.

— Ela ficou arrasada quando você foi embora. — Isa falou. — Chorava toda noite antes de dormir e quase não falava com ninguém. Até o dia em que ela simplesmente disse que não ia mais chorar por um babaca, ela até tentou voltar a ser aquela menina de sempre, mas aquele brilho no olhar desapareceu.

Eu só esperava que ela pudesse entender o que eu fiz e me perdoar.

• • •

Eu não conseguia dormir, não quando Juliana estava no quarto ao lado, me evitando desde que chegamos.

Quando fui entregar a mala que ela havia deixado no carro, ela apenas gritou para que eu deixasse em frente a porta. Ela ficou trancada naquele quarto a tarde inteira, na hora do jantar ela evitou olhar em minha direção e ainda foi a primeira a se retirar, com a desculpa de estar muito cansada da viagem.

Com sede, me levantei e saí do quarto, senti vontade de bater na porta dela, mas me contive.

Ao entrar na cozinha, encontrei Juliana devorando um enorme pedaço de bolo de chocolate.

— Sem sono? — Perguntei, assustando-a

— Que susto! — ela reclamou, levando a mão ao peito. — Pensei que fosse o Maurício, ele ia me matar se me visse comendo o bolo dele.

Ela falou e eu sorri por não ter  sido ignorado.

— Eu não acho que ele vá acordar tão cedo, ele estava tão nervoso com o casamento que sua avó teve que dar um calmante para ele. — contei e meu peito se aqueceu com sua gargalhada.

— Ele está pior que a Isa. Você acredita que ele me levou para ajudá-lo na escolha do bolo porque, segundo ele, Isabela não sabe escolher direito já que só come porcarias lights?— ela comentou rindo.

— Senti sua falta. — soltei e ela parou de rir.

A cozinha ficou em silêncio, nossas olhares estavam conectados e nos olhos de dela eu via mágoa, tristeza e, aquilo que acendeu um brilho de esperança em meu peito, amor.

— Por que você não me contou? — perguntou com a voz baixa.

Eu quis tanto essa conversa, queria me explicar, pedir desculpas, mas eu não conseguia falar. Parecia que tinha um bolo em minha garganta, impedindo que as palavras saíssem.

— Eu... — respirei fundo, esfregando o rosto e me aproximei dela. — Eu não queria te magoar.

— Mas me magoou, querendo ou não. — murmurou desviando o olhar

— Eu sei e não há um dia em que eu não me sinta mal por isso. — nervoso passei as mãos pelo cabelo. — Quando eu recebi a proposta de ir trabalhar em Boston, eu vi a oportunidade da minha vida, bem alí na minha frente. Eu queria correr e dividir aquela alegria com você.

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