Capítulo - 6

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Alice acordou na manhã seguinte com o som de gritos. Gritos de Isaac e Guilherme. Os dois discutiam sobre ela.

A garota levantou-se cambaleante da cama e caminhou lentamente para a sala, onde os dois brigavam.

- O que está acontecendo aqui? - perguntou.

- Você é um inconsequente, Guilherme! - Isaac berrou, apontando para Cheshire. - Largou Alice bêbada sozinha! Ela poderia ter sido estuprada ou coisa pior!

- Mas ela não foi! - o outro devolveu com o mesmo tom de voz. - E onde você estava quando ela foi ao banheiro? Nem no bar você estava para "cuidar dela"!

Os dois estavam tão imersos na discussão que nem a notaram ali. Só quando ficou entre os dois e segurou os punhos de Isaac, que iriam em direção ao rosto de Guilherme. Deu um abraço forte em Chapeleiro, como se pedisse para parar de brigar com aquele gesto.

- Porque estão brigando desse jeito? - perguntou em um fio de voz.

- Esse inconsequente te largou bêbada no bar. Podiam ter te machucado ou coisa pior. - devolveu em um murmúrio, beijando o cabelo azul de Alice.

- Nossa! - Cheshire exclamou, o sorriso característico do Gato de Cheshire nos lábios. - Isaac, desse jeito você nem parece perigoso! O que aconteceu, cara?

Perigoso? Isaac não é perigoso, pensou, cerrando as sobrancelhas.

- Cale a boca! - gritou, empurrando Alice para longe. - Você não tem o direito de falar sobre a minha vida! Principalmente com Alice aqui!

E quando a garota percebeu, Isaac já estava em cima de Guilherme, socando o rosto e o pescoço do garoto. Chapeleiro só soltou Cheshire quando Alice ficou entre os dois. Enquanto empurrava o ruivo para longe, deixou Guilherme jogado no chão.

- Vai ficar tudo bem, Chapeleiro. - murmurou, acariciando o ombro dele. - Controle a sua raiva, por favor.

Depois, ajudou Guilherme a se levantar e o mandou para fora aos berros. Quando voltou, Isaac estava sentado no chão do quarto dele, batendo o pé loucamente no chão, o olhar direcionado a um ponto do chão de madeira. Ajoelhou-se na frente dele, um olhar doce,

- Pode me esclarecer o que aconteceu agora, Isaac? - Segurou as mãos dele, que estavam muito geladas. - Não quero brigar com você.

Ele não respondeu, apenas levantou-se em um ímpeto e correu até a porta com a chave do carro na mão, sem dizer completamente nada.

(...)

- Sarah, eu estou muito preocupada. - Alice apertou ainda mais o telefone na orelha, os olhos marejados. - Ele está fora desde as nove da manhã... Eu tento ligar para ele, mas cai na caixa postal. Ele saiu há onze horas, e eu não sei o que fazer.

- Alice, Isaac tem esses surtos. - Duquesa disse, tentando acalmar a garota. - Ele já comentou com você que tem o diagnóstico de bipolaridade e déficit de atenção, e é completamente normal que ele queira sair para respirar. Além disso, Isaac faz isso desde criança. Daqui a pouco ele volta, eu te garanto.

- Bem, obrigada. Vou esperar ele voltar para conversarmos.

- É provável que ele não queira tocar no assunto. Uma vez ele me disse que "tudo que acontece no 'esconderijo', fica no esconderijo".

- Você sabe onde fica esse "esconderijo"? - perguntou esperançosa.

- Eric deve saber. Espere um minuto, sim? - O silêncio durou menos de cinco minutos, tempo suficiente para as lágrimas que Alice segurava caírem com tudo. Quando Duquesa voltou, os soluços pararam. - Ele acabou de me dizer que fica na rua da escola de vocês. A última casa da rua sem saída. Paredes amarelas desbotadas e rosas no portão de ferro.

Apenas AliceOnde histórias criam vida. Descubra agora