cinco | t y p e s

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" O coração quer o que quer. Não há lógica para essas coisas. Você conhece alguém e você se apaixona, isso é tudo." - Woody Allen

Estava em um dos meus lugares preferidos de todo o mundo naquela tarde, a livraria. Ouvi a porta se abrindo e vi que você tinha acabado de entrar.

Aquilo não podia estar acontecendo.

É claro que fingi que não te vi. Fixei meu olhar em um livro em particular e tentei não olhar em sua direção.

— Vai fingir que não me conhece? — Você perguntou, parando bem atrás de mim.

— Eu não te conheço. — Eu respondi sem tirar meus olhos do livro que estava pensando em comprar.

— Você disse que eu era um cafajeste convencido há alguns dias. Acho que você me conhece bem o suficiente.

Eu me virei bruscamente e finalmente te encarei.

— Você está me seguindo, por acaso? — perguntei, tentando ignorar como você ficava incrível naquela blusa azul.

Droga, Kellan, por que você tinha que ser tão bonito?

Dificultava tudo.

Era difícil encarar seus olhos cinzentos e ficar irritada ao mesmo tempo.

— Te seguindo? Não seja tão convencida. Estou aqui à procura de um bom livro. O fato de você estar aqui no mesmo dia e na mesma hora é apenas uma coincidência. — Você disse, pegando um livro qualquer na estante, fingindo analisá-lo atentamente.

Eu ri e rolei os olhos.

— Qual é a graça? — Você perguntou, me encarando.

— Você não está aqui à procura de um livro.

— Claro que estou. Por que você acha que não?

Eu dei de ombros e respondi:

— Você só não parece ser o tipo de cara que gosta de ler. Ou melhor, você não parece ser o tipo de cara que sabe ler.

— E você não parecia ser uma desalmada arrogante quando eu te conheci. As aparências enganam.

Eu te encarei e sorri, porque essa era a última coisa que você esperava que eu fizesse depois de me chamar de desalmada arrogante.

Mas então você sorriu de volta, como se já estivesse esperando que eu fizesse justamente isso. Como se já estivesse um passo à frente.

Bastardo.

— Pois é, enganam mesmo. E pare de dizer que me conhece. Você não me conhece.

— É ai que você se engana. Eu te conheço melhor do que você pensa, Charlie.

E você estava certo.

Você me conhecia melhor do que ninguém, Kellan. Talvez até melhor do que eu mesma.

E eu sempre odiei isso. Sempre odiei a forma como você conseguia ver através de mim. Eu sempre fui boa em me fechar e me esconder, mas eu nunca consegui me esconder de você.

— Vai embora e me deixe em paz. Eu estou tentando escolher um livro.

— Eu também. — Você disse, fingindo inocência.

— Ah, é? — perguntei, me virando em sua direção e cruzando os braços. — E qual é o tipo de livro que você mais gosta? — desafiei-o, erguendo as sobrancelhas.

Você ficou em silencio por vários segundos, até responder:

— Romance.

Eu ri. Era tão óbvia a sua mentira, que chegava a ser engraçada.

— E qual é seu livro favorito? — perguntei.

Você olhou para o livro que estava em minhas mãos e disse:

— "Razão e Sensibilidade".

— Mas que coincidência o seu livro favorito ser justamente o que eu estou segurando no momento. — Eu disse, te lançando um olhar sarcástico.

— Pois é, acho que temos isso em comum. — Você disse, dando de ombros.

Eu rolei os olhos pela vigésima vez naquele dia.

Eu costumava fazer muito isso quando você estava por perto.

Suspirei e disse:

— Pare de perder seu tempo. Você não faz meu tipo.

Você sorriu.

— É claro que eu faço o seu tipo e é justamente por isso que você me odeia. Eu sou exatamente o que você quer, mas que não deveria querer.

Eu ri e te chamei de convencido.

Mas acontece que mais uma vez você estava certo.

Eu não sabia disso na época e, quando me dei conta, já era tarde demais.

— Então meu tipo são homens cafajestes? — perguntei.

— Você chama de cafajestes, mas eu chamo de homens capazes de rebater essa sua língua ferina — Você devolveu.

Te ignorei e fui até o balcão pagar o livro. Você me acompanhou. Ou melhor, me seguiu.

— E qual é o seu tipo, Kellan? Qualquer coisa que respire?

Você sorriu.

— Eu não tenho um, mas se tivesse, com certeza seria você.

Eu te encarei por algum tempo em silêncio.

Você era bom, Kellan. Eu precisava admitir.

Você era realmente incrível na arte de flertar. Qualquer outra garota cairia de amores por você.

Mas não eu.

Bem, foi isso o que eu pensei na época.

Eu fui embora da loja com o meu livro nas mãos e a minha cabeça perdida em você. No seu sorriso, na sua voz e nos seus penetrantes olhos cinza.

Eu não queria me envolver porque eu não queria nenhum drama em minha vida naquele momento. Eu gostava dela como ela estava. Eu não queria complicá-la com algum relacionamento ou algo do tipo.

E você havia me deixado muito intrigada, o que era extremamente perigoso, porque eu sabia que se nos envolvêssemos eu podia acabar realmente gostando de você. E eu não queria ter sentimentos por ninguém naquele momento, principalmente por você, que era um canalha assumido. Mas você estava dificultando as coisas para mim.

Acontece, Kellan, que hoje eu percebo que nunca realmente tive um tipo.

Eu não tinha queda por cafajestes convencidos.

O único cafajeste convencido pelo qual eu tive uma queda foi você.

E essa é a quinta razão pela qual eu te odeio:

Meu tipo era e sempre foi você.

Só você.




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Com amor, CharlieOnde histórias criam vida. Descubra agora