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*notepad*

Olá Moon, mais um dia enfrentando essa merda que chamamos de vida. Mal acordei e já me deparo com algumas coisas que pioram as minhas primeiras horas acordada: meu padrasto batendo na minha mãe e sua boca sangrando. Juro que se eu tivesse forças eu matava ele, mesmo se eu fosse presa ou algo do tipo mas, sei que não posso soltar meus demônios pra fora porque diriam que eu sou louca, paranóica, psicopata. Mas enfim, vou botar meu "lindo" sorriso no rosto e fingir que tá tudo bem.

Passo pela cozinha e minha mãe está com um saco de gelo em sua boca, ela tenta disfarçar mas ela sabe que eu vi tudo.

-Quer alguma coisa filha?
- Eu pediria algo mas sei que você não o faria então, não quero nada, obrigada.

Pego minha mochila e vou para o ponto de ônibus.
Olho meu celular para ver as horas, e antes de ligar a tela vejo o reflexo do meu rosto, pálido, com sardas, e olheira profunda. Ótima aparência para um ótimo dia.
Já são 15 para as 7 e o ônibus não passou, então resolvi ir caminhando, na verdade correndo porque faltava exatamente 25 minutos para a aula e eu morava a uns 5 km da escola.

Nunca andei tanto na minha vida, parece que meu pulmão está falecendo. Ainda faltam 5 minutos para a aula começar, vou beber água.

Estava checando meus materiais na bolsa quando no caminho...

-Uh, você é idiota?- diz Mel, a menina da vida "perfeita" e que me odeia obviamente.
Não respondi nada, apenas ignorei e comecei a pegar meus materiais que haviam caido no chão.

-Me responde sua doidinha inútil, tá com medo é?

-Me deixa em paz

Nesse momento ela agacha e aponta seu dedo no meu rosto. Eu olho para ela tentando não mostrar a raiva que estou sentindo.
- Se você esbarrar em mim de novo...
- Sai daqui Mel, deixa a garota em paz - um menino dos olhos claros diz
-Mas...
-Por favor
Mel sai bufando com suas amiguinhas trambiqueiras.

Ele me ajuda a pegar minhas coisas e passa a mão na minha testa que estava sangrando porque eu havia caido e batido a cabeça quando esbarrei naquela bonequinha de luxo do Paraguai.

-Você esta bem?

- S-sim mas, eu poderia ter me virado sozinha

-Eu acho que não, meio difícil se livrar daquela mocinha impertinente

Apenas levanto pego minha mochila e vou correndo em direção a sala, ouço ele me gritar mas ignoro.

*bate o sinal para o intervalo*

Quando ouço o sinal tocando sinto um alivio, já não aguentava mais a aula de história, essa professora é louca.
Pego meu lanche e procuro uma mesa o mais distante possível de qualquer ser humano que possa querer vir me encher o saco. Achei uma vazia então me sentei, e comecei a comer. Sinceramente eu não estou com fome mas como diz minha mãe "saco vazio não para em pé.
Eu não sou de comer muito (como deu para perceber), portanto eu passo a maior parte do tempo do intervalo na biblioteca lendo livros sobre filósofos, amo filosofia.
Este é o único momento em que eu me sinto realmente bem, só que algumas pessoas nasceram especialmente pra tirar esse meu momento de bem estar.
-Ei sarnenta, ops sardenta. - ela me olha com um olhar de tiração e depois pisca para suas capangas que começam a gargalhar como se tivessem sido ensaiadas para fazer isso.
Revirei os olhos
-Não precisa revirar os olhos meu amor, vim aqui só pra dar um recadinho simples para você
- E se eu não estivesse a fim de ouvir o que você vai dizer? Olha, eu acho que a sua presença aqui é bem desnecessária, não sabia que animais frequentavam bibliotecas.
Não devia ter dito isso mas não aguentei, essa loirinha me tira do sério.
Peguei meu livro e sai andando rápido mas algo me puxou para trás e eu cai.
A última coisa que eu lembro foi um olhar sarcástico para mime outro de desespero do menino que havia me ajudado horas antes, depois eu simplesmente apaguei.

Fear of DeathOnde histórias criam vida. Descubra agora