- Senhor Thiago - a professora de português bateu na cabeça do rapaz com uma certa ferocidade, sua cabeça ficou cheia de pó branco, pintando seus cabelos negros que caiam pelos olhos. O garoto com um susto levantou a cabeça, seus olhos castanhos claros estavam inchados, sua pele clara suava, sua boca retorcida em um sorriso.
- Foi mal Professora - Seus olhos focaram nos olhos da professora, a professora sentiu um arrepio e se virou, o garoto deu de ombros e olhou para o lado a procura de horas - Ei sthefany - a garota olhou com toda a esperança do mundo para ele, como se ele fosse chama-la para dormir com ele agora mesmo. Ele sorriu, seus dentes claros chamaram a atenção da garota, que com um sorriso em seu rosto respondeu.
- Oi Thiaguinho - Thiago sentiu vontade de rir, se perguntando "porque é tão fácil iludir os outros? " Sorriu mais uma vez.
- Que horas são, minha querida? - Ela sorriu e mexeu os lábios dizendo "quatro e cinquenta" - Obrigado. Professora posso ir no banheiro? Estou tão apertado.
- Não demore, já estou sem paciência com você - Thiago sorriu para a professora e saiu da sala.
No corredor alguns alunos já tinham saído das salas, e enquanto passava Thiago era cumprimentado, a maioria era mais nova, afinal ele cursava o terceiro ano do ensino médio. Foi direto para o banheiro.
Se olhou no espelho, seu rosto mostrava completo nojo por si mesmo, enquanto se encara ele percebia o quanto se odiava e odiava as coisas ao seu redor, tirou o celular do bolso e visualizou duas mensagens da namorada.
Para Thiago namoros funcionavam como divertimento, usava e abusava das meninas até cansar de seus rostos, suas crises de raiva e depressão não ajudam em nada e ele mesmo não conseguia gostar de nenhuma delas.
"Amor. Vai poder passar aqui em casa depois da escola?"
"Sinto sua falta, quero te ver"
Patrícia era uma menina muito amorosa, Thiago respondeu a mensagem e sorriu com o pensamento de terminar com ela hoje, ela era até legal, mas ele já tinha se cansado dela. Encostado na parede se olhou no espelho.
O espelho refletia seu rosto podre aos seus olhos, tentou sorrir mas viu que era falso e desistiu, estreitou os olhos e piscou. Agora o rosto que via era o da mãe, ele desencostou da parede e socou o vidro onde até pouco tinha visto a mãe. O vidro se espatifou em vario pedaços, mas ele continua a socar o buraco.
Parou quando recobrou a consciência, suas mãos sangravam e em alguns pedaços do espelho estavam cortando profundamente seu punho, olhou nos pedaços de espelho que ainda estavam na parede e viu a si mesmo. Parou lavou as mãos, retirou os pedaços dos punhos com esforço e dor. Lavou as mãos mais uma vez e começou a chorar, sem motivo algum, escutou o sino tocar sinal que as aulas tinham acabado, enxugou as lagrimas e foi para a sala pegar a mochila.
Enquanto saia da sala com as mãos cobertas pelo casaco, tentava se esconder de tudo e de todos, ele não estava se sentindo bem e muitas pessoas ao seu redor o deixam enjoado, seguiu pelas ruas sinuosas de Brasília enquanto escutava "nightmare" de Avenged Sevenfold. Começava a escurecer, mas logo estaria na casa de Patrícia e lá estaria seguro. As ruas de Brasília andam bem perigosas.
Chegou na casa enorme da sua namorada, bateu no portão com o punho enfaixado pelo casaco que agora estava encharcado pelo sangue que escorria de seus cortes. Na porta, Patrícia apareceu e o puxou para dentro, ela usava uma camisa curta e uma saia que ficava balançando em seu corpo, sua orelha cheia de piercings brilhava e seus colares balançavam enquanto o arrastava até o sofá.
- Meus pais saíram e só voltarão mais tarde - ela disse sorrindo, o puxou para um beijo, colocando a mão entre eles ela ficou horrorizada, enquanto Thiago se mantinha sem expressão - vamos, tem um quite medico na cozinha.
Ela o conduziu pela sala até chegar a cozinha onde embaixo de uma das várias estantes tinha uma caixa com algumas gazes e outras coisas que podiam ajudar, ela a puxou e abriu, sentou no chão e pediu que ele fizesse o mesmo, ainda serio ele sentou e deixou que ela tirasse o casaco encharcado do seu punho direito. Ela derramou um liquido na gaze e passou no corte da parte de cima da mão. Thiago puxou a mão e empurrou ela, pegou as coisas para limpar as feridas e foi para a sala fazer ele mesmo.
- Você não ta bem, o que ouve? - Patrícia surgiu na frente dele com os braços cruzados demonstrando preocupação
- to sim isso foi um acidente - Thiago respondeu, já tinha limpado os corte e estava enfaixando a mão. Quando acabou fez o mesmo processo com a outra.
- Muito bem - ela levantou a camisa mostrando o sutiã preto, sorrindo a tirou - minha vez de cuidar de você, seu corpo - esplêndido chamando Thiago, mas ele negou se levantou - ei, espera aonde você vai?
- Embora, acabou Patrícia - a princípio ela sorriu, mas logo viu o rosto serio dele e começou a soluçar
- Mas eu te amo, não faz isso comigo
- Por isso mesmo, eu não te amo - Thiago sorriu, se virou e saiu deixando a garota aos prantos.
######
Abriu a porta de casa e entrou, a tv estava ligada passando o noticiário.
- Pai - ele subiu as escadas e foi até seu quarto, tirou o tênis da escola e a farda, colocou um short e desceu - pai cheguei.
Sem respostas, foi atrás do pai. Chegando na porta do quarto dele escutou um soluçar, quando a abriu viu seu pai chorando na cama, uma garrafa de vodka do seu lado vazia, e várias fotos da mãe dele, fotos da sua mãe quando ainda era viva, lembranças que pareciam ter sumido de sua lembrança a tempos. Thiago foi até o pai e tirou a garrafa de cima da cama, guardou as fotos e fez carinho na cabeça do pai até ele adormecer.
A cena era confortante menos para Thiago, aquilo só aumentava o vazio no coração dele. Ele se levantou e sem fome foi direto para o quarto, colocou o fone de ouvido e adormeceu escutando "Creep" de Radiohead.
Acordou com um pulo. Desceu as escadas e foi até o quarto do pai, se aproximou e escutou um ruído, que vinha de sua boca, colocou a mão no peito dele e não sentiu batimento algum. Parou um estante e pensou em deixar o pai ali, à beira da morte. Sorriu e pegou o telefone para ligar para uma ambulância ou algo do tipo. Não conseguiu, tentou mais três vezes, e nada. Com raiva correu atrás da chave do carro.
Ser maior que o pai ajudou a carrega-lo até o carro e por ele no acento do passageiro, correu para casa, pegou a carteira do pai, alguma coisa para comer, um casaco limpo e uma calça. Se vestiu rapidamente. Voltou para o carro e checou os batimentos do pai mais uma vez, ainda batia, vagamente mas batia, ele pensou mais uma vez em deixa-lo morrer.
O portão se abriu e ele saiu pisando fundo no acelerador, o celta velho do pai correu pelas ruas na madrugada vazia.
Passando por vários sinais vermelhos Thiago não reduzia a velocidade, seu pai começou a falar coisas sem sentido como se tivesse acabado de acordar de um pesadelo. Estavam chegando ao hospital quando o pai dele deu um pulo no volante e puxou a direção.
- Não, seu idiota - Gritou Thiago, mas já era tarde, o carro começou a rodar, havia chovido antes e a pista estava molhada, Thiago segurando o volante com força para manter o controle, mas o carro continuava a patinar até que o pneu saiu do chão e o carro capotou.
O para-brisa explodiu em mil pedaços no primeiro giro, no segundo já não se dava para ver mais nada, no terceiro o carro capotou de frente e caiu de lado.Do lado do passageiro. Quando Thiago abriu os olhos seu pai ainda se mexia no carro, pouco mais ainda se movia. Seu braço tava preso e sua cabeça sangrava.
- Pai, Pai calma vou tirar a gente daqui - ele tirou o cinto e olhou ao redor, suas mãos cortadas ardiam.
Sentiu um baque forte e viu o pai sendo esmagado, a buzina soou e Thiago bateu a cabeça no carro e apagou lá dentro.
As musicas citadas ao longo da historia são uma espécie de playlist, musicas ótimas que aconselho você escutar enquanto lê, talvez de um ar a mais para a historia...
Espero total apoio de vocês com esse livro, muitas ideias, muitos planos e um grande rumo esse historia vai seguir.
Comentem, favoritem.... vlw ....flw
VOCÊ ESTÁ LENDO
Asylum - Estranhos e Diferentes
Mystery / ThrillerThiago é um jovem que se dá bem na escola, conhece todo mundo e tenta se passar por uma boa pessoa. Mas seus problemas mentais e medos do passado o atormentam, com a morte recente do seu pai ele se torna um órfão e acaba fazendo uma sequência de coi...