Capítulo 1 - Iniciação

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"Você jura seguir as ordens Dele?"

- Juro. - disse serenamente.

"Você aceita seguir as presas Dele, como se fossem suas, e matá-las pela vontade de Deus?"

- Aceito. - Susana sorria enquanto eu respondia cada pergunta com sinceridade.

Gazagael molhou as mãos com óleo ungido e passou em minha cabeça.

"A partir de hoje, está consagrada a ser iniciada, se aprofundar mais em nossos conhecimentos e dedicar-se inteiramente à caça de vampiros, Leviatãs entre outros demônios que fogem das grades do inferno, para serem mandados novamente para o inexistente."

Gabriel sussurrou uma oração e sorriu assim que terminou.

- Bem vinda, Kim. Você é uma de nós agora. - sorri sem jeito e mesmo apertou minha mão.

Me levantei e Miguel me guiou até uma sala, acompanhado de Miriam.

- Sabe que este é um momento muito importante, certo? - afirmei com a cabeça, respondendo a pergunta de Miguel. - Não poderá mais voltar atrás se fizer a escolha errada.

- Ok. - eu não era boa com as palavras. Para falar a verdade, não sou boa até hoje.

Andamos em silêncio até eles abrirem um grande portão dourado.

Pude confessar que fiquei encantada com a quantidade de armas que existiam nas prateleiras e suspensórios de mármore e madeira de carvalho.

Passeei pela sala alisando as lâminas das diversas facas apoiadas em suspensões no canto Oeste do enorme salão.

Parei em frente a dois machados. Eles tinham lâminas grandes, tendo na parte inferior, próxima ao cabo que segurava a lâmina, cada um uma cruz, marcadas.

Seus cabos tinham uma coloração de Ouro antigo e deveriam medir aproximadamente de um à um metro e meio de altura e dez centímetros de diâmetro. Havia desenhos lindos gravados em todo o cabo.

- Não vai querer um desses. É muito chamativo, você terá de amolar a lâmina todos os dias. Sem tirar o fato de que são grandes demais. - Hadassa disse coçando os olhos. - Sem tirar o fato de que a última pessoa que portou esse machado... como posso dizer...

- Morreu? - perguntei tirando um dos machados da suspensão de mármore e apoiando-o em meu ombro esquerdo.

- Exato. - Miriam disse respondendo minha pergunta. Apoiei em meu ombro esquerdo a arma que eu tanto alisava. 

- Mas, eu acho que ficarei com ele. - Mordecai apareceu atrás de mim e continuei falando e andando pela sala - Aliás, é fácil de manusear e a munição nunca acaba! - todos riram do meu comentário e Mordecai disse encostado em uma armadura de ouro.

- Bem... Está vendo aquela mochila de couro ali? - afirmei com a cabeça - Nela, tem tudo de básico que você precisa. Cordas algumas facas, sal, crucifixos... Bem, tudo que precisa.

- Valeu, gente. Sério mesmo. Não sei o que faria sem vocês. - Disse colocando a mochila nas costas e pendurando o machado em meu cinto, o que o impedia de cair da minha cintura.

- Hmmm... Kim? - Hadassa dizia me chamando. Me virei e ela continuou: - Tome cuidado com os humanos. São corruptos e perigosos. Lembre-se: Muitos humanos e um anjo, juntos, chama atenção de vampiros, canibais e lobisomens. Vampiros não te atacarão e... Mais uma coisa: Para falar conosco, você sabe o que fazer. - sorri e assenti. Desci as escadas e o anjo guardião disse:

- Boa sorte. Esta é a etapa final. Espero que consiga passar. - agradeci e vi uma luz branca muito forte. Aquilo me ofuscava, e me deixava basicamente cega.

Minhas asas sumiram e comecei a ofegar. Senti uma pressão sobre meu rosto, equivalente à de um avião pousando. Minhas roupas foram mudando de forma, até se parecerem com uma blusa de meia manga e uma saia azul. As sandálias viraram tênis e meu cabelo foi se prendendo em um rabo de cavalo e ganhou uma coloração de castanho escuro com as pontas azuis.

Tudo voltou ao normal. Desta vez, eu estava com um cinto envolvendo minha cintura. Olhei para o lado e vi uma garota de cabelos curtos e negros, com um alargador em cada orelha.

Abri um caderno que tinha algumas anotações.

"Oi, aqui é a Hadassa. Essa garota que se encontra do seu lado, é Marlee. Ela é uma canibal-pecadora, então, é melhor tomar cuidado. Vocês duas são melhores amigas. O apelido dela é Lee. Tem dezoito anos, como você e é sua melhor amiga. Ela te apelida de Kim, Ellie, Beth e Gray. Então... não estranhe se ela te chamar de algum desses.

E... mais uma coisa. Você irá estudar no internato Gold Winter. Você ganhou uma bolsa de 100% para estudar lá. Aproveite com juízo!

Era só isso. Boa sorte."

De repente, escuto uma voz no reprodutor de som do avião:

- Senhores passageiros, bem vindos a Big Stone City. Chegaremos em cerca de cinco minutos ao aeroporto, onde desembarcaremos.

Big Stone City...  Estranho. É um nome engraçado. Cidade da grande pedra.

- Senhores passageiros, chegamos ao seu destino.

Lee estava dormindo. Pensei em acordá-la, mas, antes de poder fazer isso, um garoto esbarrou em seu braço, o que a fez a acordar de imediato.

- Ai! - ela exclamava talvez de dor.

- Desculpa.  - ele disse pegando a mala e indo em bora.

- Que cara mal educado. - ela resmungava. - E então, Ellie, vamos? - ela perguntava coçando os olhos ardentes em sono.

- Vamos. - Lee e eu pegamos nossas malas e nos dirigimos até o ponto de ônibus do aeroporto. Ficamos lá por aproximadamente, duas horas, e, estava começando a escurecer.

- É... - Marlee exclamava bocejando - Passa carro, van, cachorro, gato, pássaro, Lady Gaga, Madonna, Jesus, mas, meu ônibus não passa. - ri pelo nariz de seu comentário, e abri um breve sorriso.

- Espera, não é aquele? - apontei para o veículo que se aproximava.

- Sim! É ele mesmo! - fizemos sinal para que parasse, e subimos no ônibus. - Você até que tem bons olhos, para uma ceguinha. - eu usava óculos, então, fiz uma careta para ela e a mesma retribuiu com outra.

Esperamos por cinco minutos e logo vimos o internato. Descemos um ponto antes e caminhamos até o local.

- Olá! Vocês devem ser Kimberley e Marlee. - ela parecia muito extrovertida e hiperativa para uma representante de classe - Sou Francine, sua representante de classe! Mas podem me chamar de Fran ou Frankie. Eu acompanharei vocês até seus devidos dormitórios. - a acompanhamos por dois minutos até que paramos no quarto 543.

- Espere, dividiremos o mesmo quarto? - perguntei.

- Sim. Algum problema

- Não. Não há nenhum problema. - disse, com uma expressão cansativa. - Quando começam as aulas?

- Amanhã mesmo. Às sete da manhã. E... temos toque de recolher, que será às dez da noite. - sorrimos e entramos. Fechamos a porta e Lee revirou os olhos.

- Garota metida. 

- Dê a ela uma chance, Lee. Ela pode muito bem estar sendo obrigada à falar conosco com toda essa doçura.

- Vai dizer que fora da escola, ela é uma garota mais rebelde que eu?

- Vai que ela é. Nunca se sabe.







Continua...

O Anjo NegroOnde histórias criam vida. Descubra agora