P.O.V Kim
Tentei desviar o olhar por um tempo, e voltei a andar. Essas pessoas... O que há de errado com elas? Acho que... Eu vou ter que me acostumar com pessoas coabitando nos corredores da escola. Olhei em volta e vi Carter passar por mim, ainda me encarando. Puxei o braço dele com toda a minha força.- O que foi, Grace?
- Você viu aquelas pessoas... Porque elas estavam... Coabitando nos corredores? - ele começou a rir.
- Coabitar... Eu não escuto essa palavra a muito tempo. Vocês falam assim em Ohio? - estávamos sussurrando, enquanto voltávamos a caminhar, dessa vez em direção ao refeitório. Em seu rosto, era notável uma espécie de expressão sarcástica. Não era algo que eu estava acostumada a ver no céu, então demorei alguns segundos para associar.
- Você não respondeu minha pergunta. - ele soltou um leve sorriso, enquanto sentava em uma das mesas e me oferecia um lugar em frente a ele.
- Eles não estavam "coabitando", Kimberly. Eles estavam se beijando. Pessoas fazem isso quando estão compromissadas umas às outras. Ou só quando querem mesmo.
- Mas... Não era para isso ser proibido em um ambiente escolar?
- Kimberly, entenda que isso é um internato. Alguns deles, só se importam com o aluno dentro da sala de aula. Nos corredores ou até mesmo no dormitório, eles só não querem que você se mate. Mas o resto... Bem, você pode fazer de tudo. E, Gold Winter é um desses internatos. Você só pode aturar essas pessoas se pegando nos corredores. - minha expressão deveria estar engraçada, pois ele começou a rir - Grace, parece até que você acabou de nascer. Você não sabe que o mundo é desse jeito?
- Claro que eu sei... - não sabia se eu havia dado uma resposta muito vaga. Mas foi a primeira e a última vez que respondi uma pergunta naquele tom. Ele me encarou e deu de ombros. Levantei lentamente da mesa, escutando minha barriga roncar - Eu tenho que pegar alguma coisa para comer. Então, caso não se importe, eu tenho que ir. - ele me encarou um tanto desconfiado e deu de ombros.
- Tudo bem. Só que o intervalo aqui só dura cinco minutos. E acabamos de gastar dois deles conversando. Boa sorte para conseguir comer alguma coisa em três minutos. - me afastei da mesa e comecei a me dirigir para o meu dormitório.
Pude notar como aquele não era um internato minimalista. Havia tudo ali de bibliotecas até drogarias, provavelmente para evitar a saída constante dos estudantes. Eu corri para poupar tempo, e assim que consegui chegar no meu quarto, o sinal tocou. Mas meu estômago roncou mais alto. Abri a porta com violência e peguei algo para comer. Não era algo que daria conta da minha fome, mas teria que segurar até a próxima pausa. Enquanto eu arrancava os pedaços daquela coisa, os minutos corriam. Ao ir no banheiro limpar o rosto, notei minha face levemente manchada de sangue. Respirei fundo. Era estranho ser uma Impura-Sanguinária com ascendência em Pecadores. Me alimento de muitas coisas, mas as únicas coisas que eu realmente posso consumir sem passar mal é sangue e carne humana. Tratei de limpar minha boca e voltei à sala de aula. Ao abrir a porta, todos me encararam. A professora cruzou os braços enquanto me encarava.
- Senhorita Kimberly, certo? - assenti com a cabeça - Você está vinte e cinco minutos atrasada.
- Eu... - encarei a sala inteira e pude notar que o olhar de todos caía sobre mim - Fiquei presa em uma das cabines do banheiro feminino. Só consegui sair agora. - ri sem graça. Marlee segurou a risada e me encarou com um notável olhar de deboche - Posso entrar?
- Deve. - a professora rebateu enquanto voltava a anotar algumas coisas no quadro negro. Caminhei apertando o passo até me sentar novamente em meu lugar. O garoto de cabelos azuis riu assim que comecei a encarar a janela.
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O Anjo Negro
RandomQuerendo ou não, independentemente das história, todas sempre começarão no céu. Mas, não. Isso aqui não é um capítulo esquecido do livro de Gênesis, e sim um simples versículo apagado de Apocalipse. Recomendo-lhe tomar cuidado, ao investigar a histó...