Capítulo 18 Recomeço

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Josh narra:

Estávamos indo para o jantar do Pr Davi e Milena, Ayisha e eu, passei na casa dela para busca-la, passamos a viagem toda conversando sobre Missões, ela me contando as experiências que teve no Norte do Brasil, evangelizando os ribeirinhos no Pará, mais especificamente nas ilhas do Marajó, fiquei imaginando e senti meu coração queimar por aquilo.. Também me contou mais sobre sua família, que fazia uns anos que não sabia deles, ela parecia sofrer demais com o abandono, principalmente porque não aceitaram sua fé, mas ela nunca negou Jesus, tenho certeza que Deus vai honrá-la por sua coragem.

Fomos de ônibus para a casa da Milena, uma casa bonita e espaçosa, morava com seus pais, eu via nela muita humildade, aquela mulher tinha um bom emprego, uma família estruturada mais nunca se achou melhor do que ninguém, pelo contrário, ela dedicava todo o seu tempo livre ajudando trabalhos evangelísticos com crianças e adolescentes abandonados pela família, pude percebe que naquele momento Deus estava honrado ela pela espera e fé, com um homem que vai honrá-la e respeitá-la para sempre.

Kara estava lá também, dessa vez nos falamos normalmente e ela não me pareceu desconfortável, meu líder Ricardo e ela ficaram conversando um tempo em um canto, fiquei sabendo que ele a visitou enquanto estava internada, agora ela só está se recuperando da fratura no braço, porém está bem e firme e isso me deixa feliz.

Ayisha narra:

Minha conversa com Josh me fez lembrar tudo o que passei nos últimos anos e senti muita tristeza na alma, mesmo sabendo que Deus estava comigo, era difícil e doloroso ter abrido mão de quem eu mais amava. Tentei não parecer triste na festa, porém foi impossível, tenho meus momentos de fraqueza, e isso é uma coisa que meche demais comigo.

Josh me viu dispersa no canto da sala olhando no celular alguns momentos e também lembrando do passado, então veio até mim.

-Está tudo bem?- disse ficando na minha frente.

-Bem sim.. -parei um momento- bem na verdade não..-disse cabisbaixa.

-Está assim por causa da sua família né? Pelas coisas que viveu.. Olha me desculpa, não deveria ter feito tantas perguntas, não imaginava que ficaria assim, mas eu deveria ter pensado antes. Sinto muito mesmo..- me olhou nos olhos ao dizer isso aparentemente triste e decepcionado consigo mesmo.

-Oh Josh você não tem culpa de nada. -sorri de leve pra ele. –E sim é um fraqueza, não sou tão forte como você imagina ou me vê, eu também caio e peco.. Não posso usar uma máscara então estou bem triste sim, e acho que já vou pra casa, jantamos, conversamos, mas não estou mais com clima de ficar aqui.

- Eu te trouxe, vou te levar de volta. –ele riu -Sei que você também tem seus momentos, e eu seria hipócrita se dissesse pra não ficar triste, não somos amigos a muito tempo porém já te conheço o suficiente para perceber que algo está te desagradando.

Sorri pra ele e resolvemos ir para a praça que ficava próxima a casa de Milena, nos despedimos de todos e saímos, sentamos em um banco, só havia nos dois, não era tão tarde, ainda estava passando ônibus, o céu estava bastante estrelado, ficamos calados um tempo até que quebrei o silêncio.

-Sabe o que é mais difícil pra mim?! É ter a dúvida se um dia ainda vou rever minha família.. – Eu estava lutando para não chorar, porém as lágrimas começaram a escorrer conforme eu me lembrava de tudo o que passei até aqui.

-Bem.. Eu não posso responder a sua pergunta, mas você sabe que tem um ombro amigo para te ajudar, da mesma forma como você já me ajudou. – ele disse pegando no meu ombro me dando um abraço de lado enquanto estávamos sentados ali, eu não aguentei e cai no choro, em momento algum ele pediu pra eu parar, pelo contrario, ficou em silencio, chorei e chorei muito.

-Só um risco real testa a realidade de uma fé.. – disse escorrendo as lágrimas, e sorrindo pro Josh levemente, ele sorriu de volta.

-Amém! Um dia quero chegar a fazer loucuras por amor ao evangelho como você tem feito, sabe entendo que você seja ferida em relação a sua família, a saudade que sente, sabemos que devemos amar a Deus sobre todas as outras coisas e tenho certeza que Ele vai honrar os riscos que você correu, como já. tem honrado. –Josh parou de me abraçar. – Olha só pra você, onde chegou e tudo o que conquistou, como tem sido um referencial para tantas pessoas e alcançado tantas almas para Cristo, você é uma mulher incrível.

O barulho do ônibus o interrompeu, o nosso já estava passando, ele iria dormir com seu pai hoje, está mais próximo dele para demonstrar que mudou que é mais cuidadoso, e dar testemunho em atitudes para seu pai. Estava esfriando e Josh me emprestou a jaqueta dele, me deixou na porta da igreja, e se despediu, disse que marcaria algo para fazermos, chamaria os nossos amigos também, eu concordei e entrei, tirei um tempo a sós em oração com Deus e ele ministrou em mim que muita coisa ainda iria acontecer que cumpriria todas as suas promessas na minha vida, me senti em paz e logo adormeci.

Josh narra:

Todas as coisas que ela me disse só despertaram em mim o desejo por Missões, eu já. estava no oitavo semestre de Psicologia e comecei a pensar em ir para Missões quando me formasse, ou seja, daqui a um ano e meio mais ou menos.

Ver a Ayisha sofrendo também mexeu muito comigo, ela era minha amiga e eu gostava dela, não queria ver ela mal, eu já sofri muito pela ausência do meu pai, mas ele estava aqui, já os dela não, mas posso ver que ela ainda vai colher frutos maravilhosos por sua fidelidade a Deus.

Passaram-se algumas semanas e nós nos víamos mais na faculdade, e a Kara me disse que o aniversário da Ayisha estava próximo, ela organizou algumas pessoas para fazerem uma surpresa pra ela, fiquei muito feliz com isso, seria uma oportunidade de ela ver como era amada.

No dia do aniversário todos estavam na correria, a desculpa seria de ela ir pra casa da Kara estudar e dormir pra lá, estava, minha mãe, Rebeca, Pr Davi, Milena, Kara, Ricardo, e os amigos da célula que ela fazia parte, além das meninas do ministério de dança. A Kara disse que a porta estaria aberta pra quando ela chegar só empurrar, estávamos preparados, e ela entrou e pegou um susto com a presença de tanta gente ali, não se conteve e chorou, a abraçamos e desejamos felicidades, ela ficou emocionada com as homenagens, depois de vermos vídeos e fotos de trabalhos que ela participou e com amigos, comemos e eu queria entregar o presente que fiz pra ela, mas fiquei envergonhado e hesitante. Até que depois de pensar muito chamei ela pro canto.

-Quero te entregar uma coisa. -Peguei minha mochila e tirei de dentro um quadro médio com um desenho de uma garota em pé de lado, e um garoto com blusa de capuz cobrindo o rosto, aquele desenho que fiz relatava o primeiro contato que tive com ela, quando ela me evangelizou, e em cima dele estava escrito: Só um risco real testa a realidade de uma fé. Ayisha olhou pra mim muito feliz, e pulou no meu pescoço me abraçando, pelo visto reconheceu que era nós naquele desenho, que me marcou tanto.

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⏰ Última atualização: May 30, 2016 ⏰

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