1.na minha onda

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Mais um dia, a mesma rotina de sempre. Cá em casa é sempre a mesma confusão. Por muito que me esforce para manter tudo organizado e controlado para que as coisas funcionem bem, nunca resulta. A casa é grande, assim como é grande a confusão. Os meus irmãos raramente fazem o que lhes peço, seria uma grande ajuda. Mas eu entendo, são apenas miúdos. O meu pai faz um grande esforço para manter esta casa e esta família de pé. Eu sei que ele esta no limite, mas reage de forma a não mostrar a dor e a angústia que sente. A doença e a morte da minha mãe abalou as nossas vidas como eu nunca imaginaria que acontecesse. Foram dois longos anos nesta batalha e finalmente a derrota. Cá em casa, este últimos meses, fomos todos tentando voltar à "normalidade". Nunca mais será possível voltar a normalidade. Tiraram o chão a todos nós, agora teremos de o construir juntos, de alguma forma.

Todas as manhãs é a mesma guerra, é sempre difícil deixar estes dois preparados para a escola. A Bárbara, é uma adolescente, ou seja, tem como função dificultar tudo. Dos quatro irmãos, é a que demonstra uma personalidade mais vincada e forte. Sabe o que quer, quando quer, e onde quer. O Francisco é apenas uma criança. Eu sei que eles sofrem e eu tento apoiá-los com todas as forças que tenho. O meu irmão mais velho, André, tem estado mais presente para nos ajudar. Eu sei que vamos conseguir fazer com que esta nova "normalidade" resulte.

Levanto-me mais cedo para começar a prepara as coisas. Começo por fazer o pequeno almoço. Reparo que o meu pai já está acordado e anda pelo jardim. Ele tem sérios problemas em dormir estes últimos tempos. Quando me vê através dos vidros vem logo ter comigo

- Bom dia Gaby! - cumprimenta dando-me um beijo na testa e um abraço.

- Bom dia pai! - retribuo o abraço e sorrio. Sabe mesmo bem o seu abraço.

- Vou acordar a Bárbara e o Francisco para se preparem. 

- Sim acorda. Mas não vale a pena acordar o André, ele chegou de madrugada. - informo-o mesmo sabendo que provavelmente ele sabe, ja que passa maior parte da noite acordado.

- Hoje vou mais tarde para a Surf House, tenho que ir buscar o material que nos faz falta. Não precisas do André lá para te ajudar? - pergunta com alguma preocupação.

- Não, deixa-o descansar, eu consigo, o trabalho está organizado. E não vale a pena ir para lá dormitar. - sorrio para despreocupar o meu pai. Ele acena e sobe as escadas em direção aos quartos.

Preparo o pequeno almoço e ainda vou tratar de algumas roupas. Temos a D. Maria que nos vem dar uma ajuda na lida da casa, mas eu posso dar uma mão para não amontoar trabalho para ela. Passados uns 20 minutos eles descem. Tomo o pequeno almoço com eles e com o nosso pai. Ele sai logo, mal acaba de comer e de dar um beijo a cada um de nós. Eu acabo de me arranjar, assim como os meus irmãos, e saímos para a escola antes de ir para a Surf House.

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