Um Poema Para Helena

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"Sim, eu fiz!
Fiz mesmo, e faria de novo.
Farei.
Pois não é questão deles ou delas.
É questão de estar vivo,
estar lúcido, estar confuso
e disposto a por a própria alma em bom uso.
Eu queria que você entendesse essa minha vontade de abraçar o mundo, e mastigar todas as coisas proibidas, pelo simples prazer de dizer: eu fiz!
E mesmo que digam que essa tal alma não me pertence,
Ela já está viciada no sabor da noite
Viciada numa tragada, num gole
Ou em qualquer outra coisa que a aqueça.
O padre diz que essa alma não me pertence
pois então que meu corpo sirva para fazer
ela se sentir viva.
E isso você fazia bem.
Incrivelmente bem.
Rasgar meus lábios e retirar de cada retalho meu, desejo. Vida!
E diziam também as más línguas que eu não poderia ser assim, que não deveria.
Que era essencial seguir o protocolo.
Regras de quem? Deles?
Que tanto se impõem a controlar o amor alheio com suas classificações e menções
olhares e assédios
respostas e fofocas?
Meu amor não é jornal de esquina.
Nem o meu corpo e muito menos de quem o acompanha, e o tempo em que acompanha.
Seja dia, seja mês.
Por isso criei a nossas regras.
Onde podemos nos amar numa noite
e sermos melhores amigos de manhã.
Eu posso bagunçar o seu cabelo
e você pode me achar incrivelmente linda na sua camisa do Stones.
Eu não quero mais o politicamente correto.
A corrupção rola solta no amor hoje em dia.
Mentiras em troca de sexo
Sexo em troca de afeto
E um falso afeto na busca pelo sexo.
Será que algum dia também iremos nos corromper?
Antes que alguém diga que é fogo (é, é também)
Mas é mais, muito mais do que poderiam enquadrar. Amor, paixão, caso, acaso, relação, invenção, ilusão, devassidão.
Nenhuma das alternativas
Todas as alternativas!
Meu peito não é réu do seu tribunal!
Que nossa sentença seja viver
Viver um dia de cada vez,
sem nos preocupar com os rótulos,
ou com os olhares alheios.
Minha alma realmente não me pertence,
hoje eu sei disso.
Ela é vento que sopra em seu ouvido,

e é isso que te faz voltar."

- Helena Ferreira e João Doederlein

Um poema para Helena e Contos Mal Contados