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"Eu olhava para todos os lados
E enxergava corpos sujos de vaidade.
Tudo muito "perfeito" e aceito pela sociedade
Tudo que a religião adorava e os padrões idolatravam.
Eu estava enjoada
Precisava sair dali urgente
Antes que eu vomitasse vinho
ou palavras sinceras em cima deles.
Me deparei com aquele rosto vulgar
Um olhar cheio de convites loucos
E promessas que jamais seriam cumpridas.
Eu me apaixonei.
Eu gostava do sujo
Do libertino
Do vulgar
Do politicamente incorreto.
E ele era a mais maravilhosa sujeira.
A pele marcada por traços e cores
O cabelo que não era cortado a meses
A barba por fazer.
Sim, eu estava pronta para fugir
Viver num apartamento barato
Apertado o suficiente para nós dois.
Eu queria passar as noites ouvindo "grunge"
E dançando com os cabelos molhados
Enquanto ele me olhava
Enquanto ele me devorava com os olhos.
Eu queria morrer de tanto foder
De tanto fazer amor
Fazer sexo
Ou qualquer outra coisa onde seu corpo
Estaria sempre junto do meu.
Eu estava livre da sociedade correta
Estava livre dos conceitos
Estava livre dos preconceitos
Dos bons modos
Dos bons costumes
Das boas amizades
Das boas influências.
Eu estava livre da obrigação de ser normal
De ser o "exemplo" da família
De ser a "moça pra casar"
Eu podia finalmente ser louca e exagerada
Fumando e escrevendo o dia todo
Sem me preocupar com o mundo ao meu redor."

-Helena Ferreira.

Um Poema Para HelenaOnde histórias criam vida. Descubra agora