O espécime não conseguiu sair da sala, mesmo depois de devorar a maior parte do corpo de Andy. Durante a mudança de turno, uma funcionária da limpeza ouviu os latidos incessantes e se aproximou da sala, passando por uma das portas.
Ao ver o sangue espalhado por toda a sala, juntamente com alguns ossos e pedaços de roupas rasgadas, a faxineira ligou imediatamente para a polícia. Todo o prédio ficara sabendo do acidente em poucos minutos, ignorando o sigilo que seria necessário no momento.
Daniel, o responsável pelo laboratório em que o problema havia ocorrido, chegou no edifício pouco tempo antes da informação se espalhar. A secretária do presidente da BioWave comunicou que o mesmo o chamara até sua sala, que ficava no quarto andar.
- Você me garantiu que nada poderia dar errado! - Gritou o dono da empresa, segurando Daniel pela gola da camisa, logo que entrou no recinto. - Você nunca mais vai pôr os pés nesse laboratório!
- Mas senhor, eu... - Tentou se explicar o homem que estava prestes a ser agredido por seu chefe, ao ser interrompido.
- Não quero mais ouvir nenhuma palavra! - Bradou ele, com a ira exposta nos olhos. - Está demitido!
Cinco viaturas da polícia já cercavam o prédio quando Daniel pegou o elevador e desceu novamente até o laboratório, mesmo sem permissão para isso. A sala estava interditada pela segurança, mas como nenhum deles sabia da demissão, o antigo chefe das pesquisas pôde entrar na sala lateral, onde ficavam todos os dados da pesquisa.
- Isso é meu futuro. - Disse ele em voz baixa, pegando um pendrive e duas ampolas de amostra da bactéria, que guardara alguns dias antes.
O homem saiu o mais rápido que conseguiu do prédio, quase que no mesmo momento em que os policiais entravam pelas grandes portas da frente, armados com escudos de proteção e armas de alto calibre. Achou um exagero para apenas um cão, mas a funcionária da limpeza poderia não ter visto o problema com a frieza necessária.
Daniel foi até o estacionamento da empresa e pegou seu carro, rumando de volta para a casa onde morava, próxima à zona rural da cidade. Chegando lá, estacionou e correu para dentro de casa, apressado para saber dos resultados dos exames que se sucederam durante a noite anterior ao incidente que ocasionou a morte do faxineiro.
- Meu futuro. - Repetiu ele, largando as ampolas na geladeira.
O homem pegou seu notebook com pressa e, após ligar, plugou o pendrive no aparelho. Todos os arquivos da tomografia, exames de sangue, fluxo sanguíneo e atividade cerebral durante a última noite estavam no pequeno dispositivo de armazenamento.
- Isso não é possível... - Lamentou ele, incrédulo.
