Capítulo 03

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A FESTA

"Quando você perde sua mente limitada, você liberta sua vida."

__ System Of a Down

O dia passou voando depois que cheguei em casa, e quando dei por mim já era seis da tarde. Judite como sempre pontual. Chegou com umas sacolas na mão e sua maleta de maquiagem.

Subimos pro meu quarto e ela colocou tudo na cama. Mandou que eu fosse no banho em quanto ela terminava de ajeitar tudo que fosse precisar.

Lavei meu cabelo e saí apenas de lingerie enxugando o cabelo na toalha.

__ Senta aqui Clar. __ Ela manda apontando pra cadeira.

Me sento sem discutir porque sei que nem adianta.

Judite começa com o secador. Meu cabelo é comprido ondulado e negro. Então devido ao tamanho demorou um pouco.

Quando ela terminou veio com baby lis e modelou ele levemente, ficou lindo.

Depois foi a maquiagem. Ela realçou meu olhos castanhos com um lápis preto e uma máscara de cílios azul. Nós lábios um batom vermelho. Gostei pois ela não exagerou.

Então foi a hora do vestido e da sapatilha. Enquanto isso Juh começou a dar uns retoques no cabelo que ela já veio com ele quase pronto e por ser curto ela mesma dava conta de fazer. Fez uma maquiagem bem mais pesada que a minha. E se vestiu. Sua roupa era também um vestidinho curto vermelho e uma gladiadora preta que ia até um pouco acima do calcanhar. Ela disse que queria um look simples pra poder dançar bastante.

Essa rapariga, vai de gladiadora e queria que eu fosse de salto.

__ Estamos magnificas. __ Juh fala em quanto nos olhamos no espelho.

Reparo no caimento do vestido e em como fiquei bem nele. Eu não uma garota dessas que se olha e se diz: nossa que linda. Pelo contrário, eu sou baixinha, magra, da pele clara e não chamo atenção. Não sou o tipo de garota que tem peito, bunda e pernas avantajadas. Meu corpo é proporcional eu acho. Já a Juh é uma garota do corpão, pele morena e cabelos cacheados na altura dos ombros, totalmente o meu oposto. De qualquer forma o vestido ficou perfeito.

__ Nem estou me reconhecendo. __ Digo.

__ Amiga você tá linda. Agora vamos que ja tá na hora.

Descemos as escadas em direção a sala e depois de uma sessão de fotos que mamãe fez questão de tirar, o pai de Juh chegou e nos levou.

A festa não seria na casa da tal Amanda que eu não faço ideia de quem seja, confesso. Será em uma casa de festas. Assim que chegamos na frente do lugar onde estava acontecendo já podíamos ouvir a música eletrônica alta.

De repente as memórias do sonho me vem à mente.

__ Calma Claire, é claro que você não vai ficar sem roupa no meio de toda essa gente. Foi só um sonho. __ Digo para mim mesma em voz baixa.

__ O que? __ Judite pergunta ao meu lado. __ O que você disse?

__ Ah. Nada. Só pensei alto. Vamos? __ Digo e saio andando para que ela não insista mais. Sei como ela é.

O salão estava lotado. Pessoas que eu nunca vi na vida estavam lá. Provavelmente são acompanhantes dos convidados.

Luzes coloridas piscavam e me deixavam um pouco tonta. Juh me guiou no meio da multidão e nos sentamos em uma das mesas que estavam dispostas pertos das paredes.

__ Essa festa tá demais amiga. __ Ela teve que gritar para que eu pudesse ouvir. Apenas sorri já que não posso dizer o mesmo. Nem estou gostando disso.

__ Vou buscar um ponche pra gente. __ Ela diz já se levantando.

__ Ta bem, mas não demora.

Enquanto ela foi buscar o tal ponche, fiquei observando o comportamento das pessoas dançando no meio do salão.

Olhando daqui realmente parecem estar felizes. Mas será que só por estarem numa festa dançando, bebendo e sorrindo umas para as outras as tornam felizes? Será que isso realmente é um sinal de felicidade? O que é felicidade? Uma vaga na Columbia talvez? É por isso que eu estou lutando afinal. Eu nunca tinha parado para pensar sobre isso.

__ Voltei. __ Judite senta e me entrega um copo. É um líquido vermelho com uns pedaços de uma coisa branca dentro.

__ São pedaços de maçã. __ Juh diz gritando outra vez.

__ Isso aqui tem álcool? __ Questiono. Já vim a essa festa, não vou querer me embebedar.

__ Tem vinho, mas um copo não te fará mal. __ Ela responde virando o copo.

Dou de ombros. Bebo um gole. Até que não é ruim.

Ficamos conversando, e eu já estava no terceiro copo de ponche quando começa a tocar Dynamite - The Triangles. .


__ Wow, Clar, amo essa música. Temos que dançar. Chegou a hora. __ Antes que eu pudesse dizer que não, ela saiu me puxando pro meio do salão.

Cheguei no meio da pista com um pouco de dificuldade. Acho que eu tenho pouca tolerância.

Judite começa a dançar e segura minhas mãos tentando me guiar. Resolvo me soltar um pouco e sentir a música. Sentir essa aparente felicidade.

É então que sinto mãos tocando as laterais do meu corpo em quanto me remecho. Olho para Judite e ela está dançando com um cara .

As mãos que me tocaram me giram e eu fico de frente para um garoto.

Continuo dançando sem dizer nada. Apenas o observo. Ele é um pouco mais alto que eu. Sua camisa colada no corpo deixa seus músculos em evidência. O seu braço direito é todo tatuado. Os olhos são castanhos, assim como o cabelo que é raspado dos lados e em cima é mais comprido e penteado para o lado levemente bagunçado. Seus lábios são finos porém chamativos e destacados em meio a barba rala em seu rosto. Ele é lindo. Seu sorriso é lindo. Simplismente lindo.

A Felicidade Mora Ao LadoOnde histórias criam vida. Descubra agora