Tudo aqui parece tão fantasmagórico, morto, e sem cor. É assim que me sinto morando aqui, principalmente quando as pessoas te chamam de estranho, isso apenas pelo fato de me vestir diferente, e de não fingir ser amigo de todo mundo. Não é sobre mim, é sobre as outras pessoas, não me importo com o que pesam de mim, e sim com o que elas pensam delas mesmas. Eu não vou mudar, nem que eu queira, não estaria sendo eu, e não se pode atuar na vida real, não para sempre.
Hoje é 23 de maio de 2012, faltam três dias para o meu aniversário, e não estou nada animado com isso, estou ficando velho, tenho pelos no corpo e tenho mudanças de humor repentinas, isso é adolescência ou uma fase?
Eu não acredito que isso passe do nada, tenho medo de mim mesmo às vezes, as pessoas tem uma visão muito ruim de mim, me chamam de metido, ou anti social, mas eu só não quero criar expectativas, as pessoas se vão, e eu não suporto perdas.
Na escola eu sempre sou o bobo da corte, as pessoas riem de mim, elas me chamam de gordo, viadinho, playboyzinho. Tenho vontade de explodir aquele lugar, de sair por aí sem destino, e sabe eu me importo com o que elas dizem, pois gosto de algumas dessas pessoas, e diferente do que falei no começo, sim eu me importo com o que elas pensam de mim, isso acaba refletindo de forma negativa nas minhas atitudes.
Elas não sabem o quanto me dói, machuca, e me destrói. Eu não sei até quando eu vou aguentar, sou pequeno, tenho 1.55 cm aos 14 anos. Eles me batem, e muito maior que a dor física, é a sensação de inferioridade, de incapacidade de não poder reagir.
Meus pais sabem, eu sempre conto, eles já viram, mas fica difícil mudar uma escola, onde 90% dos alunos são assim.
Hoje é o dia 26 de maio, dia em que não queria acordar, ficaria na minha cama, só para ouvir "Hair" da Lady Gaga e tentar absorver toda força que a letra desta música me passa. Mas tenho escola, preciso levantar, esperar o abraço e as felicitações da melhor mãe do mundo.
Não gosto de ir para a escola, no dia do meu aniversário, odeio a falsidade das pessoas, elas me desejam muitas coisas, que eu sei que não é de coração. Mas tarde tem bolo, e sabe eu prefiro mil vezes um aniversário sozinho, só para ter o prazer de devorar tudo, e depois comer o resto que ficou, durante toda a semana, não sou guloso, mas acho terrível a ideia de encher o bucho de quem me maltrata tanto na escola.
Ganhei muitos presentes, mas eu trocaria tudo por respeito e paz, esse foi o meu pedido naquela noite, após apagar minhas duas velinhas, e ouvir parabéns. Porque ninguém nunca sabe cantar a porra dos parabéns direito?
Aos 14 anos de idade, eu era gordinho, bochechudo, frágil, imaturo, apenas mais um que sofria calado. E foi assim durante os dois anos seguintes, porém muitas coisas mudaram, e eu mudei...
Aos 16 anos, me tornei magrelo, precavido e amadurecido, e que agora não se permite sofrer como antes, maduro o suficiente para não se importar com a opinião dos outros, sem colocar expectativas de mais, apenas vivendo.
Os anos se passaram, e eu Daniel um jovem adolescente de 17 anos, continuava sufocado pelos sentimentos, movido pelos sonhos, porém imobilizado pela depressão. Já estava livre do meu passado, eu realmente estava feliz.
Até que deitado em meio aos lençóis, ao lado do meu celular, olhando para o teto.
Me perguntei: - Por que estou aqui? Qual o sentido da minha existência?
Eu tenho tudo o que eu quero, mas ao mesmo tempo, não tenho nada. Deus se você me escuta me dá um sinal, me ajuda preciso de você.
Em meio as lágrimas, eu me segurava pra que ninguém ouvisse o soluçar do meu choro. Era uma dor no peito, um vazio imenso na alma. Era uma crise existencial!
No amanhecer do dia, eu acordei exausto, com um peso enorme na consciência, como se eu fosse o culpado de tudo de ruim no mundo, e ao sair de casa para a escola, eu olhava para os lados e sentia medo das pessoas, medo de que elas soubessem o que eu sentia.
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Perdido No Meu Planeta - Danny Oliveira
De TodoUma história real de um adolescente que não se encaixa nos padrões da sociedade, e que batalha constantemente pra sobreviver em meio a tantos conflitos. Neste livro compartilho com vocês, muitos momentos da minha vida e como é se sentir Perdido No M...