A garota da casa ao lado

🥀 III - Seu namorado?

Está uma maldita noite fria e eu aqui tentando entender essa vida. Por que tudo está tão confuso? Talvez eu esteja fora de mim. Eu estou afundando.
Obscurecendo e confundindo as verdades e as mentiras para que eu não saiba o que é real e o que não é. Estou sempre confundindo os pensamentos na minha cabeça para que eu não confie mais em mim mesma. Eu estou morrendo e ninguém se dá conta disso.

O vento entra pela janela do quarto balançando as cortinas brancas. Encaro o teto ainda mergulhada em meus próprios pensamentos.

— Ammy — ouço alguém chamar por mim.

Me levanto e procuro saber de onde vem aquela voz. Olho para a minha janela e lá o encontro. Matt.

— Você de novo? — Falo com desdém e caminho até a janela. — O que está fazendo ai?

— Está feliz em me ver? — Ele brinca e eu reviro os olhos. — Aposto que não sabia que somos vizinhos.

— O que quer comigo?

— Nada, eu só queria conversar com minha mais nova vizinha — ele diz dando ênfase em suas últimas palavras e apoiando os cotovelos no parapeito da janela.

— Só que eu não estou interessada em conversar com ninguém, muito menos com você .

Ele não reage a minha grosseria. Seus olhos me fitam como um amante de pinturas apreciando uma obra.

— O que você está fazendo agora?

— Você é muito bonita — diz ele de forma direta.

Eu bufo. Tiro o cabelo do rosto, respirando fundo e digo:

— Olha, não teste a minha paciência. Eu não sou legal e nem muito menos simpática. Tenho sido paciente com você, mas pare de me importunar. Estou avisando, fique longe de mim.

Apesar da minha seriedade, ele ri.

— Você é mais interessante do que pensei.

— O que quer dizer com "interessante"?

— Não sei, simplesmente interessante, diferente. Você parece legal — ele diz e arqueio a sobrancelha.

— Legal?

— É. Sinceramente, quando eu vi você com essas roupas pretas, esse nariz empinado e esse jeito marrento, eu realmente estranhei, ainda mais quando você fechou o vidro do carro na minha cara — fingiu estar ofendido. — Porém, sinto que tudo isso é uma forma de esconder quem você realmente é.

Eu respiro fundo, começando a me irritar.

— Sabe o que eu acho? Eu acho que você está louco. Você não sabe nada sobre mim e, pode ter certeza de que não irá saber. Vou repetir novamente, fique longe de mim! — Exclamo e fecho a janela bruscamente.

Posso ouvir a sua risada antes de me deitar novamente em minha cama.

— Era só o que faltava.

◆◆◆

Victória foi a um culto, chegará daqui a alguns minutos, e eu simplesmente não tenho nada para fazer. Preparei uma e estou deitada no sofá mudando os canais da televisão sem assistir nada. Está tudo tranquilo, quando, subitamente, ouço alguém bater na porta.

— Quem é? — pergunto, mas não há respostas. — A Victória não está aqui.

As batidas se repetem. Vou até a porta, por fim, mas exito um pouco até abrí-la.

— Preciso falar com você.

— Pedro? O que aconteceu? — me assusto ao vê-lo.

Ele está assustado e com os olhos perdidos.