Capítulo XLII

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Mesmo se uma faca tivesse sido enfiada em meu coração ele tivesse sido arrancado brutalmente para fora de mim, não diminuiria a dor de ver aquela cena, me sentindo ainda mais impotente e fraca.

Kiel ainda não esboçava reação alguma. Ela era como uma grande pedra, sem vida, expressão, porém, sabia que ela sofria por dentro, pois a dor presente em seus olhos amarelados era visível. Maya soltou um soluço involuntário, tampando sua boca e tentado derramar suas lágrimas em silencio.

Olhei para meu pai. Tanto ele como seu braço direito Bob e Peter ao seu lado possuíam olhares firmes. Eles eram homens de guerra...e como Serafina havia me alertado, a guerra era um ser devastador e que mesmo na dor, deveria me manter firme para que após nossa vitória, pudéssemos cuidar dos que amamos.

__ Edward Voltoline, eu posso perdoa-lo por tentar me humilhar, por tentar me rebaixar e tantas outras coisas que fizeras contra mim...- Meu pai começou dizendo, com sua voz um oitavo mais alta, fria e dura- Mas não permitirei que maltrate mais a minha família!

Um sorriso de escárnio nascia no rosto de Edward, sorriso que contagiou Celina, que deu um passo a frente sem medo dos olhares mortais dirigidos a ela.

__ Que tal começarmos logo a nossa festas? - Celina perguntou com um sorriso de falsa inocência no rosto. - Kiel, meu amor, você me parece meio pálida? viu alguma coisa?

Kiel tremia. Suas mãos se fecharam em punho com tanta força que suas garras afiadas perfuravam sua pele fazendo-a sangrar.

__ Kiel...se controle...- Maxon rosnou tão baixo que se não estivéssemos em silencio absoluto não ouviria.

__ Me desculpe...- Ela respondeu, olhando fixamente para o corpo de sua irmã caçula largado no chão. Tão rápida como uma flecha ela correu em direção a Celina, que ficou em posição de ataque.

Aquela ataque, despreparado e impulsivo era exatamente o que Edward esperava.

Assim que Kiel se pós a correr, Maxon se moveu como uma sombra logo atrás dela, pronta para protege-la se fosse preciso.

Os demais também se mexeram tornando tudo uma grande confusão para os meus olhos. Para onde eu olhava havia luta. Maya se encontrava em cima de uma das arvores, com um arco grande e branco, lançando flechas negras que atravessavam a noite como um raio. Cassia um pouco a frente fincou a agulha de seus saltos na terra, levantando um pouco seu vestido e tirando de sua perna o que me parecia ser uma faca enferrujada. Cortou a palma de sua mão e a enfiou na terra. Seu olhar direcionado para o corpo de Anne, ela estava tentando resgata-la. Suas irmãs formaram um circulo ao seu redor, montando assim uma guarda. Celina, que consegui escapar de Kiel, botando seus homens de olhos vermelhos para lutar por ela percebeu o que Cássia pretendia e pós o pé em cima do corpo de Anne, a segurando de sair rolando.

Eu estava assustada. Não conseguia me mexer, embora soubesse que Celina estava mais preocupada em manter Cassia longe de Anne do que se concentrar em mim, ainda assim, não conseguia agir. Eles não eram totalmente humanos, se é que humanos ainda era uma palavra boa para se aplicar a qualquer um ali presente. Via alguns lobos já transformados, rolando ferozmente no chão, feiticeiras com suas típicas facas estranhas lutando entre si, algumas ate mesmo invocando seus pactos, como a grande cobra roxa de duas cabeças, que conseguira agarrar o tornozelo de um dos lobos aliado, que se preparava para atacar seu inimigo, o fazendo urrar, enquanto a cobra se enroscava em seu corpo, esmagando seus ossos.

Se mexa. Se mexa. Se mexa....

Exigia de mim mesma alguma reação. Tudo que consegui pensar foi em Anne, em como todos por ali pareciam ignorar minha presença, eles não esperavam que eu fizesse algo além de esconder. Essa era minha deixa, para ajudar alguém que amo, para salvar Anne!

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