06. Proposal

284 42 83
                                    

Nos minutos que se passaram um nervosismo do caralho tomou conta de todo o psicológico de Louis e consequentemente dominando o seu físico: coração acelerado, transpiração aguçada, quase hiper ventilando e mãos trêmulas. Sobe as escadas correndo tomando cuidado para não cair com o quão bambas estão suas pernas. Vai direto para o quarto mirando o guarda-roupa logo abrindo-o.

"O que devo vestir, o que devo vestir, o que devo vestir..." começou a sussurrar como um mantra. A verdade é que ele queria impressionar o cacheado, queria deixar nas entrelinhas que apesar do rompimento ser definitivo, Louis sempre será o mais gostoso CEO de todo o Reino Unido.

Olha para esquerda e vê sua imagem refletida no espelho. Um pouco amarrotado por culpa de um certo loiro, o tecido parisiense caríssimo ainda o cai super bem. Aproxima-se mais do próprio reflexo e dá um sorrisinho lembrando dos comentários já ouvidos um dia. Este era o terno favorito de Harry. Uma vez a rouquidão confessara que amava ver Louis o trajando porque ele ficava "fudidamente sexy". O resultado de tais palavras fora um delicioso boquete com Harry ajoelhado de baixo da mesa do escritório de Louis. Oh, bons tempos.

Desce as escadas ao decidir manter a mesma roupa. Sem saber para onde rumar percebe o quanto suas mãos estão tremendo. "Que idiotice!" xinga a si mesmo. Pensa que o melhor a se fazer é não transparecer estar afetado. Precisa de distrações... Futebol! Em algum dos inúmeros canais daquele combo caríssimo da tv por assinatura deve ter algum jogo sendo transmitido.

"Lembra do dia em que encontramos Logan perdido em St. Valerie?" a voz de Harry soa assim que Louis entra na sala de estar.

O homem alto está de costas e talvez essa seja a primeira vez em que o moreno repara o quão longo os cachos estão. Louis sempre amou os cabelos encaracolados do outro, sempre adorou sentir a textura e se impressionar com a maciez de tais. Ele queria toca-los, mas não era permitido. Não mais. Já foi-se o tempo em que Tomlinson poderia desfrutar de cada pequeno detalhe de Styles. Seria errado sentir arrependimento?

Lógico que seria. Tolice, pura tolice. Ele fez suas escolhas e agora estava prestes a ser o mais novo solteirão do momento. É claro que não tão solteiro assim porque ainda há Alex. O cacheado começa ritmar os pés em batidas quase melódicas e Louis acorda de seu transe. Por um momento se esqueceu de que Harry está ali e que o mesmo perguntou sobre alguma coisa.

"Desculpe, o que disse?" questiona ao aproximar-se cautelosamente. A cada passo dado nota com clareza como Harry está. Sua face em perfeita ordem, nem um sinal de cansaço ou tristeza. É apenas a mesma pele de sempre: palidamente majestosa com suas tatuagens expostas devido a blusa acetinada de manga curta em um tom rosa. Lindo, Harry é lindo. Em suas grandes mãos há o velho álbum de fotografia que continha marcas de um passado memorável.

"Eu lembro desse dia..." Louis se permite a apontar para foto na qual se refere.

"Logan estava tão assustado que quando nós o encontramos ele chorou tanto..." Harry diz contornando com seus dedos a imagem de um menino sorridente de olhos avermelhados. "Você lembra do que disse a ele?"

"Campeões não sentem medo." o moreno sussurra com um pequeno resquício de sorriso nos finos lábios.

"E ele disse que não era um campeão porque não tinha um pai e uma mãe." a rouquidão soa tão embargada que o moreno estremece.

"Harry..."

"O que nós dissemos a ele, Louis? O que?" o cacheado se levanta e é possível notar uma maré de lágrimas se acumulando em seus olhos.

"Que ele era um campeão porque nós seriamos os pais dele." Tomlinson responde e sente sua boca secar. Um nó está se formando em sua garganta e não, ele não pode chorar. Para quê chorar, afinal?! Isso é ridículo.

"Meu menino, meu meninho..." Harry divaga ao acariciar a foto e em seguida erguer o álbum contra o próprio peito, abraçando-o. "Naquele dia nos comprometemos com o Logan." e volta a folhear as páginas repletas de fotografias. "Com Logan e com Clarie." e aponta para uma em questão como se não fosse possível ver. É claro que Louis vê e também quer desmoronar nesse exato momento. "Nossa joaninha." Harry ri em meio às lágrimas.

Louis está se segurando para manter a pose de um cara firme e inabalável. Ele também se recorda desse dia como se tivesse sido ontem e argh! Ter uma boa memória é um inferno! Nesse dia sua garotinha estava agitada, pois a comemoração do dia das crianças estava chegando perto. Os alunos pequenininhos assim como ela foram autorizados ir para escola trajando o que quisessem e é claro que todos iriam fantasiados. E lá estava o Tomlinson, no dia anterior, vagando em uma enorme loja de brinquedos a procura de uma fantasia. Contudo, nada agradava Claire. Havia as vestimentas de todas as princesas existentes e nenhuma delas foi escolhida. Sua felicidade foi encontrada no último cabide daquela arara: um delicado vestido nas cores vermelho e preto acompanhado por asas brilhosas. E tcharam! Desde então tal roupa tornou-se um tipo de segunda pele para a menina. Ela só parou de usar porque não servia mais.

"Louis?" Harry estala um dedo frente ao rosto esculpido do outro que leva um susto.

"O que que falar comigo, Harry?"

"Depois que encontramos Logan e o levamos de volta para o orfanato parece que aquelas palavras-não sei." respira fundo ignorando totalmente a o questionamento alheio. "Parece que não só Logan precisava de nós. Era nós que precisávamos dele. Dele e de Claire." passa a mão pelos longos fios como se buscasse calma ao fechar os olhos. "Foi tão fácil se acostumar em ser pai. Foi tão bom, ainda é bom..."

"Onde você quer chegar com isso?"

"Logan e Claire ainda são nossos filhos, Louis. Nosso menininho e nossa menininha."

"Olha, Harry, não é porque a gente se separou que-"

"Eu vim aqui te fazer uma proposta, Tomlinson." a rouquidão o interrompe sem um pingo de sentimentalismo.

"Uma proposta?"

"Vinte e três dias." Harry diz. "Eu quero você, inteiramente você, durante vinte e três dias e vinte e três noites. Sem empresa, sem amante, sem jantares de última hora, sem desculpas." e crava os verdes firmemente nos azuis.

"Você topa?"

twenty three | l.sOnde histórias criam vida. Descubra agora