- Vamos, fazer um esforço e isto vai dar certo. Não te preocupes. - garantiu Luís.
Marina tinha que aceitar e perceber, afinal, ela sabia o preço a pagar por um bom estatuto profissional.
Mais um dia se passou.--- Caso de Ana ---
- Olá Ana. Bom dia.
- Olá doutora.
- Preparada para começar uma vida nova? - perguntou Marina, tentando motiva-la.
Ana franziu a testa.
- Nem por isso... - respondeu.
- Quer continuar aqui, nesta clínica? Sem poder ter uma vida normal, porque não a consideram normal? Ou passar a ser independente, como as outras pessoas? - perguntou Marina, tentando convencer Ana a permitir que esta a ajudasse.
- Sabe bem o que eu quero, doutora. Ou acha que sou feliz aqui?
Marina tirou uns comprimidos da gaveta.
- Eu sei o que está a pensar. Calma. - tranquilizou Marina.
- Eu não vou tomar isso. - rejeitou logo Ana.
- A bipolaridade é um transtorno mental caracterizado por alterações de humor que se manifestam como períodos de humor elevado e períodos de depressão. Durante esses períodos o ser humano induz-se a fazer e a ter comportamentos que, no seu equílibrio normal, não teria. A Ana é bipolar.
Ana começou a ficar irritada.
- Não sou! - gritou bem alto.
- As análises que fez deram esse resultado. Mas Ana, a sua doença tem como ser controlada. É muito mais fácil do que muitos outros problemas de saúde. Na verdade, está nas suas mãos continuar a ser uma paciente desta clínica, ou uma pessoa normal, com uma vida normal, que não é comprometida pela sua saúde mental. - explicou Marina.
Ana levantou-se.
- Por hoje, não quero falar mais consigo.
- Ana! - chamou Marina. - Sente-se imediatamente.
Ana sentou-se.
- Tenho mais pessoas que, ao contrário de si, aceitam e precisam mais da minha ajuda. Não venho para aqui perder o meu tempo, a menos que o faça valer a pena. Seja inteligente, deixe-me ajudá-la. Pare de se enganar a si própria. Não toma a medicação. Acha que engana os médicos? Engana-se a si própria!
Ana começava a ficar mais irritada, que se traduzia na vermelhidão da sua face.
- Eu não preciso de comprimidos! Não preciso de si! Não preciso de ninguém! Deixem-me! - gritava.
- Vamos ver, Ana. Acalme-se. Existem duas opções. Ou a senhora faz um esforço, deixa-me ajudá-la e segue as minhas ordens, como tomar a devida medicação, ou, se se recusa a todas as minhas tentativas de ajuda, a Ana vai ser internada. E vai passar a ter um psiquiatra, que não é conhecido por tratar como "amigos" os seus pacientes, como eu faço. Escolha. Escolha agora.
Ana fez uma pausa.
- Eu vou tomar a medicação. - disse, por fim, com a cabeça voltada para baixo.
- Olhe para mim, Ana.
Ana olhou para Marina.
- Vai mesmo? - perguntou Marina, muito séria.
Ana acabou por aceitar, e prometeu que iria seguir as instruções de Marina.----------
Mais tarde, entrou um policia no gabinete.
- Olá Marina, como estás?
- Estou bem, e tu?
O policia sentou-se.
- Trago-te mais um caso.
- Ótimo. - admirou Marina. - Apresenta-me o meu novo amigo, vá.
O policia sacou de uma pasta, onde trazia informação sobre o novo paciente.
- Chama-se Diogo. Foi diagonosticado como psicopata, após ter matado a sua irmã, e o seu cunhado. Sabemos ainda que é uma pessoa horrível, de ideais homicidas e criminosos. E olha, era uma pessoa que nunca se suspeitaria do que ele foi capaz de fazer.
Marina sorriu.
- Não sorrias, Marina. Ele é muito perigoso. Ele consegue dar-te a ideia que é uma pessoa super normal, mentalmente equilibrada. Consegue disfarçar-se muito bem.
- Os psicopatas têm essas características.
O policia levantou-se.
- Fica aí a pasta. Ele devia ir já para a prisão, na minha opinião. Andam pessoas a pagar consultas e tempo para estas aberrações... Mas o tribunal deixou nas mãos da clínica ver se o estado de doença dele é muito avançada. Está nas tuas mãos decidir se ele vai ou não ser preso. Não tenhas pena dele, Marina. Quem mata alguém, não merece piedade.
Marina tinha ficado muito alarmada, e atenta a este caso. Na verdade,estava ansiosa para contactar com Diogo.Em casa...
- ...Ideais homicidas. O policia disse que está nas minhas mãos decidir se ele deve ir para a cadeia ou não. - contava a Luís, enquanto comia.
- Não sei como podes interessar-te por psicopatas, deviam arder na prisão!
Marina olhou para Luís, sériamente.
- Não, amor. Precisam primeiro da ajuda de psiquiatras ou psicólogos, como eu.
- Se tu achas... - disse Luís, beijando-a na boca.
- Vais agora embora? - perguntou ela.
Luís pegou na mala, na carteira e no telémovel.
- Tenho de ir... até logo, amor.
Despediram-se, e Marina teve que acabar de comer o jantar sozinha.