Capitulo 1

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Folhas farfalharam quando o jovem gato malhado deslizou através de uma abertura entre dois arbustos, com suas mandíbulas largas abertas, prontas para sentir qualquer cheiro de presa.Nesta noite quente, numa estação da Folha Verde atrasada, a floresta estava repleta de tumultos, feitos por pequenas criaturinhas. Movimentos se contorceram até o final de sua visão, mas quando virou sua cabeça não conseguiu ver nada, apenas espessos aglomerados de avencas e amoreiras, manchados com a luz da Lua.
     De repente ele saiu em uma larga clareira, e olhou ao redor em confusão.Ele não se lembrava de ter estado nesta parte da floresta antes. Grama lisa e curta, colorida em prata, brilhava com a gelada luz da Lua. Esticada á sua frente, em uma rocha suavemente arredondada, um outro gato o observava. A luz das estrelas faiscou em seu pêlo, e seus olhos pareciam duas pequenas luas. O gato ficou ainda mais desnorteado quando a reconheceu.
— Estrela Azul? — Ele miou, sua voz estridente com descrença.
Ele era apenas um aprendiz quando a líder do Clã do Trovão tinha morrido, quatro estações atrás, pulando dentro de um desfiladeiro com um bando de cães sedentos de sangue atrás dela. Assim como todo o clã, ele tinha honrado ela pela maneira que ela tinha sacrificado sua vida para salvá-los. Ele nunca tinha pensado em vê-la novamente, e pela primeira vez imaginou que deveria estar sonhando.
— Chegue mais perto, jovem guerreiro, — Estrela Azul miou. — Tenho uma mensagem para voce—Tremendo com entusiasmo, o gato malhado rastejou através do caminho repleto de relva até que ele se agachou em baixo da Rocha e fitou o semblante de Estrela Azul.
— Eu estou escutando, Estrela Azul. — Ele miou.
— Um grande tempo de perigo esta vindo na floresta, — Ela falou para ele. — Uma Nova Profecia deve ser realizada se os Clãs desejam sobreviver. Você foi escolhido para se encontrar com outros três gatos na Lua Nova, e vocês devem ouvir atentamente o que Meia-Noite lhes dizer.
— O que isso significa? — O jovem gato sentiu uma pontada de terror, fria como a neve, percorrer sua espinha. —Que tipo de perigo? E como Meia-Noite pode nos dizer alguma coisa?
— Tudo se esclarecerá para você, — Estrela Azul respondeu.
  A voz dela se dissipou, ecoando de uma maneira estranha como se ela estivesse falando de uma caverna muito abaixo da superfície. A luz da Lua também começou a escurecer, deixando sombras espessas surgirem das árvores ao redor deles.
— Não, espere! —O gato malhado choramingou. — Não vá!
    Ele soltou um uivo aterrorizado, encolhendo suas patas e cauda ao que a escuridão se levantava e o tragava aos poucos. Alguma coisa o cutucou e seus olhos se abriram para revelar Listra Cinzenta, o representante do Clã do Trovão, sentado ao seu lado com uma pata levantado acima dele para estimulá-lo novamente. Ele estava se debatendo sobre seu ninho de musgo na toca dos guerreiros, com a luz dourada do Sol penetrando através dos ramos acima de sua cabeça.
— Garra de Amora Doce ,sua bola de pêlos louca! — O representante miou. — O que é todo esse barulho? Você assustou todas as presas daqui até Quatro Árvores.
— Desculpe. — Garra de Amora Doce se sentou e começou a retirar alguns restos de musgo de seu pêlo escuro. — Eu estava apenas sonhando.
— Sonhando! — Uma voz nova grunhiu.
   Garra de Amora Doce virou sua cabeça para ver o guerreiro branco, Cauda de Nuvem, se levantar de um ninho de musgo próximo a ele e se alongar.
— Honestamente, você é tão ruim quanto Estrela de Fogo, — Cauda de Nuvem continuou. — Quando ele dormia aqui, sempre estava balbuciando ou dando espasmos enquanto dormia. Um gato não conseguia ter uma boa noite de sono nem por todas as presas da floresta.
  Garra de Amora Doce revirou suas orelhas para ouvir o quão desrespeitoso o guerreiro falava sobre o líder do Clã. E então ele se lembrou de que esse era Cuada de Nuvem, sobrinho de Estrela de Fogo e antigo aprendiz, bem conhecido por sua língua afiada e desprezo por quase tudo. Sua maneira impudente de falar não o impedia de ser um guerreiro leal ao seu Clã.
Cauda de Nuvem chacoalhou seu longo pêlo branco e deslizou para fora da toca, e tocou o ombro de Garra de Amora Doce com a ponta de sua cauda numa tentativa de não deixar o amigo magoado em razão de suas palavras afiadas.
— Venham logo e pare de reclamar. — Listra Cinzenta miou. — Está na hora de você fazer alguma coisa útil!
Ele traçou seu caminho através do musgo espalhado no chão da toca para estimular Pêlo Gris á acordar.
— Patrulhas de caça vão sair daqui a pouco. Pêlo de Samambaia está organizando elas.
— Certo, — Garra de Amora Doce miou. Sua visão de Estrela Azul já havia se dissipado, mas usa mensagem ameaçadora ainda ecoava em suas orelhas.
Será que realmente haverá uma nova profecia do Clã das Estrelas? Isso parecia bastante improvável. No começo, Garra de Amora Doce, se perguntou porque ela iria escolher ele para receber a profecia, de todos os gatos do Clã do Trovão. Curandeiros frequentemente recebiam visões do Clã das Estrelas, e o líder do Clã do Trovão, Estrela de Fogo, sempre fora guiado por seus sonhos. Mas elas não eram destinadas á guerreiros ordinários como ele. Tentando culpar sua imaginação criativa em muitas presas frescas na noite anterior, Garra de Amora Doce lambeu seu ombro uma última vez antes de sair da toca atrás de Cauda de Nuvem.
O Sol mal havia acabado de surgir sobre a cerca-viva de espinhosas circundava o acampamento, porém o dia já estava quente. A luz do Sol deva á terra seca do centro da clareira um tom cor-de-mel. Pata Castanha,a mais velha dos aprendizes, estava deitada ao lado das avencas que formavam a toca dos aprendizes, trocando lambidas com seus companheiros de toca Pata de Aranha e Pata de Musaranho.
     Cauda de Nuvem tinha desaparecido pelo caminho de urtigas onde os guerreiros faziam suas refeições e já estava devorando um estorninho. Garra de Amora Doce percebeu que a pilha de presas frescas estava baixa; assim como Listra Cinzenta tinha dito, o clã precisava caçar agora mesmo. Ele estava prestes a ir e se juntar ao guerreiro branco quando Pata Castanha se levantou de súbito e veio circundando a clareira em sua direção.
— É hoje! — Ela anunciou excitada.
— O que? — Garra de Amora Doce piscou.
— Minha cerimônia de guerreira! — Ela soltou um ronronar de felicidade, a gata atartarugada se lançou em direção á Garra de Amora Doce; o ataque inesperado o fez rodopiar e os dois lutaram juntos no chão poeirento, assim como eles costumavam fazer quando eram filhotes.
As patas traseiras de Pata Castanha atingiram a barriga de Garra de Amora Doce e ele agradeceu ao Clã das Estrelas que suas garras estavam embainhadas. Não tinha dúvidas que um dia ela iria se tornar uma grande e perigosa guerreira, uma que todos os gatos iriam respeitar.
— Tudo bem, agora já chega. — Garra de Amora Doce gentilmente deu uma cutucada em uma de suas orelhas. — Se você vai se tornar uma guerreira, vai ter que para de se comportar como um filhote.
— Um filhote? — Pata Castanha miou indignada. Ela se sentou á sua frente, seu pêlo eriçado e coberto de aglomerados de poeira. — Eu? Nunca! Eu esperei um longo tempo por isso, Garra de Amora Doce!
— Eu sei.Você merece!
Pata de Amora Doce tinha se aventurado muito perto do Caminho do Trovão, enquanto ela perseguia um esquilo durante a Estação do Renovo. Um monstro dos duas-pernas havia atingido-a de raspão, ferindo seu pescoço. Enquanto ela repousava na toca de Manto de Cinzas por três longas, desconfortáveis luas, ao carinho da curandeira, seus irmãos, Pêlo de Fuligem e Bigode de Chuva, haviam se tornado guerreiros. Pata Castanha estava determinada a seguir seus exemplos assim que Manto de Cinzas declarou ela apta o suficiente para ser treinada novamente; Garra de Amora Doce tinha visto o quão duro ela trabalhou com sua mentora, Tempestade de Areia, até que seu ombro estivesse tão bom quanto um novo. Ela nunca mostrara nenhum tipo de amargura ao ser forcada a treinar por muitas luas a mais que os usuais aprendizes. Ela realmente merecia sua cerimônia de guerreira.
— Eu acabei de levar presa fresca para Nuvem de Avenca, — Ela miou para Garra de Amora Doce — Seus filhotes são bonitos! Você já os viu?
— Não, ainda não. — Garra de Amora Doce respondeu. A segunda ninhada de Nuvem de Avenca tinha nascido no dia anterior.
— Vá agora, — Pata Castanha insistiu. — Você ainda tem tempo o suficiente antes de irmos caçar.
Ela pulou e dançou enquanto dava alguns passos para os lados, como se toda a sua energia tivesse que ir para algum lugar. Garra de Amora Doce caminhou em direção ao berçário, o qual estava escondido nas profundezas de um matagal de amoreiras que ficava perto do centro do acampamento. Ele se espremeu através da entrada estreita, estremecendo quando espinhos raspavam em seus ombros largos. Dentro estava quente e silencioso. Nuvem de Avenca estava deitada de lado no seu ninho de musgo. Seus olhos verdes brilharam quando ela contemplou os três minúsculos filhotes enrolados confortavelmente na curva de seu corpo: um era cinza-pálido que nem ela, e os outros dois malhados de marrom assim como seu pai, Pelagem de Poeira. Ele estava no berçário também, agachado ao lado de Nuvem de Avenca com suas patas dobradas abaixo dele, ocasionalmente raspando sua língua afetivamente sobre sua orelha.
— Olá Garra de Amora Doce, — Ele miou assim que o jovem guerreiro apareceu. — Veio ver os novos filhotes? — Pelagem de Poeira parecia prestes a explodir de orgulho, bem diferente de seu ar mau humorado e arrogante.
— Eles são bonitos, — Garra de Amora Doce miou, encostando seu focinho no de Nuvem de Avenca. — Vocês já escolheram os nomes?
A Rainha balançou a cabeça negativamente, seus olhos pareciam estar cansados e ela deu uma piscada sonolenta para o guerreiro escuro:
— Ainda não.
— Tem tempo o suficiente para isso. — Flor Dourada, a rainha mais velha do Clã do Trovão e mãe de Garra de Amora Doce, falou de seu ninho de musgo.
Ela não tinha seus próprios filhotes para cuidar, mas tinha decidido ficar no berçário e ajudar as outras rainhas ao invés de retornar para suas tarefas de guerreira novamente; e em pouco tempo ela teria que se juntar aos anciãos. — Eles são fortes e saudáveis filhotes, e isso é o que importa.
Garra de Amora Doce abaixou sua cabeça respeitosamente em direção à rainha dourada:
— Nuvem de Avenca tem sorte de ter você para ajudá-la a cuidar deles.
— Bem, eu não fiz um trabalho tão ruim com você. — Ela ronronou com uma pitada de orgulho.
— Tem uma coisa que você poderia fazer por mim, — Pelagem de Poeira miou para Garra de Amora Doce no exato momento em que ele estava indo embora.
— Claro, se eu conseguir.
— Você poderia manter um olho em Pata de Esquilo? Eu quero passar um dia ou dois com Nuvem de Avenca, enquanto os filhotes ainda são bem pequenos. Mas Pata de Esquilo não deveria ser deixada sem um mentor por tanto tempo.
"Pata de Esquilo!" Garra de Amora Doce gemeu com decepção. A filha de Estrela de Fogo, oito Luas de idade, feita aprendiz recentemente... — E o maior incômodo no Clã do Trovão.
— Vai ser uma boa forma de praticar para quando você tiver seu próprio aprendiz. — Pelagem de Poeira adicionou, como se ele tivesse percebido a relutância de seu companheiro de Clã.
Garra de Amora Doce sabia que Pelagem de Poeira estava certo. Ele esperava que Estrela de Fogo o escolhesse como mentor em pouco tempo, para que ele pudesse ter seu próprio aprendiz e treiná-lo com base no Código dos Guerreiros, mas ele também esperava que seu aprendiz não fosse uma gata côr de gengibre sabichona que achava que sabia de tudo. Ele tinha consciência de que Pata de Esquilo não iria aceitar facilmente ordens vindas dele.
— Está bem, Pelagem de Poeira. — Ele miou. — Vou fazer meu melhor!
Quando Garra de Amora Doce emergiu do berçário, ele percebeu que mais gatos haviam aparecido na clareira. Coração Brilhante, uma bela gata branca com manchas alaranjadas em seu pêlo como folhas caídas, tinha acabado de escolher um pedaço de presa fresca e estava carregando-o para onde Cauda de Nuvem estava sentado. O lado normal de sua face estava virado para Garra de Amora Doce, e ele quase esqueceu as feridas desfigurantes que ela adquiriu quando a matilha de cães assombrava a Floresta. Um dos lados de seu rosto estava repleto de cicatrizes, e sua orelha tinha sido despedaçada; e só havia uma marca vaga onde seu olho deveria estar. Mesmo que tenha sobrevivido o ataque, o Clã temia que ela nunca se tornaria uma guerreira. Foi Cauda de Nuvem que treinou com ela e trabalhou suas habilidades, e agora ela podia caçar e lutar tão bem quanto qualquer gato.
Cauda de Nuvem a recebeu com um balançar de cauda animado e ela se sentou ao seu lado para comer sua presa.
— Garra de Amora Doce! Aí está você!
Ele se virou e viu um guerreiro alaranjado de pernas longas saindo da Toca dos Guerreiros e vindo em sua direção. Garra de Amora Doce parou para cumprimentá-lo:
— Oi, Pêlo de Samambaia. Listra Cinzenta disse que você estava organizando patrulhas de caça.
— Isso mesmo, — Pêlo de Samambaia falou. — Você iria com Pata de Esquilo esta manhã, por favor?
Ele curvou suas orelhas na direção da Toca dos Aprendizes, e pela primeira vez Garra de Amora Doce percebeu que Pata de Esquilo estava encolhida na sombra de algumas avencas que cercavam a toca. Sua cauda enrolada em volta de suas patas, seus olhos verdes seguiam uma borboleta de asas brilhantes. Quando Pêlo de Samambaia apontou-a com sua cauda, ela se levantou e atravessou a clareira, sua cauda erguida e seu pêlo vermelho escuro cintilando na luz do Sol.
— Patrulha de Caça, — Pêlo de Samambaia explicou brevemente. — Pelagem de Poeira está ocupado, então você pode ir com Garra de Amora Doce. Vocês podem encontrar outro gato para ir com vocês?
Sem esperar uma resposta, ele se encaminhou na direção de Tempestade de Areia e Pata Castanha. Pata de Esquilo ronronou e começou a se alongar:
— Bem, — Ela miou. — Onde devemos ir?
— Eu pensei nas Rochas Ensolaradas, — Garra de amora Doce começou. — Podíamos...
— Rochas Ensolaradas? — Pata de Esquilo interrompeu, seus olhos com descrença. — Você é idiota? Em um dia desses, todas as presas vão estar escondidas debaixo de rachaduras. Não iremos conseguir caçar nada.
— Ainda é cedo, — Garra de Amora Doce respondeu zangado. — As presas ainda vão ficar fora por mais algum tempo.
Pata de Esquilo soltou um suspiro:
— Honestamente, Garra de Amora Doce, você acha que sabe mais do que qualquer um.
— Eu sou um guerreiro! — Ele se justificou, e soube no exato momento que era a coisa errada a dizer.
Pata de Esquilo curvou sua cabeça exageradamente e disse com um tom respeitoso:
— Sim, Ó Grande Guerreiro! Eu irei fazer tudo o que você disser. E quando voltemos de patas vazias, talvez você admita que eu estava certa.
— Então, se você é tão sabia, onde você acha que deveríamos ir caçar?
— Á frente de Quatro Árvores, ao longo do córrego. — Pata de Esquilo respondeu de prontidão. — É um lugar muito melhor!
Garra de Amora Doce ficou ainda mais irritado quando percebeu que ela podia estar certa. Devido aos dias de extremo calor que tinham dominado a Estação das Folhas Verdes, o córrego ainda não havia secado e continuava a correr profundamente com espessos aglomerados de juncos onde a presa iria se esconder. Ele hesitou, imaginando como podia mudar sua opinião sem perder a razão aos olhos da aprendiz.
— Pata de Esquilo. — Uma nova voz o socorreu, e Garra de Amora Doce realizou que Tempestade de Areia, mãe de Pata de Esquilo, tinha se juntado a eles.
— Pare de despentear o pêlo de Garra de Amora Doce. Você é mais tagarela que um ninho de gralhas! — Seu semblante verde incomodado se virou para o guerreiro e ela adicionou. — E você é tão ruim quanto ela! Vocês dois estão sempre disputando; não podem ser designados para caçar juntos se não conseguem nem sair da clareira sem assustar quase toda as presas daqui até Quatro Árvores.
— Desculpe. — Garra de Amora Doce murmurou, com vergonha.
— Você é um guerreiro, devia conhecer melhor. Vá e pergunte a Cauda de Nuvem se você pode caçar com ele. E você, — Tempestade de Areia miou para sua filha. — Você pode vir e caçar comigo e Pata Castanha. Pêlo de Samambaia não irá se importar. E você irá fazer o que lhe for ordenado!
Sem olhar para trás, ela foi até o túnel de tojos que levava para fora do acampamento. Pata de Esquilo continuou imóvel por alguns minutos, uma expressão mal-humorado em seus olhos verdes. Ela remexeu as patas fronteiras, desgastando o gramado que recobria o solo.
Pata Castanha se aproximou e lhe deu uma cutucada amigável:
— Venha, essa é minha última caça como aprendiz. Vamos fazer dela um boa.
Relutante, Pata de Esquilo concordou, e as duas gatas se esvaíram atrás de Tempestade de Areia; a aprendiz côr de gengibre lançou um último olhar para Garra de Amora Doce assim que ela passou por ele.
Ele encolheu os ombros. Pata de Esquilo iria receber um treinamento mais experiente de Tempestade de Areia do que ela iria dele. E ele não teria que ficar a manhã inteira escutando seus resmungos, então ele não tinha certeza do porque estava se sentindo desapontado por não ido na mesma patrulha do que ela.
Deixando aquele sentimento de lado, ele trilhou seu caminho até onde Cauda de Nuvem e Coração Brilhante estavam acabando suas presas. Seu único filhote, Pata Branca, tinha acabado de se juntar a eles. Ao passo que ele se aproximava, ouviu ela dizer:
— Vocês vão caçar? Por Favor posso ir com vocês?
Cauda de Nuvem chicoteou sua cauda:
— Não. — Pata Branca começou a ficar desapontada, quando ele adicionou. — Pêlo de Samambaia disse que iria levar você. Ele é seu mentor, afinal.
— Ele me disse que está muito orgulhoso de você. — Coração Brilhante ronronou.
Pata Branca se iluminou:
— Legal, eu vou encontrá-lo.
Cauda de Nuvem deu uma cutucada carinhosa na orelha da aprendiz antes de ela ir embora, com a cauda balançando de empolgação.
Garra de Amora Doce esperava que isso não significasse que Cauda de Nuvem e Coração Brilhante queriam sair sozinhos.
— Vocês se importariam se eu me juntasse?
— Claro que você pode vir! — Cauda de Nuvem respondeu. Ele se ergueu sobre as patas e acenou para Coração Brilhante, então os três gatos trotaram juntos em direção ao túnel de tojos.
Um pouco antes deles desaparecerem entre os espinhos, Garra de Amora Doce lançou um último olhar sobre seu ombro para o Acampamento. Todos os gatos pareciam estar bem alimentados, de pelagem lustrosa, e confidentes de que seu território estava a salvo. A mensagem de Estrela Azul voltou a ecoar em sua mente. Poderia ser verdade que um grande perigo estava vindo para a Floresta? Garra de Amora Doce sentiu seu Pêlo se eriçar com um mal pressentimento. Ele decidiu não contar a nenhum gato sobre seu sonho. Essa parecia a única maneira com a qual ele poderia se convencer de que não significava nada, e não haveria nenhuma "Nova Profecia" vindo para atrapalhar a vida na Floresta.

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⏰ Última atualização: Jun 14, 2016 ⏰

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