CAPÍTULO 1

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MESES ANTES

Já se passou um mês desde o início das aulas, mas parece que já estou no meio do ano. A cada minuto olhava o meu celular esperando que o horário mudasse e o intervalo chegasse logo, só assim eu me livraria dessa aula horrível.

O professor de química escrevia algo no quadro. Letras e números se misturavam. Acho que se colocassem um texto grego na minha frente, eu seria capaz de entender melhor. Já imaginei minha vida toda umas três vezes e parece que o horário não muda.

Estou no tão esperado último ano do colégio e deveria estar prestando atenção nas aulas já que em breve tem inscrição para faculdade, mas especificamente hoje não consigo me concentrar em nada.

Suspirei algumas vezes, recebendo alguns olhares não muito agradáveis dos meus colegas de classe e até mesmo do professor. Batucava o dedo na mesa, tentando criar uma melodia que provavelmente soa melhor na minha cabeça.

— Algum problema, senhorita Bailey? – perguntou o professor Murilo com a voz anasalada.

Cada palavra dele é como se enfiassem uma faca no meu ouvido.

Ele, infelizmente, é o meu professor de química desde que entrei no ensino médio. Nunca gostei dele e esse é um sentimento mútuo. Todos da turma me olhavam, a sala estava em silêncio. Sei que meu rosto está vermelho pela vergonha de ser o centro das atenções.

— Não, professor, nenhum problema.

Sorri falsamente.

— Já que não há problema, você poderia me dizer quais as principais características dos compostos orgânicos?

Murilo ajeitou os óculos, seu olhar exalava prepotência.

Olhei para o lado em busca de alguma ajuda. Jade tentava me falar a resposta e até tentei fazer leitura labial, mas não deu certo, ou seja, estou ferrada.

— É... As principais características são... – Tentava lembrar de algo sobre o assunto, mas minha mente simplesmente deu um branco.

Ouvi algumas risadinhas no fundo sala.

— Bom dia, turma! – Marley, o diretor, entrou na sala me salvando de uma grande humilhação. — Venho aqui para apresentar a vocês o seu novo colega de turma. Espero que ele seja bem tratado. Zachary Reed, pode entrar. Seja bem-vindo!

Várias pessoas começaram a murmurar. Alguns chegaram a esboçar uma feição assustada. Zachary Reed entrou na sala, a arrogância era visível no seu rosto. Olhava para todos como se aquele fosse o último lugar em que gostaria de estar e, talvez, fosse mesmo.

Moramos em Oakland cidade localizada no estado Americano da Califórnia, nossa cidade é considerada a mais perigosa de todo o estado. Oakland é dividida em duas partes: os policiais e as pessoas que os apoiam, ou os motoqueiros e seus seguidores.

Zachary tem uma reputação e não é boa.

Foi basicamente criado pelo pior clube de motoqueiros da cidade, os Wild Hanks. Ele não é esse "bad boy" comum de escola, que implica com as pessoas e se acha o fodão. Ele é realmente uma pessoa ruim. As fofocas correm soltas na cidade e suas aventuras todos conhecem. As pessoas o olhavam com temor, como se vissem o próprio diabo.

— Senhor Zachary, seja bem-vindo – Murilo o cumprimentou, o suor é visível na sua testa. Afastou-se um pouco como se o novo aluno fosse uma praga que ele gostaria de evitar a todo custo.

— Zachary — anunciou o novato.

— O q-ue que? – Murilo gaguejou.

— Zachary. Sem "senhor". Só Zachary. – Sua voz é grossa e rouca, seu olhar rodou a sala.

Lótus (DEGUSTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora