CAPÍTULO 6

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— Senhorita Bailey, o diretor te espera na sala.

Cheguei faz menos de três minutos na sala e já estou sendo chamada pelo diretor. Tátila, a secretária, veio me buscar.

Pela centésima vez essa semana todos os olhares da sala caíram em cima de mim. Só queria que um buraco se abrisse para que eu pudesse me enfiar e não sair mais.

Alguns me olhavam curiosos outros com sorrisos zombeteiros no rosto. Jade me olhava sem entender nada.

Levantei da minha cadeira devagar. Estou tremendo pelo nervosismo, por isso coloquei as mãos dentro dos bolsos da minha calça jeans para impedir que os tremores se intensificassem.

Caminhei ao lado de Tátila enquanto ela andava confiante e com passos firmes. Meu caminhar, entretanto, está mais desengonçado que o normal. O corredor está totalmente vazio e silencioso. As paredes são brancas, o que é assustador. Parece um hospício. Nossos passos ecoavam pelo corredor, deixando tudo mais assustador.

Tátila deu uma batidinha na porta antes de abrir e segurá-la para que eu entrasse, então a fechou.

— Sente-se, Zoella – Marley falou, seus olhos sempre calorosos demonstram cansaço. — É a terceira vez essa semana que a senhorita tem que vir a minha sala e o mais engraçado disso é que sempre Zachary está envolvido no motivo.

Engoli em seco e caminhei hesitante pela sala. Sentei na ponta da cadeira e segurei firmemente nela.

Estou ficando cada vez mais nervosa.

Balanço a perna de um lado para o outro.

Marley suspirou.

— Zoella, te chamei aqui para saber o que está acontecendo entre você e Zachary.

— Não há nada acontecendo entre nós – afirmei, tentando manter a voz calma.

Marley arrumou alguns papeis em sua mesa, sua testa franzida. Ele parece estar pensando no que falar.

— Zachary tem pouco tempo no colégio e, no primeiro dia dele aqui, vocês foram trazidos para minha sala, porque foram pegos sozinhos no corredor, no meio da aula. No segundo dia vocês dois, juntamente com mais dois amigos seus, são trazidos novamente para minha sala e dessa vez porque você foi separar uma briga e acabou levando uma cotovelada do Zachary no seu nariz – Marley citava cada acontecimento com o dedo. — Estou certo nas minhas informações, Zoella?

— Sim, diretor.

Odeio que me chamem pelo nome Zoella. Tenho a sensação que sempre que falam meu nome inteiro estão me repreendendo por algo.

— Agora eu te pergunto: Tem certeza que não há nada entre vocês? Zachary fez algo com você nesses dias que ele esteve no colégio?

Marley cruzou os baços me olhando sério.

— Como eu já disse, não há nada acontecendo entre nós. Fora a cotovelada, que não foi culpa dele, nada mais aconteceu.

Marley me olhava como se estivesse juntando as peças de um quebra cabeça, mas sem sucesso.

— Se a senhorita afirma que não aconteceu nada entre vocês dois, por que seu pai criou essa petição? Ele afirma que a vida dos alunos do colégio está em risco com a presença de Zachary na escola e que você se sente ameaçada com a presença dele.

— Diretor, eu...

— Sei sobre os problemas do seu pai com os Wild Hawks, mas peço a você que não se deixe influenciar pela opinião do seu pai. Amanhã teremos uma conversa sincera entre você e Zachary. A petição que seu pai criou teve muitas assinaturas e os pais dos outros alunos estão começando a vir falar comigo. Estão preocupados com a segurança dos seus filhos. Então, peço a você, Zoe, que amanhã seja totalmente sincera com sua resposta. Se Zachary nunca fez nada a você, que te deixe assustada ou algo parecido, peço que amanhã fale isso. E se ele fez algo contra você, não hesite em falar. Pedi para conversar com você primeiro para te deixar informada da atual situação.

— Ele vai ser expulso? – perguntei cautelosamente.

— Não sei ainda. – Marley suspirou. — Tudo vai depender de amanhã. Depois que eu conversar com vocês, eu e os membros do conselho do colégio teremos uma reunião para decidir se ele vai ser expulso ou não.

— Eu não sei nem o que dizer sobre tudo isso – falei cansada.

— A verdade, Zoey.

— Então a decisão sobre a expulsão dele está em minhas mãos?

— Sim e não. — Marley me olhou triste, parecia preocupado. — No primeiro dia eu te disse para ficar longe de Zachary. E agora eu te dou mais um conselho: Fique longe do radar dos Wild Hawks.

— O que o senhor quer dizer com isso? – Minha voz saiu baixa e assustada.

— Pode voltar a aula, Zoey. – Marley massageou as têmporas, como se isso fosse ajudá-lo a ficar tranquilo. — E lembre-se do que te falei.

Saí da sua sala sentindo como se todo o peso do mundo estivesse nas minhas costas. Como uma pessoa tem o poder de deixar toda sua vida de cabeça para baixo em tão pouco tempo? Gostaria de ter a resposta para essa pergunta.

Arrependo-me de ter vindo para o colégio, já está virando um costume eu não consegui prestar atenção na aula. Isso já está começando a me incomodar, tenho que estudar o máximo para consegui boas notas e entrar na faculdade.

Antes de vir para a escola fui até o médico e não preciso mais usar aqueles algodões ridículos no nariz. Já posso respirar normalmente, meu nariz vai ficar dolorido por um tempo.

As palavras de Marley ocuparam toda a minha mente. O que devo fazer? Falar a verdade ou ouvir os meus pais?

Estava tão distraída que nem percebi quando a aula terminou. Jade já estava ao meu lado. Caminhamos juntas até o refeitório. Jade não parou de falar o caminho inteiro e eu tentava prestar atenção, mas parecia impossível.

— Alô. Terra chamando Zoey. – Jade estalou os dedos em frente meu rosto. — Garota, o que está acontecendo com você? Passou a aula toda distraída e agora não prestou atenção em nada do que falei.

— Estou sentindo que todos os problemas do mundo caíram em cima de mim.

Peguei um suco e um sanduiche para o lanche.

— Nem um pouco dramática, você – Jade murmurou antes de dar uma grande dentada na maça.

Sentamos em uma mesa separada do grupo que ela costuma sentar no intervalo.

Contei tudo que aconteceu sobre a conversa do meu pai com minha mãe horas antes da luta terminar, de como Zachary me ajudou a escapar e sobre a conversa que tive com Marley essa manhã.

— Zoe – Jade falou alto. — Você não pode fazer isso.

— O que? – perguntei distraída.

— Você não pode acusá-lo dessa forma! Ele nunca te fez nada. Na verdade, ele te deu uma cotovelada, mas sabemos que a culpa não foi dele e Marley tem razão em uma coisa – Jade falava gesticulando. — Se Zachary for expulso, os Wild Hawks vão cair em cima de você, então saia do radar dele.

— Desde quando você o defende tanto? – perguntei irritada brincando com o sanduíche ainda intacto sob a mesa.

— Desde que estou saindo com o amigo dele – Jade falou.

— O de cabelo cacheado?

— Sim. E o nome dele é Henry. Ele não parece um anjo?

— Está mais para um demônio – murmurei baixinho.

— O que disse? – Jade perguntou

— Nada.

— Voltando ao assunto Zachary, você sabe que não foi culpa dele. Acho que você já sabe o que tem que fazer. Ele não precisa ser expulso. Você ainda não provou do garoto proibido.

O sinal tocou e eu voltei para a sala.

Tentei ao máximo prestar atenção na aula de química, já que tem teste na próxima semana.

Hoje, as aulas passaram rápidas para a minha alegria.

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