CAPÍTULO 4

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Não consigo dormir, meu nariz está latejando de dor e isso me fez acordar várias vezes durante a madrugada.

Quero saber o que me deu para me meter naquela briga.

Sempre odiei brigas, mas dessa vez não sei o que aconteceu. A culpa disso é Zachary... eu sei que a culpa não é totalmente dele, mas preciso culpar alguém pelo meu comportamento estúpido, assim vou me sentir um pouco melhor.

Uma coisa que me pergunto é: por que brigaram?

A dor não passava e eu não tinha ninguém para me fazer companhia nessa madrugada de dor e tédio. Levantei da cama tentando não fazer barulho para não acordar meus pais, porque o quarto deles é ao lado do meu. Andei por todo meu quarto, observei cada detalhe. A cômoda cheia de porta retrato, um quadro de cortiça preso na parede, onde tem pôster de bandas. Minha escrivaninha é de madeira, sou apaixonada por ela, mas sempre está uma bagunça cheia de livros e papeis.

Não aguentei mais a falta de sono por causa da dor e foi quando lembrei do papel com o número no bolso da minha calça. Ainda tenho péssimas impressões ao seu respeito, mas ele me atingiu, então merece ser incomodado.

Procurei a calça que usei no colégio e a encontrei no meio de uma pilha de roupa suja no canto do quarto. Finalmente achei. Hesitante peguei o papel com o número, senti como se a minha mão estivesse queimando. E, se nesse exato momento, ele estiver fazendo algo ilegal? E eu acabar me tornando cúmplice porque estava falando com ele?

Deixa de ser boba, Zoela.

Penso no que vou falar para ele...

Não consigo dormir e a culpa é sua por ter quase quebrado o meu nariz. Só para te avisar meu pai quer arrumar um jeito de acabar com você.

Alguns minutos passaram e eu continuava olhando para o celular. Respirei fundo e tomei coragem para ligar. São 02:00, os motoqueiros são conhecidos por suas festas da madrugada. Disquei o número o telefone e tocou três vezes antes que alguém atendesse.

— Alô – disse uma voz feminina e sonolenta ao atender o telefone.

Fiquei calada, porque não imaginava que ele tinha uma namorada.

— Alô!

— É o telefone de Zachary? – perguntei me sentindo estúpida.

— Sim, ele está dormindo.

Encerrei a ligação.

Tenho certeza que ela vai contar a ele. E, provavelmente, ele saberá que fui eu.

Deitei na cama e finalmente o latejar diminuiu.

***

Acordei com uma voz cantarolando, as cortinas foram abertas e o sol iluminou o quarto.

Tive dificuldade em abrir os olhos com a luz repentina.

— Fecha essa cortina – resmunguei cobrindo meu rosto com o cobertor.

— Está na hora de acordar – minha mãe falou suavemente tirando a coberta do meu rosto. — Dormiu bem?

— Não – resmunguei. – O nariz tornou isso impossível.

— Veja pelo lado bom. Agora você aprendeu a nunca mais se intrometer em uma briga. Que isso sirva de lição.

— Acredite, mãe, aprendi minha lição.

— Espero que sim, querida. Fiquei preocupada quando Marley ligou. – Mamãe beijou minha testa. — Se arrume. Vamos sair – comentou antes de sair.

Lótus (DEGUSTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora