Criminal.

77 10 3
                                    

O velho clichê de uma adolescente apaixonada por um badboy, então ela sofre, sofre, sofre, termina com ele e ele se vê perdido, muda por ela e vai atrás depois. Isso com certeza não foi o que aconteceu.
Primeiro, porque eu já tenho 25 anos, segundo porque ele não mudou por mim, e muito menos veio atrás de mim. Conheci o Zayn em uma festa de fraternidade, a qual eu nem deveria estar, já que não fazia faculdade. Ele era o cara misterioso, de sorriso bonito, com um copo vermelho na mão, e tinha uma das coisas que me conquistavam: Drogas. Eu uso desde os 14 anos, quando o meu pai foi embora com todo o nosso dinheiro. E então, horas depois, eu fui violentada pelo meu vizinho velho e nojento. Desde esse dia, minha prima Gemma, me apresentou a maconha, ela era mais velha, mas não pode fazer nada além de tentar me acalmar. Tia Anne e Tio Des moravam em Londres com o meu primo Harry, e Gemma morava no campus da faculdade. Ela sempre fôra meio louquinha, e através dela, as bebidas, o LSD, a maconha, o pó, vinham muito mais fácil, afinal ela já era consumidora. O Zayn a conhecia de algumas festas também, e então ela nos apresentou. Eu tinha 17 anos, ele tinha 22. Foi uma enorme maluquice, e apesar de não ser muito acostumada com regras, segui as ordens dele. Eu não saia com ninguém, só com ele. Não ia em festas de outras gangues, não ficava com outros garotos, mas ele ficava, ele podia tudo. Eu era quase um nada. Mas nunca notei. Com o passar dos anos eu fui percebendo que ele não gostava de mim tanto quanto ele dizia. Morávamos juntos a mais de cinco anos, e ele poucas vezes dormia em casa, já levará verdadeiros traficantes, procurados pela polícia, e assassinos, para se esconderem lá. Ele tinha um apartamento no centro, e um em um bairro pobre, onde eu morava com ele.
Depois de quase seis meses juntos, eu já havia quase me acostumado, então com cinco anos, isso era mais do que normal. Algumas vezes tentei sair da casa dele, e ir embora, quando ele me traía, ou quando a policia quase me prendeu por ser cúmplice de suas tramóias, mas então ele dizia que ia mudar, que me amava, e que não aguentava viver sem mim. Numa dessas vezes ele me pediu em casamento, disse que ia conversar com alguns amigos, e que íamos morar no Canadá, mas antes teríamos a lua de mel em Byron Bay na Austrália. Foi um sonho realizado, sair daquela vida, eu já estava mais do que viciada, tinha perdido pelo menos 15kg, não saia de casa quase nunca, e as vezes, quando o Zayn me batia por causa de algum estresse da rua, eu ficava roxa e muito machucada.
Depois de tanto tempo juntos, e de tanta coisa que passamos, eu pensei que ele fosse cumprir, que ele me amasse de verdade, mas ele não amava.
Sumiu por cerca de cinco dias, sem mensagem, ligação, nada. Quando o Tyrone invadiu a casa procurando por ele, eu estava quase louca, não comia, não bebia, toda cheia de arranhões de tanto pó que havia usado, estava sem mais lágrimas pra chorar e acabada, ele achou que eu estava mentindo, então me bateu. Me bateu não, me espancou. Chutou minha cabeça, meu abdômen, arrancou alguns cabelos meus, e apontou a arma para a minha cabeça, dizendo que ia me matar se eu não dissesse onde o Zayn estava, mas eu também não sabia. Ele quase me matou, mas por um milagre, Blanco estava mexendo no meu celular e uma mensagem chegou.
Zayn : Hey Pezz, está tudo acabado, não me procure, fui embora, diga para o Tyrone pegar as coisas e no sótão do apartamento do Centro okay? Xx.
Ele ficou louco, quase teve um ataque, virou a mesinha de centro no chão, derrubou o que ainda não havia derrubado, e disse que se eu soubesse de qualquer coisa e não o avisasse, eu ia morrer. Pegou a chave do apartamento e do carro e foi embora. Levou toda a droga, e as armas com ele, e me deixou lá, sangrando, e quase morta.
Minha vizinha Dona Val, sempre ia lá no fim do dia me chamar pra comer na casa dela, já que na minha nunca tinha comida, e dessa vez não foi diferente. E quando ela entrou e me viu jogada correu para me ajudar. Eu jurava que ia morrer, e queria mesmo morrer, depois de tudo que passei, mas ela me socorreu.
No hospital, descobri que estava grávida de três semanas, e que o bebê havia morrido, por conta da surra que levei, e tive que fazer uma desintoxicação, já que praticamente tive uma overdose. Minha mãe não me visitou, mas Gemma sim, e dona Val ficou comigo todos os dias a noite, ela orava por mim e dizia que tudo ia ficar bem.
Gemma contou a Harry tudo o que havia acontecido. Ele era chefe do tráfico de boa parte da Inglaterra, e ficou louco, pediu para dois capangas dele virem me buscar, e depois de dois meses internada e me recuperando, eu finalmente ia embora. Ia mudar de vida e nunca mais ia dar uma chance pra ele.
Dessa vez eu ia mudar, não por causa de ninguém, mas por mim mesma. Ia refazer a minha vida na Inglaterra.

Ou pelo menos, era isso que eu pensava.

Dangerous Love ||P.EOnde histórias criam vida. Descubra agora