CAPITULO 04 - PENSAMENTOS

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RICARDO

Quando eu e Sara fechamos o acordo sobre a viagem, apertamos as mãos e elas são como pêssegos muito macios, me pego pensando em seu olhar doce e ao mesmo tempo atrevido. Talvez eu esteja com esse pensamento por conta de não ter uma mulher á muito tempo, de todas as formas. Estou esperando o momento certo, ou talvez ele não exista.

Lembro-me de quando trouxe Fátima, apenas um caso um ano atrás para ver como ela seria com meus filhos, ela tentou ser simpática e fazer amizade principalmente com Gustavo, mas ele não queria, dizia que ela era má e que dizia coisas ruins para ele, coisa de criança talvez por não quiser outra mulher a não ser sua mãe. Tentei algumas vezes e depois de não dar certo eu expliquei para ela que com muita relutância foi embora sem me dizer mais nada. Depois de alguns dias percebi que o que tínhamos era apenas atração física e desde então decidi não me envolver com nenhuma mulher e muito menos trazê-la para casa.

Relembro da cena que ocorreu mais cedo e que me fez decidir que Sara seria a babá de meus filhos. Ela estava sentada na cama de Gustavo e sua mão tinha acabado de tocar o seu corpo sinalizando o coração. Aquilo fez o meu coração gelar, pois sempre que alguma mulher tentava se aproximar ele recuava ou fazia um escândalo, e dessa vez ele conversava tranquilamente.

O celular toca me tirando do transe que eu estava pensando em uma estranha com meu filho. Pois era isso que ela era, apesar de ler toda sua ficha.

– Diga Adam. – falo depois de ver o nome da tela. – Ok levarei ela para tirar o passaporte e daqui dois dias estaremos prontos para ir, pode agendar sem problemas.

Conversamos mais um pouco sobre negócios e desligo. Logo após disco o número de Melisa.

– Prepara pra mim o meu avião, irei sair depois de amanhã. – digo para ela que concorda, acertamos algumas coisas pendentes e desligo.

Olho o relógio e vejo que já é quase meio dia, decido tomar um banho, mesmo que eu tenha limpado ainda sentia o cheiro, só de pensar fico nervoso.

Já se passe de nove horas quando eu lembro que tenho que ligar para Sara, depois de um dia muito agitado e cheio de compromissos, e mesmo assim deixando um espaço para brincar com meus filhos que agora dormiram tranquilamente em seus quartos.

Deito em minha cama e digito o número dela, o celular chama algumas vezes até que ela atende.

– Oi quem é? – diz uma voz de sono.

– Sou eu Senhor Ricardo. – é assim que eu me apresentava para todos. – Sobre a viagem.

– Ricardo... – além de não me chamar de senhor, ela fica muda. – Já marcou a data?

– Depois de amanhã, vi na sua ficha que não tem passaporte para podermos ir para fora do Brasil. – Digo para ela. – Eu posso te ajudar a tirar mais rápido, esteja em minha casa de manhã. – Eu podia fazer tudo mais rápido quando queria.

– Estarei ai. – ela diz apenas, então desligo a ligação.

SARA

Depois de sair da casa de Ricardo, eu me negava a chamá-lo de senhor, para irritá-lo por sua falta de educação e também porque ele aparentemente é muito novo para ser senhor, pensando nisso resolvo pesquisar sobre ele na internet, pois até agora não sabia nada, procurei tanto que encontrei um site confiável.

– Ricardo Albuquerque, 37 anos. Viúvo. Perdeu a esposa no parto da filha mais nova, que, aliás, não havia conhecido ainda. – digo pensando alto. – Desde a morte de sua esposa não se envolveu com mais ninguém publicamente.

Pesquiso toda a sua vida e acabo adormecendo em frente ao computador, quando acordo assustada novamente com o barulho do celular tocando, demoro um pouco para decidir atender por se trata de um número estranho.

– Oi quem é? – digo depois de atender.

– Sou eu Senhor Ricardo. –Que senhor o que, penso. – Sobre a viagem.

– Ricardo... –Digo sorrindo e meio lerda de sono. – Já marcou a data?

– Depois de amanhã, vi na sua ficha que não tem passaporte para podermos ir para fora do Brasil. Eu posso te ajudar a tirar mais rápido, esteja em minha casa de manhã. – Claro que podia quem tem dinheiro pode tudo.

– Estarei ai. – digo e mal termino de falar e ele desliga o telefone em minha cara, eu já estava irritada com ele, e pensando seriamente em desistir de ir nessa viagem a trabalho, mas eu preciso.

Vou até o quarto de Luiza para ver como ela está sabendo que eu vou viajar. Bato na porta e ela grita um pode entrar.

– Oi Lulu, como você está? – Mesmo depois de grande esse era o apelido favorito dela nossos pais chamavam ela sim.

– Oi Sara, você sumiu o dia todo! – ela diz virando de frente para mim.

– Sim, consegui um emprego. É temporário, porém já ajuda. – Sento na cama dela.

– Verdade, a tia falou comigo e você vai ter que viajar. – ela diz triste. – Mais vai para Estados Unidos. – Ela diz eufórica, nós nunca saímos nem do estado.

– Estou ansiosa e ao mesmo tempo com medo, mas não se preocupe vai ser por alguns dias e já estarei de volta. Amanhã iremos resolver sobre passaporte e essas coisas de gente rica, nem roupa pra isso eu tenho.

– Vai dar tudo certo, pelo que a tia me falou ele é muito gato. – ela diz rindo.

– Que isso menina? Estou indo a trabalho, e a beleza dele não importa porque ele é um ignorante que não ta nem ai pra ninguém.

Fico conversando com ela, mas sem o foco dele em nossa conversa, pois eu já estou bastante irritada, saindo do quarto dela decido tomar um banho para finalmente deitar em minha cama.

Com os pensamentos agitados, pensando em tudo. Em como eu nunca tinha saído do estado e agora pisaria em um avião para sair do País. E se acontecesse o mesmo que com meus pais em sua lua de mel? Se já pensando nisso eu já ficava ansiosa e o pânico atacava, imagino quando eu enfrentasse o medo e voasse pela primeira vez, será que eu preciso mesmo desse trabalho?

Uma Doce BabáOnde histórias criam vida. Descubra agora