Um bom médico. (1)

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  Sam era um jovem de vinte e seis anos, que havia se formada em medicina a pouco tempo, ele era lindo, tinha um cabelo loiro, olhos cor de mel, um belo corpo e sorriso perfeito. Quando decidiu ser médico foi para ajudar as pessoas mais necessitadas, porém por intermédio de seus pais, ele foi praticamente obrigado, a trabalhar em um hospital particular, ele não gostava de lá, pois não se sentia muito útil, trabalhando em um local onde outros médicos poderiam o substituir facilmente, ele queria ser mais do que útil em seu trabalho, ele queria ser necessário e ajudar quem ninguém mais poderia ajudar.

  Um dia Sam estava voltando do trabalho, meio abatido, ele ainda morava com seus pais, apesar de não gostar muito disso, ao chegar foi para a sala onde sua mãe, Marilene, estava sentada mexendo no celular, com a TV ligada.

- A senhora está gastando energia elétrica, escolha entre o celular, ou a TV. -enquanto falava com a mulher, Sam começou a prestar atenção no noticiário, que falava sobre os países mais pobres da África.

- Pode desligar se quiser. -disse a mulher, mas Sam não prestou atenção nela.

- Que lugar devastado, né? -perguntou Sam, olhando fixamente para a tela, onde uma criança magra brincava na terra seca.

- Sim, infelizmente eles não nasceram com muita sorte.

- Sorte? -Sam encarou sua mãe abismado. - Não creio que seja sorte, com o passar do tempo as pessoas foram destruindo as coisas ao seu redor, por pura ganância, a culpa não é dessas pessoas, mas elas estão assim graças a ganância de outras.

- Calma, eu só comentei.

- Desculpa, eu vou para o meu quarto.

  Após dar um beijo na bochecha de sua mãe, Sam subiu para o quarto, que ficava no segundo andar da grande casa, ele entrou, jogou sua mochila no canto, deitou na espaçosa cama de casal e começou a pensar naquelas pessoas que viviam naquele estado, ele já sabia daquilo, mas ao refletir aquilo doeu nele, o que o fez sentir uma imensa necessidade de fazer algo em relação aquilo, de ajudar.

  Uma semana se passou, Sam estava jantando com Marilene e seu pai, Robert, a mesa estava muito bem posta, com comida farta, tudo parecia tranquilo, até Sam dizer que tinha uma novidade para contar.

- Tem algo que quero contar a vocês. -toda a atenção se voltou para ele, Marilene tinha aquele clássico jeito de senhora rica, e Robert era um senhor daqueles de opinião, que sempre se interessava por tudo.

- Arranjou uma namorada. -sugeriu Robert contente.

- Não... melhor que isso.

- Arranjou uma namorada bonita e rica? -perguntou Marilene.

- Também não é isso.

- Se não é uma namorada então conte logo! -concluiu Marilene curiosa.

- Eu me demiti e vou virar médico voluntário em um país pobre da África! -Robert e Marilene tomaram um susto, a mulher quase caiu da cadeira.

- Você o que?! Acho que eu ouvi errado. -Robert se levantou da mesa e o começou a encarar, a postura dele era firme e ameaçadora.

- Eu estive pensando, e as pessoas que me consultam, são ricas o bastante para conseguir outro médico, já lá as pessoas são pobres e não tem muitos médicos. -comentou mexendo nos talheres de prata na mesa.

- Você com certeza ficou louco! Não está pensando direito! -Robert começou a gritar, ele acabava fazendo reboliço de qualquer coisa.

- Seu pai tem razão, você é um rapaz bonito, com um futuro brilhante pela frente, que pode arranjar uma bela esposa, vai mesmo desperdiçar sua vida naquele lugar?

- Os únicos loucos aqui são vocês, eu apenas quero ajudar aquelas pessoas, não é desperdício, é ganho de tempo para vidas que ninguém mais dá esperança, eu vou ir sim, queiram vocês sim, ou não!... -Sam foi se retirando do local, mas parou no meio do caminho e gritou. - E outra coisa, não quero uma esposa! Aposto que vocês ainda nem se tocaram que todos os namorados que eu já tive eram homens! Vou fazer minhas malas!

- O que faremos com ele Marilene? -perguntou Robert sentando ao lado da esposa.

- Eu não sei, mas é melhor deixarmos ele ir, com certeza vai se arrepender e voltar assim que ver como as coisas realmente são. 

- Provável que sim...

  Sam foi para o quarto e começou a ajeitar as coisas que levaria para a viagem, enquanto isso ele nem poderia imaginar as coisas que encontraria naquele local, não só pobreza como imaginava, mas uma riqueza que nenhum jornal poderia noticiar.

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