Conteúdo - Parte 2

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O amor é benigno (I Cor 13.4)

O AMOR DISPÕE O EU A FAZER O BEM

Antes de afirmar que o amor é benigno o apóstolo disse que o amor é sofredor, isto é, longânimo, a saber, que ele nos dispõe a aguentar os danos recebidos de outros, humildemente. E agora Paulo afirma que o amor é benigno, ou em outras palavras, que

O AMOR, OU UM ESPÍRITO VERDADEIRAMENTE CRISTÃO, DISPÕE O EU A FAZER VOLUNTARIAMENTE O BEM A OUTROS

Enfatizando este ponto, eu vou primeiro falar brevemente sobre a natureza do dever de fazer o bem a outros; e, depois, demonstrar que um espírito cristão nos disporá a isto.

I. Quanto à natureza do dever de fazer bem a outros, consideraremos três coisas: o ato – fazer o bem; os objetos, ou aqueles para os quais nós devemos fazer o bem; e a maneira pela qual isto deve ser feito - voluntariamente.

1. Quanto ao ato na questão do dever de fazer o bem a outros. - Há muitos modos pelos quais as pessoas podem fazer bem a outros, e em que são obrigadas a assim fazer, quando elas têm oportunidade. E,

Primeiro, as pessoas podem fazer o bem às almas de outros, que é o modo mais excelente de fazer o bem. Os homens podem ser, e frequentemente são, os instrumentos do bem espiritual e eterno para outros. Quando assim ocorre, o bem que é feito, é maior do que todas as riquezas do universo. E nós podemos fazer bem às almas de outros, suportando dores para instruir os ignorantes (que desconhecem a vontade e plano de Deus para eles) e conduzi-los ao conhecimento das grandes coisas da religião, e aconselhando e advertindo outros, e mobilizando-os ao seu dever, e a um completo zelo, para o próprio bem estar das suas almas, e também para reprovação cristã daqueles que podem estar fora do modo em que deveriam andar na presença de Deus, e fixar bons exemplos que são a coisa mais necessária de todas para eles e geralmente a mais eficaz de tudo para a promoção do bem das suas almas. Tal exemplo tem que acompanhar os outros meios de fazer bem às almas dos homens, como instruir, aconselhar, advertir, e reprovar, e tudo que for necessário para lhes dar força e vigor.

Os homens podem fazer bem às almas de pessoas que estão entregues ao vício, sendo os instrumentos para resgata-los de seus caminhos viciosos, ou para as almas dos que negligenciam o ato de ir ao santuário persuadindo-os a irem à casa de Deus, ou para as almas de pecadores presunçosos e descuidados, pondo em suas mentes a consciência da sua miséria e o perigo que eles estão correndo, e assim serem os instrumentos para despertá-los, e os meios da sua conversão, e para lhes trazer a Cristo. Assim eles podem ser do número daqueles dos quais se diz em Daniel 12.3: "Os que forem sábios, pois, resplandecerão, como o fulgor do firmamento; e os que a muitos conduzirem à justiça, como as estrelas sempre e eternamente.". Também, os santos podem ser os instrumentos de confortar e estabelecer um ao outro, e de fortalecer um ao outro na fé e obediência; de incentivar, animar, e edificar um ao outro; de exortar um ao outro, e ajudar a sair um ao outro de tentações, e crescer na vida divina; aconselhando-se mutuamente em casos duvidosos e difíceis; encorajando-se debaixo de provas e tentações; e também promovendo alegria espiritual e força, mutuamente.

Segundo, as pessoas podem fazer bem a outros em coisas externas, deste mundo. Eles podem ajudar outros nas suas dificuldades e calamidades externas, e há vários tipos de calamidades temporais pelas quais o gênero humano é responsável. Muitos têm fome, ou sede, ou são forasteiros, ou estão nus, ou doentes, ou em prisão (Mateus 25.35,36), ou com algum outro tipo de sofrimento, e aos quais nós podemos auxiliar. Nós podemos fazer bem a outros, ajudando-os a construir um bom nome, promovendo a estima e aceitação deles entre os homens; ou fazendo qualquer coisa que verdadeiramente possa aumentar o conforto e a felicidade deles no mundo. E fazendo o bem externamente a eles deste modo, nós teremos uma maior vantagem para fazer o bem às suas almas. Porque, quando as nossas instruções, deliberações, advertências, e bons exemplos são acompanhados com tal bondade externa, esta tende a abrir o caminho para o espiritual, e pode conduzir tais pessoas a apreciarem nossos esforços quando nós buscamos o bem espiritual delas. E nós podemos contribuir assim para o bem de outros, de três modos: dando a eles aquelas coisas que eles precisam, sofrendo por eles ajudando-os a aguentar os seus fardos, e fazendo tudo em nosso poder para trazê-los à luz do Senhor. O cristianismo exige que façamos o bem a outros em cada um destes modos. Exige que demos a outros (Lucas 6:38): "Daí e ser-vos-á dado". Exige que façamos para outros, e trabalhemos para eles (I Tes 2:9): "Porque vos recordais, irmãos, do nosso labor e fadiga; e de como, noite e dia labutando para não vivermos à custa de nenhum de vós, vos proclamamos o evangelho de Deus.". E Heb. 6:10: "Porque Deus não é injusto para ficar esquecido do vosso trabalho e do amor que evidenciastes para com o seu nome, pois servistes e ainda servis aos santos.". E isto requer que estejamos dispostos a sofrer por outros (Gál 6.2): "Levai as cargas uns dos outros, e assim cumprireis a lei de Cristo.". E I Jo 3:16: "Nisto conhecemos o amor, em que Cristo deu a vida por nós; e devemos dar nossa vida pelos irmãos.". De forma que, a Bíblia exige que façamos o bem a todos por meio de todos estes modos citados. Eu passo, então, a falar,

Jonathan Edwards e o Amor - EvangelhoOnde histórias criam vida. Descubra agora