O amor não é facilmente provocado (não se exaspera) – I Cor 13.5
O ESPÍRITO DE AMOR É O OPOSTO DE UM ESPÍRITO IRADO OU COLÉRICO
Tendo declarado que o amor é contrário aos dois grandes pecados do orgulho e egoísmo, essas duas fontes e correntes profundas do pecado e da maldade no coração, o apóstolo mostra agora que o amor é também contrário a um espírito irado e um espírito acusador e censurador. E ao dizer que o amor não se exaspera, isto é, que ele não é provocado facilmente, a doutrina que é fixada diante de nós é,
QUE O ESPÍRITO DE AMOR CRISTÃO, É O OPOSTO DE UM ESPÍRITO IRADO OU DE DISPOSIÇÃO COLÉRICA.
Falando desta doutrina, eu mostrarei primeiro em que consiste aquele espírito irado ou temperamental para o qual um espírito cristão é contrário; e, adiante, darei a razão por que um espírito cristão é o contrário disto.
I. o que é esse espírito irado ou colérico para o qual o amor, ou um espírito cristão, é contrário? Não é a todo tipo de ira que o cristianismo é oposto e contrário. Em Ef 4.26 se diz: "Irai-vos, e não pequeis, não se ponha o sol sobre a vossa ira.". E isto parece supor que há tal uma coisa como ira sem pecado, ou que é possível estar bravo em alguns casos, e ainda não ofender a Deus. E então pode ser respondido, em uma única palavra que um espírito cristão, ou o espírito de amor, é oposto à ira que é imprópria e inadequada. E a ira pode ser imprópria ou inadequada em quatro aspectos: em sua natureza, sua ocasião, seu fim, e sua medida. E,
1. A ira pode ser imprópria e inadequada a respeito de sua natureza. A ira pode ser definida como uma oposição séria e violenta de espírito contra qualquer mal, real ou suposto, ou devido a qualquer falta ou ofensa de outro. Toda ira é oposição da mente contra um mal real ou suposto; mas nem toda a oposição da mente contra o mal pode ser chamada corretamente de ira. Há uma oposição do julgamento que não é ira; porque a ira é a oposição, não o julgamento, e tem a ver com o espírito do homem, isto é, com a disposição do seu coração. Há uma oposição do espírito contra o mal natural que nós sofremos, que se traduz em aflição e tristeza, por exemplo, que é uma coisa muito diferente de ira; e que é distinta desta. A ira é oposição ao mal moral, ou a uma realidade má ou suposta, em agentes voluntários, ou pelo menos em agentes que são concebidos para serem voluntários. E ainda, nem toda a oposição de espírito contra o mal, ou imperfeição em agentes voluntários é ira; porque pode ser uma antipatia, sem o espírito que caracteriza a ira, que é um espírito enfurecido e bravo; e tal antipatia é uma oposição da vontade e julgamento, e nem sempre dos sentimentos - e para enfurecer, o sentimento deve ser movido. Em toda a raiva deve haver uma séria oposição do sentir, e o espírito deve ser movido dentro de nós. A ira é uma das paixões ou afetos da alma, entretanto, quando é chamada de afeto, deve, na maior parte, ser considerada como um mau afeto.
Tendo falado da natureza da ira, mostraremos agora porque a ira é imprópria ou inadequada em sua natureza. E este é o caso com toda a ira que carrega consigo um desejo de vingança. Alguns definiram a ira como sendo um desejo de vingança. Mas isto não pode ser considerado uma definição justa de ira em geral; porque nesse caso, não haveria nenhuma ira que não fosse vingativa, expressando o desejo de que o ofensor seja prejudicado. Mas, indubitavelmente há uma tal coisa como ira que é consistente com a benignidade; porque um pai pode estar bravo com o seu filho, quer dizer, ele pode achar nele uma séria oposição de espírito para com a conduta ruim do seu filho, e o espírito dele pode se mover em oposição àquela conduta, e porque enquanto o seu filho continuar nisto; ao mesmo tempo, ele não terá qualquer desejo de prejudicá-lo, mas ao contrário, uma real benignidade; pois está visando ao seu bem, e assim longe de desejar seu dano, ele pode ter o desejo muito mais elevado para o seu verdadeiro bem-estar, e a própria ira dele é uma oposição para prevenir o dano que será resultante do mau comportamento do seu filho. E isto mostra que aquela ira, em sua natureza geral, é bastante consistente com a oposição do espírito ao mal, e não um desejo de vingança.
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Jonathan Edwards e o Amor - Evangelho
SpiritualJonathan Edwards foi um dos principais instrumentos de Deus no grande avivamento havido nos EUA no século XVIII. Seus escritos sobre o avivamento são muito conhecidos, especialmente o seu "Tratado Sobre as Afeições Religiosas". Não de menor importân...