Corações gentis, almas feridas

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Daniel Grayson vê a verdadeira Amanda Clarke uma vez.

Não foi um breve olhar na rua, ou um aceno através de um cômodo em uma festa.

Ele vê ela por meia hora, e ainda não se falaram. Ele está em estado de euforia agora, porque Amanda é real. Ela está viva, uma pessoa que respira, com um rosto visivelmente redondo, com cabelos pretos pendurados ao redor dos ombros dela

Daniel mencionou que ele está na corte de Nova Iorque agora mesmo e ele está num terno, enquanto ela está de jeans? A mãe dele queria ver o julgamento da filha do David Clarke. Daniel a acompanhou porque ele queria ver o julgamento da filha do David Clarke, mas por uma razão INTEIRAMENTE diferente.

A mãe e o pai dele se sentam logo atrás da defesa onde Amanda está sentada. Sua irmã está com a avó deles, então eles embarcaram para uma pequena viagem para Nova Iorque. Daniel ouviu seu MP3 toda viagem de carro enquanto seus pais discutiam e nem mesmo observavam com atenção o solário garoto de 16 anos.

Eles ficam de pé enquanto o juiz entra. Daniel não sabia que eles faziam isso em uma sala de tribunal, mas o arrastar das cadeiras no chão de madeira e assistir eles se levantarem o alerta do fato, então ele os segue um segundo depois. Quando Amanda é trazida para a mesa de defesa, sua mãe ridiculariza e seu pai sacode a cabeça, mas Daniel não pode deixar de notar quão adorável ela parece, até mesmo com algemas. As mechas de cabelo pendentes ao redor de seu rosto, e os olhos dela estão sem emoção e ele se sente mal por ela, porque sabe seus verdadeiros sentimentos.

Amanda não nega nenhuma das acusações que são jogadas do juiz e do procurador.

O julgamento não é muito longo, ela finge que ouve o juiz intensamente e quando ele a pergunta se ela quer se desculpar por todo o problema que ela havia causado, ela faz um som alto e feio, que ecoa por toda a sala do tribunal.

Ela é levada algemada. Um guarda a empurra em direção a saída para que ela seja escoltada para fora. Tudo parece estar em câmera lenta enquanto ela gira, as camadas de seu cabelo saltando assim que ela se vira para olhar para trás, como algo a compelisse. Ela olha pelos guardas e seus olhos parecem encontrar os de Daniel. É como se ela soubesse que ele está lá e os olhos dela aumentam em choque. Ele não pode ouvir nada além do seu coração palpitando nos seus ouvidos e o arrastar das cadeiras enquanto as pessoas ruidosamente deixam como se fosse um zoológico e não uma Corte Suprema e ele vê os lábios de Amanda forma uma palavra e então um grito enquanto todos se levantam, os níveis do barulho subindo.

"Daniel!" Ela grita, conforme ela é empurrada a porta, seus olhos brilhando com lágrimas. Ele pôde sentir batendo, querendo desesperadamente chamá-la, mas ele nao o faz, porque não pode se mover e acha difícil falar.

Seus pais querem saber como ele conhece uma Clarke. Ele não diz a eles que ele a conhece desde que tinha 9 anos. Ele diz que na escola tiveram que enviar cartas para uma criança de um lar adotivo e anexar uma foto. Talvez ela só reconheceu ele.

Bem, não é uma mentira completa.

Afinal, Michelle Banks, sua antiga psiquiatra, foi quem deu Amanda o endereço dele em primeiro lugar.

-

Assim que ele chega em casa, ele vai para seu quarto e abre a tampa do laptop, pesquisando pelo endereço do centro de detenção de correção. Enquanto ele pesquisa, ele afrouxa a gravata e tira o casaco. Ele pode ouvir as batidas impacientes de mãos sujas na porta.

"Paciência, Char", Ele diz a sua irmãzinha, sem abrir a porta. Eles a pegaram uma hora atrás, e já cansada, se mexia loucamente. "Eu vou brincar em um minuto."

Uma vez que ele encontra, ele rabisca uma mensagem rápida para ela. Ele troca o resto de suas roupas e pega uma camiseta listrada básica e um par de jeans.

Ele abre a porta, colocando sua carta no bolso do jeans.

"Vamos lá fora jogar, Char." Ele disse, pegando-a e a colocando-a na cintura enquanto a carregava para o andar de baixo e para o vestíbulo.

"Hora de brincar?" A jovem garota questionou.

Daniel concordou com a cabeça e tentou descobrir o caminho mais rápido para uma caixa de correio sem ser pego. Havia uma à um minuto de distância, então não demoraria para ir lá rapidamente. Tinha um parque bem na frente, então ele percebeu que poderia levar Charlotte lá.

Contando a seus pais que ele estava levando Charlotte para brincar, ele a colocou no chão e ele andaram até o parque. O parquinho não tinha sido usado por um tempo, o balanço estava rangendo e o vento soprava pelas árvores selvagens, dando um sentimento de mistério.

Eles foram à caixa de correio primeiro e ele entregou a carta para ela, levantando-a para que pudesse postar.

Charlotte deu uma risadinha. "Para quem é a carta?"

"Minha muito querida amiga."

Charlotte assentiu conforme ele a colocava de volta no chão. "Ela é sua namorada?"

Enquanto eles andavam em direção ao parque, ele sentiu como se fosse Joãozinho e Maria ou os três ursos.

"Não, ela não é"

"Por quê?" Ela perguntou conforme ele a ajudava na área frágil do parque.

"Porque garotas são nojentas." Ele disse sorrindo.

Ela olhou de volta para ele curiosamente. "Mas eu sou uma garota"

"Mas você é uma garota fofa." Ele disse a ela.

"Oh."

"Você é minha garota favorita em todo o mundo"

"Você é meu irmão favorito de todo o mundo gigantesco, Daniel." Charlotte disse a ele rindo.

"O monstro Daniel vai te pegar agora, Charle!" Ele afirmou, escalando no parquinho, pretendendo que era um monstro.

"Nãoooo!" Ela riu, correndo para longe.

-

[Querida Amanda,

Eu vi você hoje. No julgamento. Não é nada para ficar constrangida, Amanda. Você é sempre a mesma Amanda que eu conheço e amo muito, muito, muito.

Você tem coragem. Eu vou te dizer. Sério, quantos outros adolescentes teriam coragem de fazer o que você fez em uma Corte Suprema? Eu não tenho nem coragem de falar algo contra meus pais, deixe para lá desafiar uma autoridade da lei.

Eu não me importo com o seu cabelo ou com sua aparência, desde que sua personalidade nunca mude, Amanda.

Com amor, Daniel]

[Querido Daniel,

Todas essas vezes que eu tentei te dizer para não vir e me ver. E você fez isso de qualquer forma. Isso é chamado de mentira, Daniel. É tão injusto.

Mas eu não vou ficar com raiva de você. Eu não poderia perder meu melhor amigo por algo tão trivial. Eu não posso acreditar que você conseguiu o endereço da detenção juvenil, mas estou feliz que o fez.

Ao invés, nós podemos falar sobre como eu 'lutei contra o poder dele'. Aquilo foi o toque final. Genial, certo? Haha.

Eu tenho estado nesse buraco por alguns dias e eu já entrei em uma briga. Três vezes.

Oops. :)

Com amor, Amanda]

******

Nota do tradutor

Este talvez tenha sido o capítulo mais difícil de traduzir, tive muito trabalho com "blow a raspberry" pois não achei um correspondente a altura, se vocês não conseguirem entender o que Amanda fez na sala de tribunal, pesquisem.

(Blow a raspberry seria um barulho que as crianças normalmente fazem quando colocam a língua pra fora, é um ato infantil)

Obrigado por lerem ;)
Até mais
Sam

Amor, cartas e vingançaOnde histórias criam vida. Descubra agora