Capitulo 2

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Passado algumas horas, quando chegamos ao lar de acolhimento , despedi me do klaus e fui ao encontro de uma mulher que estava a minha espera. Fiquei um bocado surpreendida  por causa do cabelo azul e dos piercings.
— Olá, Mary, o meu nome é Rachel. E Bem-Vinda a Casa Nebraska. Como te sentes?
Encolhi os ombros.
— Sinto muito pelo que aconteceu aos teus pais.
— Obrigada, minha senhora.
Rachel riu-se.
— Não estás na escola, Mary. Aqui chamam-me toda à espécie de nomes feios, mas nunca me tinham chamado "minha senhora".
— Desculpe.
— Eu mostro-te a casa e depois podes ir lanchar. Tens fome?
— Alguma — admiti.
— Ouve , Mary — disse Rachel enquanto caminhava.— Este sítio é péssimo e a tua vida deve parecer-te horrível , mas há muitas pessoas boas aqui para te ajudar.
—Pois— respondi.
— A nossa estação central de luxo — disse Rachel, enquanto apontava para uma piscina insuflável cheia de chuva e beatas de cigarros.
Sorri um pouco. Rachel parecia simpática, apesar de provavelmente dizer sempre as mesmas piadas a todos os esquisitos que ali iam parar.
— O complexo desportivo topo de gama. É expressamente proibido vir cá se os trabalhos de casa não estiverem feitos.
Atravessamos uma sala com um alvo de dardos e duas mesas de snookar. O feltro das mesas estava preso por fita-cola e havia um porta--guarda-chuva cheio de tacos sem ponta ou partidos.
— Os quartos são todos nos andares de cima. Os dos rapazes são no primeiro andar e os das raparigas no segundo. As casas de banho e os chuveiros são aqui eme baixo. — finalizou Rachel.
Chegamos à sala de jantar. Estavam lá duas dúzias de miúdos, a maior parte vestida com uniformes escolares. Rachel apontou para o sítio onde as coisas estavam guardadas.
— Os talheres estão ali, há comida quente, cereais e sumo de fruta no bar. Se quiseres torradas faz.
— Fixe.
Mas não me sentia fixe. A sala estava cheia de miúdos estranhos e barulhentos , o que era intimidante.
— Depois de comeres, vai ao meu escritório, porque quero falar contigo.
                             *********
Rachel estava ao telefone . A sua secretária encontrava-se atulhada de papéis e pastas de arquivo é um cigarro aceso ardia no cinzeiro. Rachel desligou o telefone, deu uma passa e viu Mary a olhar de relance para o aviso que dizia:
Proibido fumar
— Se me despedirem, ficam com seis pessoas ou menos — disse ela— queres um cigarro?
Mary ficou chocada por um adulto lhe oferecer um cigarro.
— Não fumo .
— Ótimo — disse Rachel.— Provocam cancro, mas preferimos dar-te os cigarros do que ver-te a roubá-los nas lojas. Empurra aí a minha tralha, põe-te à vontade.
Mary tirou uma pilha de documentos da cadeira que parecia mais vazia e sentou-se.
— Como te sentes, Mary ?
— Estou um bocado enjoada.
—Isso passa. O que queria saber é como te sente em relação ao que acontecia com os teus pais.
Mary encolheu os ombros .
— Mal, acho eu.
— O que interessa é que não guardes tudo para ti. Vamos marcar algumas horas com uma terapeuta, mas , entretanto, podes falar connosco , aqui na casa. Mesmo que sejam três da manhã.
Mary concordou com a cabeça.
— Não tens parentes pois não ?
— Só o meu tio . Chamo-lhe Tio Lin.
— A polícia encontrou- o à noite passada.
— Provavelmente puseram - no numa cela— disse Mary.
Rachel sorriu.
— Fiquei com a sensação de que vocês os dois não se davam bem, quando falei com ele na noite passada.
— Falou com o Tio Lin?
— Sim... Mas a questão é a seguinte, Mary...
Mary entendeu o resto sozinha.
— Ele não quer ficar comigo pois não ?
— Lamento.
Mary olhou para o chão, tentando não ficar irritada mesmo sabendo que ficar ao cuidado do estado era muito melhor do Que ficar com o idiota do meu tio.
Rachel deu a volta à secretária e pôs um braço em volta dos ombros deles.
—Lamento mesmo Mary.

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⏰ Última atualização: Jun 22, 2016 ⏰

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