Capítulo 1- A festa

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Eu não queria jogar aquele jogo. Mas, eu fui. Me convenci de que não seria tão ruim assim. Mas o principal motivo foi você, sentado a minha frente, do outro lado da pequena mesa de centro. Você me convenceu a jogar mesmo sem saber. Três pessoas jogaram antes de você e enquanto isso, eu fiquei olhando para as gotas de cerveja que pingavam na mesa todo vez que a garrafa era girada. Só comecei a prestar atenção quando ela finalmente parou.

Taylor.

Você iria beijar ela. Eu senti meu coração parar por alguns segundos, quando vocês dois foram se aproximando, os lábios entreabertos. Depois meu coração bateu tão rápido que até pensei que ele poderia sair correndo de dentro do meu peito.

Não consegui me concentrar mais em nada. A música ao fundo pareceu sumir e as piadas que saiam da boca daquelas pessoas ficaram totalmente sem graça. Chegou minha vez de girar a garrafa. Mas, quando minha mão estava prestes a alcança- la, ouvi sirenes ao fundo.

Polícia.

Parece que a música estava alta demais- eu nem reparei- por que a cena do beijo continuava passando na minha mente. Só acordei do transe quando Clarissa tocou meu ombro e me puxou pela mão até a porta dos fundos da casa de Jacob. Ao longe, vi muitas pessoas correndo e pulando muros, mas você ja tinha sumido.

O relógio marcava 22:10 quando chegamos na minha rua. Clarissa me deixou lá e seguiu para casa, que ficava no fim do quarteirão. Fui andando bem devagar e olhando para as estrelas naquele céu escuro, pensando em você- como sempre. Tropecei em algo que quase me fez cair para frente. E lá estava você; sentado na calçada bem aos meus pés. Você lembra disso, não é? Ou será que estava bêbado demais?

Você olhou para mim com os olhos cansados. Eu fiquei parada te olhando, pensando no que fazer a seguir, já que eu estava na frente do garoto que supostamente amava e ele estava totalmente bêbado. Ai, você fez um sinal para eu me sentar ao seu lado; e eu sentei, como se não fosse problema algum para mim sentar ao lado de um garoto no meio daquela rua escura e deserta. Afinal, era você ali!

Passaram-se uns três minutos sem nenhum dos dois falarem nada. E, se você não tivesse falado algo, eu também não teria porque naquele momento todas as palavras sumiram da minha mente, minha boca ficou seca.

Primeiro, foi como num sussurro. E eu perguntei " o quê? ". Então, você falou mais alto dizendo que as estrelas estavam tão lindas que você poderia chorar se olhasse demais. Eu ri, porque não sabia o que dizer. Era assim que você me deixava- confusa e sem palavras. Não falamos mais nada depois disso, porque você se levantou rápido, me puxou junto e apoiou- se em meus ombros o que me assustou. Eu estava nervosa porque era a primeira vez que estávamos tão próximos daquele jeito; você cheirava a álcool.

Foi difícil chegar até sua casa com todo o seu peso em meus ombros, e para completar você tropessava a todo minuto, cheguei a pensar que cairíamos no meio da rua. Pensei também que se você caísse em cima de mim, sua boca bem perto da minha, poderíamos até nos beijar. Seria a cena de filme perfeita e quem sabe, começasse a chover.

Cinco minutos de uma conversa sem sentido, até que finalmente chegamos a porta de sua casa, que concidentemente ficava do lado da minha. Com o braço ainda sobre meus ombros, você se inclinou e beijou- me no canto da boca, como se fizessemos isso sempre e entrou cambaleando em casa. Pude ouvir algo se quebrando lá dentro, mas não me importei, porque meu cérebro estava passando freneticamente o momento que se passou segundos atrás. Pareceu muito para mim, mas para você não significou nada. Pude comprovar isso no dia seguinte, na escola, quando você partiu meu coração pela milésima vez naquele ano.

Fui dormir fantasiando histórias sobre nos dois e fiz isso até pegar no sono.

Um dia no futuro quando toda dor tiver passadoOnde histórias criam vida. Descubra agora